CHARLOTTE
Havia, no interior da França, uma pequena cidade chamada Fleuve. Nesse pequeno vilarejo a realidade era bem diferente do luxo da capital, Paris. Ali, todos eram camponeses pobres. O município enfrentava sempre secas. Para conseguir água era necessário andar quilômetros à cidade mais próxima. Os moradores sofriam de exaustão. A indignação, em Fleuve, contra o governo aumentava, ano após ano, visto que, em certas partes do país, havia tanta extravagância e, em outras, tanta miséria. Charlotte, uma moça de tinta e poucos anos, viúva, com dois filhos, estava indignada e prometeu aos moradores que ia achar uma solução para esse problema.
Ela decidiu começar a cavar até achar água; tinha certeza de que ali havia água. Na base do ódio, Charlotte cavando e cavando. Passou semanas trabalhando sozinha. Durante o dia, cuidava dos filhos e, no decorrer da madrugada, ia cavando.
Essa situação a estava deixando, extremamente, cansada. Charlotte estava prestes a desistir, mas uma voz dizia-lhe não parar, que ali havia água. Era difícil identificar de onde vinha aquela voz, parecia vir do além. E vinha mesmo, era seu finado marido a incentivando continuar. Frente ao fato, decidiu continuar a cavar. Não mais se sentia só; a partir dali, tinha a voz de seu marido a motivando. Situação que lhe trazia forças para continuar a cavar; no entanto, nostalgia ao seu coração.
Depois de quase um ano, Charlotte finalmente achou água. Feliz, gritou pelas ruas do vilarejo a grande novidade. O melhor de tudo era que a água estava limpa. Toda a população de Fleuve foi buscar água, o que despertou a atenção de pessoas de fora da cidade.
Um grupo de ricaços parisienses queria comprar a área, onde a água foi achada. Os moradores de Fleuve opuseram-se à proposta, imaginaram que eles iam destruir o espaço que salvou a população da pequena cidade. Os ricos continuavam a pressionar a população, que, por sua vez, continuava a recusar a oferta. Com o decorrer do tempo, os ricos aumentaram o tom e as ameaças contra o povo que defendia sua terra, agindo com violência. A população de Fleuve organizou protestos, e os ricaços reagiram com uma truculência ainda maior. Charlotte, ao ver que o clima estava tenso e poderia terminar em tragédia, decidiu intervir. Fez um longo, lindo e inspirador discurso em defesa do meio ambiente e do livre acesso da população à água, postura que a fez ser mais amada pelos seus vizinhos e mais odiada pelos parisienses, que fizeram um plano ambicioso para matá-la, e, infelizmente, conseguiram.
Esta trágica história rondou toda a França, a ponto de chegar ao presidente do país, que decidiu proibir qualquer obra no local.
Hoje, esta cidade é conhecida como Nice, e, após um ano da morte de Charlotte, foi colocada na praça principal, uma estátua em sua homenagem. Seu legado, no ativismo ambiental, será sempre reconhecido por toda França.