O BARCO
O BARCO
NO COMEÇO DOS ANOS NOVENTA, NO MUNÍCIPIO DE CAMETÁ, UM RAPAZ CHAMADO ZACARIAS, GOSTAVA DE FUTEBOL, DE DANÇAR E DE SAIR COM OS AMIGOS. TAMBÉM GOSTAVA DE PAQUERAR.
EM UMA DAS FESTAS RELIGIOSAS DA CIDADE, ELE CONVIDOU SUA NAMORADINHA PARA IR NAMORAR DISTANTE DAS REDONDEZAS DAS CASAS E DA FESTA.
A JOVEM FICOU TODA ANIMADA E FACEIRA. SUBIRAM NA MOTO E FORAM PARA UM LOCAL AFASTADO DO CENTRO URBANO. FORAM À PRAIA CHAMADA ALDEIA, UMA PONTA DE ILHA, RODEADA DE CASAS BONITAS, BARES E MUITAS ÁRVORES.
COMO CHEGAVA PERTO DA MEIA NOITE, PESSOAS JÁ TINHAM IDO EMBORA DO LOCAL. O SILÊNCIO, CADA VEZ MAIS INTENSO, DIMINUIA O BARULHO DAS ÁGUAS, ALIMENTAVA O GRITO DOS GRILOS E O COAXAR DOS SAPOS, ANUNCIANDO QUE A MADRUGADA VINHA CHEGANDO E O LOCAL ESTAVA UM BREU. EM CLIMA DE ROMANCE, FERMENTAVA OS ABRAÇOS E BEIJOS ENTRE O CASAL.
ZACARIAS OBSERVOU QUE, EM MEIO À ESCURIDÃO, VINHA APROXIMANDO À PRAIA, UM BARCO COM ALGUÉM ILUMINADO POR UMA LAMPARINA.
OS DOIS SE ENTREOLHARAM, FICARAM MEIO TÍMIDOS E TODOS ARREPIADOS. VIRAM QUANDO DOIS HOMENS DE BRANCO DESCERAM DO BARCO PARA ANCORÁ-LO.
ZACARIAS E SUA NAMORADINHA SENTIRAM UM MEDO E SAIRAM DEPRESSA DO LOCAL. SUBIRAM NA MOTO E ARRANCARAM. AO OLHAR PARA TRÁS, PARA VER A REAÇÃO DAQUELES HOMENS, NÃO ENXERGARAM MAIS NADA, SOMENTE O RIO CARAPAJÓ AGITADO E O BOTO PULANDO DE REMANSO A REMANSO.
NARRATIVAS DE MARIA DE JESUS.