A diriarista que furta cuecas

E assim, lá vai ela, pois a pobre mulher acorda as 5:00hs da manhã para labutar e sofrer no incomodo veículo público que é preciso para chegar nesta área nobre de sua cidade. E logo quando chega toma seu café da manhã e bota pra quebrar no seu serviço, lava, passa e arruma e logo lembra da velha cueca furada do seu tal marido e sente que é preciso tomar uma resolução urgente e pensa: vou já levar uma cueca dessa para o meu esposo, o coitado tá com umas tais cuecas velhas e algumas estão até furadas e agora eu darei uma de Robim Wood e farei justiça com as minhas próprias mãos, porque se depender do meu patrão unha de fome, deste jeito a vaca vai até pro brejo, pois este cara é um mão de vaca de primeira grandeza. E nisto a pobre trabalhadora ficou a pensar em sua atitude: eu sei que não é bem certo, mas aqui está chovendo cuecas e o pobre do meu esposo a vestir uma cueca furada e o coitado com essa velha cueca rasgada no seus fundilhos, enquanto o meu padrão coça o seu saco o dia todo e não faz nada na vida.

E portanto, depois de toda essa sua pequena reflexão a diarista começou a separar algumas roupas íntimas para o seu trabalhador esposo que trabalha o dia todo no calor e no frio e sofre mais do que sovaco de aleijado quando está no verão altíssimo em nossa Amazônia. E no decorrer de seu dia, esperou ansiosa pra ir embora para levar a cueca semi_nova para o marido vestir e ainda disse assim: só assim o meu sofredor marido veste a tal cueca de marca da Lupo. E ele vai até ficar chique no último! e irei aproveitar pra levar algumas meias também, porque o Genivaldo está precisando, porque as suas meias estão quase todas furadas e assim a pobre diarista saiu toda feliz com uma sacola de loja de grife, parecendo até uma madame da alta society, porém a realidade é outra e a vida é dura como diria o velho Raul e o Cazuza a dizer: a burguesia fede!

Déboro Melo
Enviado por Déboro Melo em 19/05/2023
Reeditado em 19/05/2023
Código do texto: T7791979
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