Dona Zeferina, a mulher brava e destemida!

E foi assim numa noite de sono tão pesado que o seu velho marido Anastácio, acorda assustado e sem entender nada. Com tanto barulho e gritos estridentes por toda a casa. E Pergunta a sua esposa: o que foi mulher? o que está acontecendo contigo que ocê não consegue dormir? Oh! Homem você não vê que estou matando uma ratazana enorme que entrou aqui no nosso barraco e você só bom a roncar e a peidar e não acorda Zé.

E mais do que rápido o velho se levanta da cama, agora eu mato essa disgrama, traz aqui o meu terçado 128, que eu vou rolar a cabeça desse bicho miserável e imundo. E a velha Zeferina diz assim: agora não adianta veio, se eu fosse depender de ti, esse tal ratão já tinha até entrado no nosso fiofó, e você não ia nem sentir. E o velho injuriado disse: você me respeite mulher, que sou um cabra da peste, caboclo do norte e não tenho medo de nada mulher!

E a velha Zeferina responde na bucha e retruca: vixe Maria, até parece que você é corajoso homim, você já se esqueceu daquele dia que você estava se cagando de medo de pedir a minha mão em casamento do meu pai?

_ Mas mulher, você ainda se lembra disso? Já faz tanto tempo isso! E eu não estava com medo, eu sou estava cauteloso.

_ É Anastácio, ocê estava tão cauteloso, pra não dizer medroso, que eu é que tive que explicar para o meu pai das suas reais intenções comigo, não é verdade homim?

_ Oh! Mulher, isso é apenas um detalhe que não faz diferença nenhuma.

_ Mas pra mim faz toda a diferença do mundo, porque se eu não tivesse dito para o meu o pai o que você realmente queria, eu estava até hoje esperando esse tal bendito casório.

_ Mas Zeferina, tu tem mesmo muita memória de elefante, diacho!

_ Mas tu já devia me conhecer muito bem não é Zé? Tu sabe que eu fui criada com leite de cabra, comendo jaca pela manhã e muita carne seca com farinha e quando cheguei aqui no Amazonas, eu comi e como muito jaraquí frito com baio de dois, maninho.

_ Oh! Mulher eu prefiro o bom e velho pirarucú frito com macaxeira frita e baião de dois e pra finalizar aquele açaí bem empapado maninha.

_ Já entendi seu esfomeado, mas não me interrompe, que eu quero dizer pra você e pra qualquer um que estiver me escutando, que eu sou a Zeferina Ramos de Melo, nascida no estado do Acre, na cidade de Cruzeiro do Sul, na extrema do Peru, filha de Cearense com Paraibana, comedora de bodó, com farinha d'água, daquela bem grossa. Porque eu sou mais eu e o boi não lambe. E já faz tempo que eu já estou morando e vivendo em Manaus, que eu já posso até me considerar uma Manauara Amazonense, tá bom pra ti, jacaré?!

_ Tá bom é da gente dormir minha veia e deixar de conversa molhe, que já está tarde!

_ Infelizmente seu velho bronco, eu tenho que concordar contigo, vamos dormir que a gente ganha mais.

E assim esses dois velhos rabugentos vão se aquietar, depois de tanta conversa fiada sobre isso e aquilo e etc e tal. E haja blá, blá, blá e paciência para aguentar essas duas figuras.

Déboro Melo
Enviado por Déboro Melo em 21/07/2022
Reeditado em 07/10/2022
Código do texto: T7564864
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