ESTRANHA CAMINHADA... (BVIW)

                                     

 

Estava aqui pensando numa caminhada que fiz  certa vez, não por uma estrada de terra batida nem tão pouco asfaltada, mas por uma beira de praia. Não estava só e sim acompanhada. Estranha caminhada... Não havia tranquilidade nem em mim nem em quem me acompanhava , a sensação que eu tinha era de que formávamos um belo par de  estranhos caminhando lado a lado. Sentia as minhas mãos crispadas e um desejo quase incontido de  segurar aquela mão que roçava na minha, mas o dono dela não demonstrava esse mesmo desejo, pelo contrário, era como se pressentisse o meu gesto e o repelisse; pelo  menos era no  que eu acreditava.. Assim caminhávamos: apreensivos e inseguros. Aquele momento  a sós não era nosso, era  roubado, não  pertencíamos um ao outro,   logo, logo ele partiria. E eu o que  faria  depois de sua partida? O esqueceria? Afinal, nem nos conhecíamos!  Nunca nos vimos antes! Mas com certeza depois dessa aventura inconsequente, inesperada, se eu seguir os meus impulsos, me tornarei nômade, me transformarei  num barco  e me jogarei mar afora à deriva, sem bússola e nenhum timoneiro. Partirei em busca de  outros mares. Que venham as tempestades, as  calmarias, os  icebergs. Não quero avistar nenhum farol pra me guiar; se o vento e as correntezas me arrastarem, pouco importa onde vá  bater com os  costados.

 

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 12/07/2022
Reeditado em 12/07/2022
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