Enxada da Vida
Entender porque passo por tais momentos não é tão simples assim, pois é maravilhoso de ouvir a teoria mas pegar no cabo da enxada com o sol ardendo e limpar o mato que avança pelo nosso quintal só eu e somente eu e mais ninguém aparece para me ajudar a amenizar esse mal.
Recolher tudo o que não presta depois de dias de trabalho, que na verdade como se fosse um crime onde fui condenado sem ter nada praticado é difícil de entender, porque aqui estou contando nos dedos quando vou morrer e porque não dizer o que dizem por ai que serei livre e dessa vida maluca irei sair. E assim sai dia e começa dia e aqui continuo trabalhando e as vezes olho para atrás e vejo tudo que forçosamente já fiz, choro e não de tristeza mas sim, de raiva por ter sido condenado, descanso porque tenho direito de um copo com água, um pedaço de pão e depois volto para esse serviço pesado onde fui condenado sem dever um tostão. Assim ia comigo conversando com o serviço da vida até que ele me parou por um instante perguntando-me. -Onde estavam as feridas que tanto reclamava naquele serviço pesado do seu dia a dia e ao seu lado onde muitas pessoas, que com o cabo de uma enxada erguer não pode? Depois que ouvi notei as forças dos meus braços, das minhas pernas, os meus olhos que viam o brilho do sol e o cair do anoitecer onde a lua prateada e os meus olhos se encantaram e muitos outros que podem ver mas passam desapercebidos como acontecia comigo. Era uma dádiva Divina que temos mas infelizmente muitos queriam ter essa graça Divina e não puderam ter. Olhei para todos os lados e vi as montanhas onde nasce o sol, o céu azulado e também onde ele descansa, fui notando as primeiras estrelas surgindo, cai de joelhos e a Deus agradeci pelos sentidos que tinha e a paciência que alguém teve em abrir os meus olhos mostrando-me esses detalhes da vida.