Daqui continuamos

Sedriks olhou para Varvara, do outro lado da mesa. A garota não parecia de modo algum frágil, mas ele não conseguia imaginar porque o tio Adgars colocara tanta responsabilidade sobre ela em tão tenra idade.

- Seu tio não tinha medo do que poderia acontecer a você, se tentasse seguir os passos dele? - Questionou. - Inda mais que você só tinha nove anos quando ele desapareceu...

Varvara meditou sobre as palavras de Sedriks, antes de responder.

- Tio Adgars sempre me falava que as histórias d'"O Mar de Júrmala" não eram simples histórias, e que eu deveria tomar muito cuidado com as situações que Bergmanis havia descrito. E justamente por isso, não iria me pedir que fosse investigar por conta própria, já que não tenho nem a idade nem a experiência dele.

Sedriks lançou um olhar penetrante para a amiga.

- Mas como parece que só você o compreendia, acho que ele contava com essa possibilidade, não é mesmo? Quando chegasse a hora, você iria tentar descobrir o que aconteceu.

Varvara fez um aceno de cabeça.

- Sim. Você tem razão. Eu não podia fazer isso com nove anos de idade... mas agora que estou com 14, tudo muda.

Sedriks ergueu os sobrolhos.

- O que te dá tanta certeza, Varvara?

- Eu sei até onde o meu tio foi, e não pretendo repetir os erros dele - afirmou Varvara categoricamente.

Sedriks apoiou os cotovelos sobre a mesa e inclinou-se em direção de Varvara.

- Como você pode saber até onde ele chegou? - Perguntou suavemente.

Varvara bateu com as mãos no livro aberto diante dela.

- As anotações sob as gravuras! A última indica o que tio Adgars estava investigando quando desapareceu.

Virou o livro para que Sedriks pudesse ver melhor.

- Agora você já sabe o que precisa evitar - avaliou ele.

- Se eu estivesse sozinha, acho que seria o mais prudente - redarguiu ela. - Mas agora, acho que posso contar com você, não é?

Pego de surpresa, Sedriks ficou sem saber o que responder.

- Lembre-se que nós vamos estudar na mesma escola no outono - disse Varvara em tom casual.

Sedriks cobriu o rosto com as mãos e riu.

De nervoso, provavelmente.

- [Continua]

- [28-03-2022]