O Toque da Morte - Livro 01 - O Filho do Sol - Parte III - Um Estranho Desaparecimento

O julgamento neste templo funcionava da seguinte maneira: esse deus chamado Osíris usava uma balança para julgar os mortos pelo que fizeram em vida. Se a pena pesasse mais devido aos pecados, a alma era levada ao inferno. Caso contrário, a alma iria ao paraíso.

É um julgamento bem justo, por sinal. No meu caso, a minha alma iria pro inferno devido as vidas que tirei pelo lorde Dominic.

Todos nós passamos por isso pegando a tal pena e assim que a tocamos, sentimos fortes dores por todo o corpo. Achamos que nossos corações fossem explodir.

Assim que a largamos, as dores cessaram como mágica e voltamos ao normal.

Bem que Vareen tentou encontrar algo mágico com seus poderes, mas não teve sucesso algum.

Resolvemos tentar algo mais radical empurrando a balança pra fazê-la bater no chão e quase morri no processo pelas dores lancinantes retornarem ao meu corpo.

Enquanto Caleb e Vareen discutiam como duas crianças birrentas sobre como agir a seguir e eu me recuperava do esforço com a balança, William teve um pouco mais de sorte ao encontrar um cão parecido com o de Nikolai e com a maior tranquilidade do mundo, fez um carinho nele. Em troca, o cão nos levou até quase a entrada do templo.

William nos explicou que esse cão era uma das formas de Anúbis, significando que o deus estava do nosso lado.

Sempre é bom aprender algo importante, mas tudo o que queria naquele momento é sair do templo o mais depressa possível.

E resolver logo essa questão de Harakir uma vez por todas.

Afinal, tenho uma vingança para concluir.

* * *

Assim que passamos por esse teste, voltamos ao templo de Beys onde reencontramos Ishtur. Ali vimos uma cena que revoltou a todos nós, especialmente William.

Ela foi até Moisés e simplesmente cuspiu na cara dele com um desprezo assustador.

O Capitão estava prestes a tomar as dores do garoto, mas Vareen o persuadiu a não fazer isso pra evitar problemas maiores tipo irritar os deuses locais.

Após uma conversa tensa e infrutífera com Ishtur, partimos novamente rumo a uma estátua estranha com cabeça de mulher que os locais o chamam de Esfinge.

Vareen resolveu tatear a Esfinge e nada aconteceu. Um sinal de boa sorte, talvez?

Passamos novamente pelo deserto escaldante onde ali ficamos por um bom tempo discutindo os próximos passos de nossa missão quando vimos uma surpresa nada agradável diante de nós.

O vardo ainda estava lá, mas os vistanis continuavam desaparecidos.

Isso significava uma de duas coisas: ou estavam vagando indefinidamente por este vasto deserto ou Ishtur mandou suas “tropas” de múmias e zumbis para cercar e matar todos os vistanis incluindo Dulcimae.

Seja como for, é hora de acampar.

E pra nós, acampar num deserto era a parte mais difícil da jornada. Tínhamos que conseguir a comida através dos poderes de Vareen e reforçar a parte baixa do acampamento com o objetivo de que nossos equipamentos não afundem no deserto de areias fofas na próxima tempestade que ocorrer.

Essa missão era muito mais difícil do que imaginamos.

E seria muito pior.

* * *

Uma noite estrelada e fria ao extremo. Como o esperado, William estava andando de um lado para outro com uma inquietação fora do comum enquanto Caleb e Vareen se divertiam as minhas custas.

Notei que o nervosismo de William aumentou ainda mais quando um maltrapilho enfaixado parou a poucos metros dele.

O pior não foi isso. Os soldados que guardavam a entrada de Muhar nos olharam com indiferença e nem mesmo se prontificaram em nos ajudar contra aquela criatura de trapos brancos.

Pra nossa surpresa, a múmia havia se retirado e pra piorar ainda mais as coisas, um monstro surgiu por baixo da areia e atacou William acertando uma pernada em seu peito, fazendo-o voar uns 50 metros e cair de todo comprimento.

Caleb tentou atacar o monstro pelas costas, mas também levou uma pernada no peito e quase desmaiou com o impacto da queda.

Já estava com meu rifle engatilhado na tentativa de parar o monstro, mas William foi mais prático. Usou seu teleporte para tentar nos tirar daquela grave situação, levando-nos rumo a entrada de outro templo.

Achamos a princípio que era a tumba de Ankthepot, mas estávamos enganados.

Na verdade, era uma espécie de câmara oculta onde faziam os cultos de Seth.

Isso significava que chegamos a uma conclusão lógica: que Ishtur estava por trás do atentado contra nós.

Agora só queríamos duas coisas dela e faremos de tudo pra conseguir esses objetivos, nem que seja a força:

A primeira delas é conseguir a localização exata da tumba de Ankhtepot.

E a outra é nos contar onde estão Dulcimae e seus companheiros vistanis que estavam no vardo que Vareen encontrou.

As respostas foram bem surpreendentes.

* * *

Lá foi nosso estrategista-mor fazer outro de seus planos ousados. Vareen percebeu que entrar pelos lados seria impossível porque está bloqueada por magia, então resolveu tatear pela parede em busca de uma entrada secreta e pra sorte dele, havia uma espécie de buraco com uma pedra dentro e assim que foi removida, a porta se abriu.

Do lado oposto da câmara, havia uma janela que levava a sala principal onde Ishtur fazia suas rezas para Seth.

O clérigo conseguiu observar o culto e nos contou que Ishtur foi a câmara oculta para açoitar-se dando forças a Set em sua luta contra Rá, o deus-sol, pela supremacia do domínio.

Esperamos Ishtur sair da câmara e a surpreendemos em sua fuga. Queria que contasse o porquê de tentar nos matar.

Ela nos levou até a biblioteca do templo e entregou todas as informações a respeito de Ankhtepot. Boa parte delas já tinha ouvido falar graças aos espiões do lorde Dominic incluindo o incidente dos templos destruídos e pelos sacerdotes assassinados por este lorde local devido a não receber a imortalidade que tanto queria.

Ankhtepot conseguiu seu intento, mas pagou um preço alto por isso em forma de um toque especial que curava as pessoas de dia e as matava de noite. Toda sua família foi morta por este toque que recebeu de Rá por sua impaciência, digamos assim.

Como diz um velho ditado dementliano, a pressa é a inimiga da perfeição.

Nos contou ainda sobre Senmet, o sacerdote que queria conquistar o domínio por seu deus intitulado Set, e que estava perto de atingir seu objetivo graças ao aumento da fé nele.

Devido a isso, ela não poderia mais ajudar o povo devido a sua perda de fé em Rá, o deus-sol.

Só havia uma coisa a fazer e todos concordaram de bom grado.

Era hora de fazer uma visitinha a tumba do Filho do Sol resolver este mistério mesmo tendo que correr o risco de despertá-lo de seu sono eterno.

Ainda temos que trazer a fé de Rá de volta aos seus fiéis e para isso, precisávamos acabar com Senmet de uma vez por todas.

E era bom o sacerdote ter medo, porque Set temia uma grande ameaça.

Nós.

MarioGayer
Enviado por MarioGayer em 22/09/2023
Código do texto: T7891600
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