A Infinita Amizade.

A Infinita Amizade.

Pare!

Todos que adentraram, foram consumidos por forças desconhecidas.

As mesmas te deixam sem palavras, involuntariamente sem vontades, e, morreram sem razão...

Me chamo Osvaldo Rocha Jr., sou arqueólogo, e, vim aqui apresentar-los uma experiência, que, ao longo de minhas aventuras tive o prazer de vivenciar.

O ano era 2023, este mesmo ano não tivera nada de anormal, a não ser pelas pessoas, que, faziam previsões. Apenas alguns místicos estudiosos do zodíaco, os entendidos do tarô, entre outros, contudo, além de ser um simples ano, eu, recebera um envelope sem nada escrito, com exceção de uma insígnia cujo formato chamou-me a atenção. Não fora nada já visto em algum lugar, nada pesquisados em livros notórios, nem mesmo, grafados nas diversas escavações organizadas por mim. Peguei o envelope nas mãos, e, ao levantar-lo um bilhete caiu sobre a escrivaninha, com a seguinte inscrição:

Att: Osvaldo Rocha Jr.

Abri o envelope no intuito de entender, e, comecei a lêr:

Caro, Sr. Osvaldo.

Estou te enviando este envelope com o intuito de ter sua opinião sobre a descoberta em questão, e, se não for pedir muito, gostaria de sua presença no mesmo. Neste envelope, o senhor encontrará um mapa dando a minha localização exata, e, como chegar.

Desde já agradeço.

Ass: Sore.

O bilhete deixou-me pensativo, então, peguei o restante do conteúdo para ver as demais informações contidas. O mapa era um lugar ao Sul, com Latitude, 23°30'36,6", e, Longitude, 46°33'18,4". Sentei-me frente ao Laptop, e, jogando as coordenadas, deparei-me com um lugar onde existia um povo há muito esquecido, hoje denominado Guarulhos/SP, então, pensei:

- Porque não!

Levantei com aquela euforia de uma criança indo de encontro o brinquedo novo, entrei no quarto me direcionando a parte de cima do guarda-roupa em especial, nesta parte do maleiro, colocava minhas ferramentas, e, todo tipo de objeto favorável a excursão, peguei a mala no canto esquerdo, e, comecei a guardar tudo. Se fazia necessário estes apetrechos para a jornada a vir. Próxima parada, Aeroporto Luiz Eduardo Magalhães Neto, chegando no guichê, pedi o próximo avião, que, partia de Salvador às 18 h 30 min da noite.

A viagem foi tranquila com algumas turbulência passageiras, o vôo tinha a duração média de 02 h 20 min sem escala, aproveitando o tempo ocioso abri um diário datado de aproximadamente 1560" escrito pelo Padre Jesuíta Manuel de Paiva, no mesmo, descrevia um povo indígena, os Guarus, mas, nada relacionava, ou, mencionava tal insígnia, dentre as horas de vôo quebrei minha cabeça, e, nada. A Aeromoça avisou a chegada, e, as instruções no decorrer do pouso. Após taxiar fomos descendo devagar, agradeci, segui ao portão de desembarque sem saber se tinha alguém a minha espera, como sou tolo, como poderia, sem ter avisado da minha chegada. Fui em direção a saída buscando um Uber, ou, taxi para levar-me até a origem do envelope, era 20 h 50 min da noite.

- Boa boite.

- Boa.

- Amigo gostaria de ir a este local, seria possível?

- Claro!

O senhor tinha um semblante calmo, sereno, possuía um carro da Volkswagen, um Voyage 1.6, cor Prata, com banco de couro.

- Demora muito? Perguntei.

- Não! Deve dar uns 25 à 35 minutos, como o trânsito esta livre vai ser rápido...

- Ok.

- Posso perguntar qual o motivo da visita.

- Ah! Claro. É uma visita à um velho amigo.

- Sei! Desculpe o tom de voz, é porque não é um lugar tão visitado, e, tem histórias perturbadoras rodeando o determinado local, inclusive tem um pessoal trabalhando por lá, dizem que o chefe da escavação ficou louco.

- Louco?

- Sim! Alguns dizem que ele não está falando coisa com coisa. Parece até que esta possuído...

- Ah! E onde ele está?..

- Foi internado!

- Ta bom! Depois o visito.

O amigo não tinha ideia de que a pessoa a quem vim ver era exatamente o louco.

- Chegamos!

- Grato! Quanto custou?

- R$ 87,00 reais.

- Beleza, fica com o troco. Obrigado.

- Por nada. A escavação fica a seis metros nesta direção.

Acenei para o senhor, e, segui. Caminhei até chegar no local, lá, dirigir-me a uma pessoa aparentemente encarregada da escavação.

- Boa noite.

- Boa noite.

- Gostaria de falar com Sore, onde posso achar-lo?

- O senhor quem é?

- Ah! Desculpe sou Osvaldo.

Ao ouvir meu nome sua fisionomia mudou de desconfiada para alegre.

- Oi seu Osvaldo. Sore, disse que viria só não avisou que dia.

- Foi tudo repentino.

- Repentino foi o que aconteceu! Bom, depois falo sobre, o senhor deve estar exausto da viagem, já é tarde, deve estar querendo um banho e dormir.

- Verdade.

- Ele deixou uma cabana pronta para o senhor, amanhã cedo, conversaremos... Boa noite.

- Boa noite.

Adentrei a cabana, tinha uma mesa ao centro com luminárias em cada ponta, alguns mapas riscados em determinados pontos, o que, mais me chamou a atenção foi um determinado risco onde continha a insígnia, algumas frutas, uma cama feita de lona com algumas espumas e lençóis grossos dizendo o quão frio era a noite. Tomei um banho, sentado numa bacia grande, acomodei minha mala, e, deitei, deixando Morfeu entrar em cena...

Estava raiando os primeiros sinais do sol, eu, já estava debruçado na mesa quando aquele rapaz adentrou.

- Bom dia.

- Dia.

- O senhor já fez o desjejum dormiu bem? Algo faltou?..

- Calma. Fique tranquilo! Esta tudo perfeito. Agora me explique o que exatamente esta acontecendo.

- Ok. Ha duas noites Sr. Sore, e, eu estávamos no setor sul limpando alguns fragmentos achados, catalogando, como de costume, quando uma porção de areia cedeu dando lugar a uma entrada bem adornada, contudo, na mesma, tinha uma pequena inscrição, o conteúdo deixava claro que, não deveríamos abrir. Sr. Sore, ficou horas analisando o hieróglifo, a imagem contida na porta, empurrando da esquerda para direita, e, vice/versa, após várias tentativas sem êxito chamou alguns homens para ajudar, porém, alguns se recusaram, mas, ele estava enceguerado a adentrar. Entre gritos, e, palavrões conseguiu alguns homens a ajudá-lo a abrir, quebraram a pedra descobrindo a entrada, de dentro daquela abertura sentia-se um cheiro convidativo, doce, capaz de inebriar qualquer um que o sentisse. Depois de receber tal vento, Sr. Sore começou a falar coisas sem sentido.

- Como o quê?

- Sol, Lua, Mares, Verde, Castanhos, Norte, Sul, Eternos e Momentos. Todos sem uma ordem exata, mas, sempre as mesmas palavras, sem seguir sentidos...

- Você pode levar-me até o local, mas, antes quero ver o Sr. Sore.

- Ok. Ele esta perto.

Seguimos em direção de um Jipe Renegade, pegamos uma trilha até o asfalto, que, dava acesso ao hospital. Chegando lá, procuramos seu quarto.

- Bom dia.

- Bom dia. Quê desejam?

- Eu sou colega de Sore, e, vim ver-lo como está.

- Ainda esta repetindo as palavras, sem alteração no quadro.

- Posso ver-lo?

- Sim! Assine aqui. Quarto 23, a direita, depois da maquina de café.

- Grato.

Pegamos o corredor, passamos pela maquina de café, e, chegamos ao quarto.

- Sr. Sore. Sou Osvaldo, recebi seu envelope, vindo o mais breve possível. Como esta?

Ele me olhou em silêncio e, falou:

- Você veio.

O encarregado olhou-me descrente, como poderia ele ter saído daquela inércia em que se encontrava.

- Sim, eu vim...

- Cheeegouuu a ir no local?

- Não! Vim aqui primeiro.

- Mande alguém fechar o local, em seguida enterrem.

- Tudo bem! Farei isso.

- Estou falando sério.

- Tudo bem.

Vi que não iria ter nenhum detalhe naquele momento, então, despedir-me prometendo um retorno. Retornando a escavação fui certeiro ao local, estava só, pois, ninguém ousou me acompanhar. Chegando frente a entrada, não era mentira sobre o cheiro, estava escuro, então, peguei uma lanterna e fui invadindo devagar. A cada passo que dava, uma imagem se formava entre as paredes...

A primeira era uma bússola apontando para o Norte, onde versos envolvia a escrita com uma pergunta: Sou Poeta?

Fiquei algumas horas observando tal verso, seu conteúdo, e, o que queria passar. Entendi tal pergunta em seu cogitar. Continuei a adentrar mais tal salão, então, dei de cara com a segunda imagem.

A segunda era outra bússola apontando para o Sul, fazia uma direção a mais dois versos, Punhal da Paixão, e, A Voz do Mar.

Novamente, analisando a imagem pude notar, que, tudo começava com versos em uma linguagem sobre dúvida, amores de outrora, e, títulos escritos por uma mulher, que, amou amar todo esse conhecer em si. Essa mulher exalava um perfume enlouquecedor, além de escriba também detinha o dom da pintura.

Respirei um pouco e continuei a adentrar, pisei em certo artefacto, mirei a luz e percebi que era uma tela pintada de um navio, parecia estar em busca. Seguindo o corredor, uma terceira imagem apareceu:

A terceira imagem era a Lua incidindo sobre a torre, onde uma silhueta levantava suas mãos em pedido.

Sentei numa pedra para melhor ver, pus a lanterna entre a fresta dando origem a imagem, me remeteu a um pedido simples se teor doce, lembrei do aroma, um pedido tão singelo que universo não pode negar. As imagens iam dando forma ao quebra cabeça.

Um pouco mais adiante outra imagem se formou, porém, havia um raio da lua passando por um rasgo no teto.

A quarta imagem tinha um Sol banhando a imensidão do oceano, novos horizontes a descobrir com. a seguinte numeração... 14 h 45 min.

Esta imagem me tirou a razão, por que precisamente essas horas? O que exatamente teve neste tempo? Fiquei perdido sem razão.

O local era bem extenso, entrei em uma pequena sala onde continha um mapa nele um semicírculo cruzava o oceano entre o Sul e o Norte. Na parede atrás da mesa feita de mármore, a quinta imagem recriava um Mar calmo, que, se fazia presente, e pensei:

- Deve ter a haver com este mapa, talvez...

A base que adentrava o local, as imagens clareavam meu pensar...

Após caminhar mais um pouco, a sexta imagem era duas pessoas onde somente a cor dos olhos eram nítidos, numa bússola do lado Sul a cor era castanho, do outro ao Norte era verde. Esses olhos fitando um ao outro, refletia uma amizade sem igual, pareciam ter tanto em comum, mas, quem pode afirmar...

Então, parecia ter chegado ao fim, até perceber uma nova abertura. Nesta abertura, havia um salão enorme, cuja a sétima imagem era de tal tamanho, que, representava a eternidade em momentos únicos, mas, embora com pouco tempo dava para notar sua grandeza, e, por fim ali onde deveria ser silhuetas desta vez estava nítido os rostos.

Do norte, o homem com seus quarentas sois, com uma mão segurava a da mulher, na outra versos escritos com o coração...

Do sul, a mulher, com sua beleza em suas luas vividas, na mão segura pela mãos dele, se deixava ser levada pelas aventuras, na outra, aceitava cada verso composto à seu peito...

Nesse final, eu, já havia perdido a noção entre a fantasia e a realidade, emudecido sem ter como esboçar nenhuma palavra, tendo minhas vontades perdidas como se frente a esse carinho, fosse escravo desse amor, e, sem razão alguma para retornar ao começo, tate-ei feito um ser irracional em busca destes momentos, onde o eterno não era medido pelo tempo, e sim, pelos segundos aproveitados pelos dois corpos...

Quando consegui sair do local, era precisamente 03 h 55 min. alguns homens envolta da entrada duvidavam do meu retorno, ao ver a multidão extasiada, fui caindo no solo, e, levado a minha cabana... Apaguei.

Quando despertei, ao meu lado estavam o encarregado, e, Sore.

- Bom dia.

- Boom diiaaa. Quanto tempo estive apagado?

- Três dias!

Levantei-me fui até a mesa, e, comecei a estuda-los...

- É isso. Esta descoberta tem haver com uma amizade recém formada por almas tão velhas, que, supera as eras, separadas pelo mar, onde o sol aquece as portas frias da lua com seus escritos, uma amizade que prevalecerá ainda por tantos milênios. Por isso a escrita na entrada, somente aqueles que conhecem o poder das palavras escritas é capaz de adentrar tal mundo...

Dito isso, de volta ao Aeroporto, partindo para casa, lembrei de um alguém, que, meus olhos verdes se fundia aos castanhos dela. Quanto a Sr. Sore, que na verdade é Eros, de alguma forma me levou a este lugar, a esta escavação, com o intuito de fortalecer o que de fato já é forte... Meu carinho por ti.

Texto: A Infinita Amizade.

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 08/07/2023 às 12:17

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 08/07/2023
Reeditado em 08/07/2023
Código do texto: T7832029
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