A rota campestre
- Você não está com pressa, imagino?
Por trás do vidro do guichê, a vendedora de bilhetes da estação ferroviária central da capital, encarava Sjutsje Ykema com simpatia.
- Demora tanto assim? - Indagou a jovem, preocupada.
- O local mais próximo de Reeddak que você pode chegar de trem, é Fjildlelie; de lá, vai ter que pegar o kombibus com destino a Efterwetter. Eu diria que leva umas duas horas até Fjildlelie, e mais umas três até Reeddak... se não houver nenhum atraso nas fazendas do caminho.
- Fazendas? Pensei que fosse um ônibus de linha...
- E é; nunca andou de kombibus antes?
Sjutsje teve que confessar sua ignorância. Os kombibus eram um meio de transporte do interior, nunca vira um pessoalmente, e nunca se interessara pelo assunto.
- Se vai morar em Reeddak, é bom se acostumar com eles - disse a vendedora pachorrentamente. - São uma mistura de ônibus com caminhão, e além de passageiros, também transportam carga entre cidades e fazendas em Middenflakte.
Sjutsje não gostou de saber que não poderia comprar a passagem ali; teria que fazer isso pessoalmente ao chegar em Fjildlelie.
- Desculpe, mas não há como saber daqui se há ou não vagas. Você vai ter que arriscar - informou a vendedora, carimbando o bilhete ferroviário de segunda classe.
Sjutsje não tinha outra opção, além de aceitar o que lhe era oferecido. Havia trabalho esperando por ela em Reeddak; e, se tudo desse certo, poderia voltar depois e levar a mãe e o irmão caçula, Bintse, para lá.
Pagou o bilhete, e pegando sua velha mala de papelão, dirigiu-se à plataforma da estação de onde partiam os trens com destino à Middenflakte.
* * *
- Mãe, cheguei em Fjildlelie - anunciou triunfante Sjutsje, sentada diante de um castigado telefone público na estação ferroviária da cidade.
- Você já almoçou, filha? - Indagou preocupada Taitske Ykema, que aguardava o filho caçula vir do colégio.
- Não, ainda não - teve que confessar a jovem. - Estava me informando primeiro sobre o tal ônibus que vai para Reeddak... aliás, não é um ônibus; é um kombibus. Ele sai daqui à uma hora, então acho que vou ter tempo de comer alguma coisa antes de embarcar.
- Pois vá comer, filha; e não deixe de me ligar quando chegar em Reeddak e depois que estiver instalada.
- Vai demorar, mas eu ligo sim, mãe; beijos!
- Beijos!
A jovem ergueu-se e apanhando a mala, atravessou a rua diante da linha férrea, onde encontravam-se alguns restaurantes populares e lojinhas de conveniência. Fjildlelie não era uma cidade grande, e os principais meios de transporte locais, como os kombibus, tinham um terminal próprio próximo, construído no mesmo estilo arquitetônico industrial, de tijolos vermelhos, que a estação ferroviária.
Ao entrar num restaurante denominado "De Forel", o qual parecia ser frequentado por passageiros em demanda do interior e respectivos condutores, Sjutsje avistou um homem com o quepe e o macacão cinzento de motorista. Ao passar por ele, ouviu a seguinte pergunta:
- É você quem vai ficar em Reeddak?
- [Continua]
- [22-11-2021]