O Mosquete

O Mosquete

Um homem lutava com seu mosquete já fazia quatro anos. Em uma das batalhas, em um denso bosque, ordenou-se a retirada. Porém, ao correr, derrubou o seu mosquete. Ele tentava desesperadamente o recuperar, mas a fuga de seus companheiros não deixava ele o alcançar. Em meio a puxões e atravancos ele enfim o alcançou. Se abaixou e feliz segurou seu fiel companheiro. Ao se levantar estava cercado pelos soldados inimigos. Todos apontando para ele suas armas. Ele levantou, se ajeitou, colocou seu mosquete no ombro e virou de costas. Devagar foi caminhando indo embora. Os inimigos perplexos começaram a gritar para ele parar, mas não fazia diferença, ele não respondia o idioma inimigo. E assim em meio a gritos, devagar e confiante, sumiu no horizonte. Quando o comandante inimigo chegou ao local perguntou “por que não atiraram nele?”

O primeiro a responder disse que quando o viu, ele estava desarmado e não era justo atirar em alguém sem arma. O segundo disse que estavam em maior número e pensou que ele se entregaria. O terceiro disse que quando ele virou de costas não parecia apresentar perigo e o quarto e último disse que quando ele começou a caminhar, indo devagar embora, achou que era um louco, não seria correto matar alguém louco.

Foi quando o comandante irritadíssimo falou:

-Aquele era o comandante deles! Todos, vão e encontre-o!

Do outro lado do bosque, os soldados que fugiram se reuniram e logo sentiram a falta de seu comandante. Um sentimento de temor tomou conta de suas almas, enchendo-se de coragem e valentia se organizaram e voltaram rapidamente para encontrar seu fiel comandante.

Foi assim que uma tropa encontrou a outra, frente a frente, ambas com sede de sangue. E o comandante bem no meio do encontro. Ao ver isso, os soldados inimigos pararam de avançar, pois viram que estavam em desvantagem devido ao local desfavorável, ou seja, mesmo se matassem o comandante, naquele momento, o avanço da outra tropa os destrocariam. Do outro lado, os soldados esperavam apenas o comandante estar seguro para avançar. Foi quando , vendo isso, o comandante parou, voltando-se para o exército inimigo. Ele levantou o seu mosquete e apontando para o inimigo gritou: Avançar!

Assim se fez. A batalha foi feroz e cruel. Não sobrou nenhuma alma viva no exército inimigo. Pois, mesmo quando tudo parece um grande erro, se sabemos o valor de quem está no comando, agiremos fazendo a sua vontade, pois essa era a ideia dele desde o início da batalha, ordenou a retirada mas permaneceu ali, pareceu perder o mosquete mas na verdade o soltou. Assim venceremos.