Crônicas de Garesis - Na Masmorra II
Depois de recolherem tudo que podiam do que restou das casas orquesas, mestre Garvin e seu aprendiz Vetus colocaram os itens em sacolas presas aos cavalos, a neve ainda caia levemente, decidiram então fazer ali uma refeição antes de adentrarem no palacio em busca de itens mais valiosos.
Em uma das casas, a de melhor estado de conservação, pegaram o que puderam de madeira seca e acenderam ali mesmo no assoalho uma fogueira, Garvin implovisou um suporte e em um espeto colocou duas pequenas codornas que pegaram no dia anterior, além disso, o mestre juntou um pouco de neve que julgou mais limpa e em uma chaleira a ferveu para depois colocar nos dois odres. Após a refeição pegaram o que seria util e se colocaram de fronte a porta de entrada do palacio.
-- Vetus faça a primeira verificação. - ordenou o mestre e assim o garoto fez.
Vetus se lançou ao chão espalhando para os lados a neve que cobria até chegar no piso de pedras, fez isso nas duas extremidades em frente ao portão, depois que as pedras estavam expostas bateu com cuidado em cada uma delas, pelo menos as mais proximas, até se levantar, pegar a bússola e apontar para o portão de ferro preto, depois de alguns minutos voltou-se para o mestre dizendo.
-- Sem armadilha de aproximação, sem fundo falso e sem magia impregnada na porta mestre. - disse ele satisfeito com seu trabalho.
-- Agora tente o obvio.
Vetus guardou a bússola e retiruou de um dos bolsos um conjunto de gazuas e após alguns instantes na fechadura pode-se ouvir um "clic", o jovem se abaixou e empurrou o portão duplo que se abriu sem dificuldades, assim que aberto, uma enorme bola com espetos de ferro preso numa corrente desceu num movimento de pêndulo passando por um triz da cabeça do jovem que ja estava abaixado. Garvin esperou que a bola parasse até avançar, antes de entrar ele lançou um olhar que dizia: "Bom trabalho garoto" e ali acendeu uma tocha para aliviar a escuridão.
A arquitetura orquesa não incluía janelas, já que para eles toda construção pode ser um refúgio em potencial de qualquer ataque, desta forma a escuridão do palacio era totalmente lógica. Quando entraram a primeira coisa que viram foi um grande saguão de frente para os portões, na direita e na esquerda escadas em caracóis subiam para o pátio acima e desciam para as masmorras, mas apenas a da direita podia ser acessada, já que a outra estava coberta por escombros.
O saguão era composto por um piso de mármore negro, em alguns pontos dava para ver que era polido, em outros, a sujeira e a destruição predominavam, dos dois lados colunas sustentavam o teto acima, no centro do salão um espelho d'água que há muito estava seco, logo depois estava o trono, uma cadeira feita de peles, enormes presas e chifres de diversos tamanhos. Ali Garvin procurou calmamente por alguma coisa que valesse a pena a viagem, decepcionados iniciaram a descida as masmorras, pretendiam depois subir ao pátio, mas dificilmente encontrariam algo.
Depois de alguns lances eles chegaram no final, ali o ar era úmido e frio, as paredes estavam escorregadias e cheias de musgo, ao término da escada deram de frente a uma porta de madeira ladeada com ferro, com uma fechadura e uma argola, depois das verificações de armadilhas e magia, aprendiz e mestre ficaram surpresos por ela não estar trancada, aberta, revelou-se um corredor com duas portas de cada lado, somando assim quatro salas e uma no final, dupla e pela aparência de pedra sólida.
Acima de suas cabeças havia uma canaleta de ambos os lados, Garvin pegou sua tocha e a ergueu na altura delas, assim que as chamas tocaram a canaleta uma faísca se acendeu percorrendo e iluminando todo o corredor, para seu espanto as chamas revelaram mais do que o corredor, havia um orc, parado na frente dos dois...
Continua.