Crônicas de Garesis - Amor no fronte.
Depois de séculos que os últimos dragões tomaram pra si as armas forjadas, uma batalha sem igual explodiu por toda Garesis ficando conhecida como a Grande Guerra da Forja.
Os líderes convocaram seus exércitos contra os famigerados dragões que desejavam a morte de todas as demais raças inferiores, é preciso dizer que estas criaturas possuíam poder, força e magia muito além de qualquer humano, elfo, anão, orc, ou outros e que sob suas ordens haviam hordas de outras criaturas tão temíveis quanto eles próprios e mais numerosos.
A batalha havia sido concentrada a nordeste de Arcádia, próximo da fronteira com Nortix. No topo de uma grande colina os acampamentos haviam sido preparados, tendas e bandeiras de todas as nações se uniam num esforço conjunto para garantir sua liberdade, ao sul deste acampamento se destacava um conjunto de tendas e e bandeiras azuis e brancas, os humanos contavam com quase cinco mil lanças a seu comando mas sabiam que eram poucos ainda assim.
No centro do acampamento, uma grande tenda circular fora montada e ali se reuniram os principais líderes das raças discutindo o curso da ofensiva.
-- Nossos números não são nada! - berrou um anão de barba branca que usava uma armadura completa com pedras encrustadas, dando um soco no tampo de uma mesa circular. - As primeiras defesas de Nortix caíram, mal pudemos ver de onde vinha o golpe, foi um erro achar que podíamos com eles.
-- O erro, Halkor, foi acreditarmos que vocês poderiam detê-los em suas montanhas. - Disse Um orc cinzento com sua voz que mais era um rosnado, cabelos negros em tranças enormes, grandes presas e vestindo pele de urso, era um colosso perto do anão. - Era muito esperar que vocês os detivessem, essa missão devia ter sido dada ao meu povo, que nasceu para batalha.
Na extremidade da mesa, observando paciente a discussão estava Edmund, o rei dos homens, usava uma armadura dourada coberta por um manto azul, a pele negra já havia marcas de idade, os cabelos grisalhos presos por anéis dourados caiam com um único rabo de cavalo desde o topo da cabeça, a barba rala cobria o o maxilar inferior dando ao rei uma expressão de sabedoria e contemplação, ao seu lado, usando da mesma paciência estava seu filho Mezel, que embora não compartilhassem do mesmo sangue ou aparência fora criado para ser seu sucessor por direito.
-- Ainda posso dar cabo de cem dos seus soldados. - exclamava o anão exaltado brandindo seu martelo de guerra contra o rei orc.
-- Senhores. - disse Edmund com toda calma. - toda discussão sem sentido é uma perda de centenas vidas de todas as raças as quais representamos. Rei Halkor, Tenho motivos para acreditar que podemos sim enfrentar os dragões e ainda sair vitoriosos e Gort, os anões perderam mais que seus homens, perderam seus salões onde agora os inimigos se concentram, foi ofensivo insinuar que não fizeram o suficiente.
Os dois se silenciaram e depois sentaram, depois de uma pausa foi um elfo quem falou:
-- Meus batedores viram um assentamento em meio a floresta do esquecimento, perto do rio Telerin. - disse ele abatido - Qualquer criatura que entre na floresta e permaneça sem enlouquecer é de se preocupar, acreditamos que eles estão construindo algo, precisamos agir rápido.
-- Sim Telrand. - falou Edmund pondo-se de pé. - Algo realmente está sendo arquitetado, pontos específicos estão sendo invadidos e conquistados, se olharem aqui. - disse indicando um enorme mapa de Garesis sobre a mesa.
-- O que podem ser? - indagou uma orc fêmea ao lado de Gort.
-- Temos uma teoria, mas não sou a pessoa mais indicada a responder essa pergunta rainha, por isso trouxe uma pessoa que pode nos ajudar. - disse o rei Edmundo fazendo um sinal ao guarda na entrada da tenda. O guarda sai e poucos minutos depois retorna com duas figuras encapuzadas numa capa de veludo preto, com seus rostos encobertos. - Pedi auxílio para a ordem do olho místico.
-- Magos? - Exclamou o anão. - Estamos falando de guerra contra os malditos dragões e você traz magos Rei Edmund? O que fizeram eles quando a forja foi tomada? Nada! Essa corja tem ligações com eles, aprenderam com eles, obtiveram favores e conhecimentos enquanto nossos antepassados morriam.
-- Está duas vezes enganado, rei anão. - disse uma das figuras com voz feminina. - estávamos lá no dia em que os primeiros reis foram mortos, estávamos lá quando foram traídos e muito se engana, nossos poderes veem de uma fonte mais primitiva e pura que os dragões.
-- Senhores esta é Segna, a grã-mestra da ordem dos magos. - apresentou-lhes o rei de Arcádia. - acreditamos que ela tenha a resposta para os movimentos inimigos.
A grã mestra tirou o capuz revelando um rosto jovem e belo, os cabelos presos numa única e volumosa trança dourada, os olhos verdes e expressivos, o rosto era corado e sadio, com algumas sardas entre os olhos e o nariz, suas vestes era rubras, ombreiras e um corpete de couro amarrado com tiras, um saiote ornamentado com argolas de metal sobrepostas, calças de couro pretas justas ao corpo e botas de pele, trazia na mão um cajado longo feito de osso polido e no topo um orbe dourado sustentado por quatro alças também douradas.
A outra figura também se descobriu, este era também um jovem, olhos castanhos, cabelos cor de mel, quase avermelhados, usava uma túnica de mago que descia até os pés na cor roxa com bordados em prata, uma larga faixa cobria sua cintura reforçado por duas cintas e nelas uma algibeira com diversos compartimentos.
-- Segna por favor nos explique o que são esses pontos onde as forças inimigas se concentram. - pediu o rei dos homens enquanto servia vinho aos convidados.
-- Como queira majestade. - começou ela. - temos certeza de que se trata de um portal para o Aether.
-- Estão fujindo? - interrompeu Halkor, durrubando vinho na barba.
-- Não mestre anão, estão trazendo mais dragões, cada ponto deste é um marco energético, é onde Garesis flui melhor sua magia, são como uma mina de agua que ainda não foi transformada em poço. - explicou Segna com seriedade. - eles vão concentrar três canalizadores e direcioná-los para um ponto específico, ali será o portal de onde mais dragões vão sair.
-- Então basta atacar os canalizadores para impedir os planos deles. - concluiu o elfo.
-- Não é tão simples Telrand. - disse a maga. - cada um deles estrá sendo protegido por um dragão, os três mais antigos e fortes. Já sabemos que Kasir está na floresta do esquecimentoem Lestus, Esmir guarda o canal em Southern, no oasis de Dragfar e Sufur está no topo da montanha em Nortix.
-- Se aqui ficam os canalizadores, para onde apontam? onde será o portal? - quis saber o rei orc.
-- Nos céus de Arcádia. - Respondeu Edmund em tom grave e preocupado. - estão mirando no centro de Garesis.
-- Sim, majestades não temos muito tempo, o plano será atacar os pontos individualmente e assim, se pelo menos um de nós conseguir destruir um dos canalizadores podemos frustrar seus planos.- concluiu Segna.
--Senhores. - começou Edmund pondo-se de pé. - Nossos ancestrais se uniram quando criaram a forja, chegou a vez de nos unirmos também honrando suas memórias, vamos atacar simultaneamente nos três pontos.
-- Como acha que seremos capazes disso? - Resmungou o anão. - Da primeira vez ja perdi muitos guerreiros.
-- Cada grupo terá cinquenta dos meus magos mais experientes, não temos poder para matar os dragões sem a forja, mas podemos segurá-los por muito tempo, o suficiente para vocês localizarem os canalizadores.
-- Ficaremos assim: - falou Edmund, indicando o mapa. - Os anões tentarão reaver seu lar, seus recursos são vitais para nossa sobrevivência.
-- Nós vamos também. - decretou Gort, o rei orc.
-- Ótimo, um destacamento vai comigo para a floresta onde está Kasir, acredito que me fará compania Telrand.
-- Sim rei Edmund, juntaremos forças mais uma vez. - disse o elfo fazendo breve reverência.
-- Meu filho Mezel irá com Segna para Southern com meu segundo destacamento. - concluiu o rei dos humanos.
-- Lamento majestade. - começou A grã-Mestra. - Não irei para Southern, pretendo levar alguns magos e viajar até vosso palácio afim de segurar o portal e o que passar por ele, meu filho Magnus fará companhia a Mezel, ele é perito em dragões. - disse ela apontando para a figura que a acompanhava.
-- Vou confiar na sua sabedoria nesta decisão Segna. Que assim seja feito, partam o quanto antes.
Quando todos os reis partiram ficando apenas Edmund, seu filho e os dois magos o senhor de Arcádia deu suas últimas ordens:
-- Mezel, leve Magnus para a sala de armas e lhe dê algo bom.
-- Sim pai. - concordou o jovem.
Edmund segurou o filho pelos ombros, olhou em seus olhos e disse:
-- Volte para casa vivo!
-- Voltarei pai
Magnus olhou para mãe, os dois fizeram um leve meneio com a cabeça antes que ele fosse conduzido pelo príncipe. depois, estando apenas o rei e a maga ela lhe interpela.
-- Majestade tenho um pedido vital a fazer.
-- Se estiver ao meu alcance Segna.
-- Preciso que garanta a vida de meu filho, ele é fundamental para o sucesso da missão.
-- Do que está falando, o que ainda não me disse? - indagou o rei.
-- Meu senhor, há muito tempo nossos videntes pararam de ter visões do futuro, apenas uma cortina negra restou de suas clarividências, isso foi logo depois da queda do primeiro reinado.
-- Diga de uma vez! - ordenou ele aflito.
-- procurei pelos elementais para entender o porque de estarmos as cegas, com anos de busca encontrei o elemental do éter, aquele que tem poder da vida e da morte, do tempo e da suspensão e dele veio a pior notícia: Meus magos não tinham mais visão porque não havia mais futuro e tudo estáculminado a este momento, se os dragões retornarem em número será o fim de todas as outras raças e de Garesis, com a morte de nossa terra tudo que vier depois será aquilo que temos de pior, ira, inveja, ódio e cobiça, será um caos.
Edmund parecia refletir, então um brilho de esperança surgiu em seu olhar cansado.
-- Acredito que tenhamos uma chance, do contrário não estaria me dizendo isso.
-- De fato Milorde, a esperança é que meu filho sobreviva a estav investida.
-- Segna está dizendo que seu filho é a salvação de nosso mundo? - questinou o rei com tom de absurdo.
-- Não meu rei. - negou ela calmamente. - Será aquele que virá depois dele.
Continua