A primeira Viagem a gente nunca esquece

Ainda hoje, enquanto escrevo, sinto a mesma agonia que senti naquele dia. Estávamos no aeroporto do Galeão quando lembrei que a mala de viagem que havíamos acabado de despachar levara embora todas as nossas economias para aquela viagem! Uma dor do não saber o quê fazer. Fato ocorrido em 1975. Nossa tão desejada primeira viagem à europa estava agora propícia ao fracasso do desembarque de um casal de pedintes em terras estranhas. Imaginava nós dois, sem essas facilidades de cartão de crédito... Mas, será que eu não tinha esquecido a tal "bolsinha" em casa? Já nos assentos, eu mal percebia as mordomias da primeira classe daquele voo, naquela cia aérea que escolhenos como prêmio da realização de anos de sonhos e desejos (e economias), a LUFTHANSA. Pedro Paulo, meu esposo, onde quer que esteja, em outro plsno, há de se lembrar da minha angústia e inquietação, por todo o tempo daquela tão demorada viagem. Eu não parava de rezar e ele, pensando que era por medo de voar! Mal sabia que eu apelava a todos os santos para que nossa mala estivesse sã e salva. Já maginava aquele montão de malas desconhecidas, naquela tão vagarosa esteira... Que secreto sufoco! É que, no último momento antes de fechar a mala, eu "achava" que pus lá dentro a minha "bolsinha de barriga", onde estavam todos os nossos únicos sete mil dólares, juntados com sacrifício, para aquela viagem dos sonhos sonhados, desde bem antes do nosso casamento. Santo Deus de misericórdia...Valha-me Deus e Nossa Senhora! Enquanto todos dormiam no avião eu, inquieta e em orações! O avião ainda aterrissou em Dakar, acho que de propósito! Chegamos! Todos pegando suas bagagens e nós... Oh, pai, cadê a nossa mala? Finalmente a avistei!!

Lá estava " Ela "! A mais bela e desejada. Fita Verde e Amarela, a nossa mala era aquela!! Pedro Paulo não entendia o porquê daquele meu aumento repentino de energia quando reencontrei a criança. Eu não a largava um só instante. Queria abri-la de imediato. Calma! Disse ele, sem entdnder. Eu passava os dedos pelo fecho ecler para me certificar de que nenhuma outra mão passara por aquele zíper. Estávamos em Munique. E eu queria tanto começar a falar, de fato, o alemão que aprendi na faculdade, mas o pensamento estava travado. Só pensava nela - a mala. Entramos no táxi que nos levou ao hotel já reservado. Enfim sós! Eu, meu marido e ela. Cadê a chave ? Desesperadamente eu queria abri-la e ver toda a nossa Fortuna ali.

U F A! Lá estava a minha bolsinha branca, polpuda, intacta, sobre o nada, que naquele instante importava tudo! Finalmente Pedro Paulo, intrigado, atônito e surpreso, pôde decifrar o enigma que se estendeu sobre mim, o tempo inteiro da viagem. Agora, sim, nossa viagem de lua de mel pela europa iria começar! Wunderbar!

Jandiel

Jandira Leite Titonel

jandiel
Enviado por jandiel em 05/06/2022
Reeditado em 06/01/2024
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