Crônicas de Garesis - Na Masmorra.
Quinhentos anos se passaram desde a queda do primeiro reinado livre, toda a terra de Garesis começava a salpicar de cidades e vilas, as capitais se formavam assim como alianças e disputas, há muito tempo não se tinha notícias dos dragões remanescentes, mas antes do possível sumiço, muitos rastros de destruição foram deixados restando apenas escombros como resultado de sua ira.
Fazia frio, o vento soprava com força lançando pequenas porções de neve em dois viajantes. Mestre e aprendiz se encolhem nas capas acolchoadas enquanto tentam manter um ritmo suave nos cavalos.
Não se podia ver muito além da estrada, o céu estava encoberto de não havia sinal de sol, embora tinham a certeza que já se passava das três da tarde. O jovem olha para o mestre que parecia despreocupado, diria até distraído e então resolve quebrar o longo silêncio:
-- Ainda estamos distantes mestre? - disse entediado.
-- Paciência Vetus, devemos chegar a qualquer momento.- respondeu Garvin calmamente.
-- O senhor disse que é uma das cidades desoladas pelos dragões, o que pode ter restado de importante? - quis saber, mais para manter uma conversa.
-- Nosso contratante afirma que ainda pode haver preciosidades lá, tão escondida que nem os dragões puderam encontrar, por isso destruíram tudo.
-- Quem seria capaz de esconder algo dos dragões? É quase impossível ouvi dizer.- indagou o jovem.
-- Os rumores dizem que os ítens foram protegidos por outros dragões. - disse Garvin seriamente, ainda prestando atenção a estrada. - Como eu já tinha lhe dito, é importante saber e conhecer a história, assim saberá o quê e onde procurar, e disse também que os dragões haviam se divido entre os a favor de nossas raças e os acreditavam que não éramos dignos de viver, então é possível que o que estamos procurando foi protegido por um daqueles que eram a favor.
Vetus fez como seu mestre havia lhe ensinado, silenciou-se a fim de absorver este conhecimento, divagou sobre a história da criação e como a paz era algo tão frágil de se ter.
Depois de alguns minutos, ou horas, depois de sete dias de viagem Garvin finalmente anunciou:
-- Chegamos!
Vetus olhou para a estrada que descia em meio de pinheiros até avistar próximo algo que um dia já fora uma cidade.
-- Xarargo, a última cidade dos orcs em Arcádia. - apontou o mestre.
-- Orcs já habitaram Arcádia? - Indagou o garoto.
-- Sim, foi a muito tempo, antes de partirem de vez para Oesteros.
De longe puderam ter noção do tamanho e Imponência de Xarargo, com uma muralha sólida, com exceção de um único ponto a oeste com sinais de destruição, das casas só sobraram poucos alicerces e os telhados de palha, muitos no chão, a cidade ficava numa grande clareira de floresta de pinheiros, ao sul passava um rio que terminava em um lago antes de ramificar em outros veios, as casas haviam sido organizada em torno da muralha e ao norte, centralizado havia a única construção que parecia intacta, um palácio de pedras com duas torres retangulares que terminavam em um pátio no topo.
Quando se aproximaram tiveram noção do estrago feito no muro, como se uma titânica bola de canhão tivesse a atingido. A vegetação cobria quase tudo com trepadeiras que escalaram as ruínas espalhando suas raízes.
-- Fique atento Vetus, precisamos estar de olho em possíveis armadilhas, os orcs são ótimos nisso. - Alertou o Mestre. - Vamos prender os cavalos aqui e começar a busca aqui fora antes de entrar no palácio.
O jovem prendeu seu cavalo cinzento em um pilar de sustentação, mexeu na bolsa presa em sua sela e de lá retirou alguns instrumentos, um óculos de bronze com diversas lentes, um conjunto de gázuas, alicate e uma bússola diferente com dois ponteiros, um ponteiro de prata e outro de ferro que reagiam com o uso de magia, pegou também duas maçãs comendo uma e dando a outra para o cavalo.
Começaram a vasculhar entre os escombros da antiga cidade, vez ou outra tendo que erguer uma viga caída, cortando uma trepadeira, algumas casas estavam quase intactas conservando alguma mobília, lareira e outros. Haviam também o caso de várias residências estarem totalmente queimadas sobrando pouco além de fuligem e madeira queimada.
As casas orquesas eram um tanto diferentes das demais, tinham um padrão rústico de madeira, majoritariamente de figueira-brava e segmentos grandes unidos por uma massa de areia argila, haviam muitos chifres, crânios e outras coisas mórbidas penduradas acima das soleiras, apenas algumas peças de prata e ouro puderam ser resgatadas.
Continua......