FINAL  DE LINHA



FINAL DE LINHA

Morava só em uma casinha branca, no alto de uma montanha.
A esposa havia partido há muito daquele paraíso, os filhos o abandonaram a própria sorte.
Estava isolado com poucos recursos que a natureza lhe proporcionava além do auxílio mensal de um vizinho distante que fazia as compras básicas do mês.
Pouco se comunicava com outras pessoas, não tinha internet.
A velha TV tomava parte de seu lazer diário.
Floresta imensa ao derredor da propriedade o fazia relembrar de áureos tempos.
Estava parcialmente incapacitado das frágeis pernas, a bengala ajudava-o na lenta locomoção.
Certo dia seus pensamentos se voltaram ao passado de muitas aventuras.
Pescarias, acampamentos junto a bela cascata a poucos kilometros de seu chalé.
Decidiu-se.
Arrumou o mínimo nescessário: barraca,colchonete, lanterna,alguns apetrechos de pesca.
Cuidadosamente arrumou o embornal e partiu rumo a floresta.
Caminhada difícil, caminhos pedregosos, mata espessa.
Exausto avistou a velha e límpida cascata.
Descansou por momentos sob a proteção de Araucárias, montou com dificuldades a barraca.
Bem perto da queda d'água as escarpas profundas, teria que com paciência e determinação chegar ao maravilhoso local.
Na mochila agasalhos,material de pesca, água, carne seca e lanterna.
Com muito custo chegou próximo àquela beleza.
Sentou-se numa pedra junto as corredeiras e ficou extasiado frente a beleza natural que se lhe apresentava.
Após tentou sorte lançando algumas linhas de pesca no rio caudaloso.
O dia ensolarado lhe premiou com belos Acarás, Tilápias, Bagres, Traíras e muitos Lambaris.
Consegui um belo manjar.
Arrumou a pequena fogueira e desfruto das delícias da pescaria.
Como já anoitecia aconchegou-se na barraca perto do fogo armado.
Dormiu profundamente.
Os sonhos o remeteram às incríveis lembranças da juventude.
Descidiu ficar por uns dias naquele local maravilhoso.
De manhãnzinha deslocou-se lentamente rumo a cachoeira.
A sorte não lhe favoreceu.
Ao descer a escarpa escorregou, bateu a cabeça nas poniagudas pedras.
Sérias escoriações.
Agora sem o auxílio da bengala (que deslizara pela escarpa) teve que se arrastar até a barraca.
Com muitas dificuldades obteve êxito.
Passaram-se uns dias e os suprimentos acabaram.
Vida precária.
Ele estava definhando, porém a alegria da aventura deixaram-lhe um sorriso no rosto.
Foi encontrado dias após por caçadores da área.
Estava morto e mantinha o gélido sorriso.
Valera a pena aquela incursão!
Fim de linha, final feliz!

 

Maurélio Machado e imagem Google