Nos caminhos para Antônio Prado
Quando os três amigos Rejane, Landro e Valmir Michelon combinaram a viagem para a terra natal do Valmir, Antônio Prado, saíram bem cedo de uma manhã de sábado levando café, biscoito e chimarão. A ideia era parar pelo caminho e apreciar, sem pressa, a Serra Gaúcha e, durante a viagem, o Valmir relatava as belezas que iríamos encontrar pelo caminho, tais como plantações de pêssego, macieiras, parreiras de uvas para a produção de vinho, pastagens verdejantes, flores, araucárias enormes, figueiras centenárias e frondosas, túneis verdes, criação de gado leiteiro, ovelhinhas bicolores, apicultura e muito cheiro de mel e de flores, sem deixar de falar nas casas de estilo italiano antigas e modernas em perfeita harmonia. Os encantos eram tantos que parávamos pelo caminho para contemplação total.
Os animais eram todos bem cuidados e nutridos. Algo muito importante nos chamou atenção: não havia animais soltos na estrada e tampouco no meio das plantações, isso porque as propriedades eram protegidas com cerca elétrica e os animais, já acostumados, não se atreviam na estrada. Achei muito bom. As cercas davam pequenos choquezinhos, nada que fosse machucar os animais, porém, eles respeitavam e não se aproximavam e assim fomos seguindo pelos túneis verdes de mata densa, cheio de pássaros e flores num bucolismo exótico e perfeito. De repente, chegamos frente a uma linda escolinha de madeira de 1959, desativada, Grupo Escolar (como se chamavam as antigas Brizoletas) onde o jornalista Valmir aprendeu as primeiras letras. Que momento! Resistente às intempéries do tempo, lá estava imponente e linda a escola estadual “Antônio Prado” e qualquer pessoa podia aproximar-se desde que cuidasse a cerca elétrica. Sim, a cerca elétrica. Muito comum na região, pois impedia acidentes com animais, conforme relatei acima.
Nós três, curiosos pra saber como a escolinha estava por dentro e seu estado de conservação, fizemos uma verdadeira manobra radical para passar por debaixo da cerca. Eu passei gatinhando, o Landro passou quase rolando e o Valmir, o mais experiente, passou de lado meio de revesgueio. Ufa, Passamos! Já dentro do pátio coberto de folhas secas de plátanos, nossas fotos ficaram perfeitas. Uma verdadeira aula de historia, pois havia ali uma biblioteca com livros empoeirados e, o que mais nos chamou a atenção, foi uma carinhosa homenagem num velho cartaz, feita pelos alunos da época, com os seguintes dizeres: “Parabéns, professora Vânia”. Bateu uma grande curiosidade entre nós para conhecer a professora Vânia.
Seguimos a exploração do lugar e, depois de muitas fotos e registros, nos dirigimos novamente à cerca. Precisávamos passar por ela novamente e repetindo as mesmas manobras e, desta vez, pareceu mais complicado, acho porque ficou íngreme e, ao passar para o outro lado, notamos que vinha se aproximando de nós um trabalhador rural, proprietário das terras do arredor e, já rindo muito, se aproximou de nós e, sem parar de rir, nos disse: "Mas era só levantar o arame". Ali havia uma espécie de gancho num prego fixado num dos moirões. Era só tirar e colocar a cerca no chão. Que falta de jeito da nossa parte! Valeu as muitas risadas que compartilhamos e ainda fizemos um amigo pelo caminho. E, como diz nosso amigo Marcus Morais, professor de historia, compositor e poeta do Grupo nativista Tapado de Paia boa: "O VERDADEIRO XUCRISMO! OOOOH, COISA GAÚCHA!".