O BETO E A RADIOLA

A SAGA DA FAMÍLIA NOBRE II

EPISÓDIO 29

O BETO E A RADIOLA

No ano de 1976, eu morava no bairro Cidade 2000, Fortaleza e passei a participar do Grupo de Jovem da Igreja Católica e por ser o mais velho do grupo, fui escolhido para ser o Coordenador.

Todos os sábados o grupo se reunia no período da tarde no Colégio Rogério Fróes, localizado no citado bairro, onde acontecia as reuniões e debates.

Nos finais de semana , após a reunião era de costumes os participantes do grupo se reunir na casa de um dos participantes para a tradicional tertúlia a maioria das vezes era na casa de meus pais.

Na época, final dos ano 70, a moda era Jovem Guarda e e Músicas Internacionais lentas, apropriada para dançar coladinho na ocasião festa (Tertúlia).

Nessa época eu já trabalhava e a maioria dos participantes eram estudantes.

Com essa condição comprei na loja Roncy uma Radiola portátil de cor vermelha, que utilizava seis pilhas grandes, bem como uma Caixa Amplison.

Todas as vezes que tinha Tertúlia, eu levava a Radiola e a caixa de som, enquanto que o HÉLIO levava o jogo de luz ,que ele mesmo montou.

Na época era um sucesso, poucas pessoas tinha um equipamento igual ao nosso e até festa no colégio o HÉLIO era chamado com seu jogo de luz.

Os colegas do grupo me chamava de BETO e poucos dias que eu estava de posse da Radiola, WAGNER, me chamou para fazer uma Serenata na casa da CASSIA, uma das participantes do grupo, indo também meu irmão RAYnBRITO e outros que não recordo, face ao lapso de tempo.

Quando chegamos na rua da casa dela, ou seja na Alameda Bergonhias, isto no Sábado de madrugada, sentamos na calçada, abri a Radiola, coloquei o disco de vinil para tocar.

Ainda hoje lembro da música " Flying " sucesso da época gravada pelo conjunto Os Pholhas.

Quando a música tocava, ouvimos barulho de pisadas oriundo do interior da casa, como se fosse as pessoas acordando, porém, inesperadamente, um senhor abriu a janela e jogou em nossa direção uma bacia com água, dizendo ele aos gritos : "Vocês não tem o que fazer não meninos, vão embora".

Com medo pegamos a Radiola e saímos correndo e quando distanciamos da casa, o medo transformou-se em risadas e em seguida fomos para nossas casas.

Somente no dia seguinte foi que tomamos conhecimento que fizemos a Serenata na casa errada.

Na semana seguinte no dia de sábado, fizemos uma Tertúlia na casa de uma das participantes do grupo, tendo o HÉLIO armado o jogo de luz, enquanto eu levei a Radiola.

Eu me produzi todo, botei uma calça róseo boca de sino, sapatos social envernizado, estava parecido com o Charlie Brown.

A sala de dança estava bem arrumada as meninas do grupo fizeram a decoração, levaram também bolos, refrigerantes, para ser servidos aos participantes da festa, não havia bebidas alcoólicas, porque a maioria dos jovens eram adolescentes.

Nesse dia haviam umas meninas desconhecidas convidadas, porém, quando tocou a segunda música lenta, eu chamei uma delas pra dançar, contudo, ela rejeitou o convite, dizendo que não estava afim de dançar.

Confesso que a minha timidez, me deixava descontrolado no momento desse e envergonhado do "fora" a sala cheia , todos dançando agarradinho, jogo de luz dando brilho ao ambiente, eu fui devagarinho, desliguei a Radiola, peguei a caixa de som coloquei no ombro e acabei a Tertúlia.

Sai apressadamente do local e os amigos do grupo gritando, " volta BETO", e eu inconformado como estava, pra não dizer "puto" nem se quer olhei pra trás.

Moral da História:

Geralmente, uma pessoa tímida não conversa porque não sabe por onde começar. Contudo, elas esperam ansiosamente por qualquer tipo de abertura.

Isso não aconteceu comigo, a jovem moça, foi logo dando o "fora"

E como realmente na época a timidez me atrapalhava, agi daquela maneira.

Para pessoas tímidas, a expressão “a primeira impressão é a que fica” tem muito peso, pois existe apenas uma chance de impressionar as pessoas que estão no ambiente.

Além disso, você se sente mais culpado do que o normal quando a primeira aparição não acontece da forma que gostaria.

Uma pessoa ser tímida não significa que ela não tenha absolutamente nada a dizer, mas sim que elas têm medo de serem julgadas. Então, acabam preferindo recorrer ao silêncio em vez de dizer algo estúpido.

Foi o que eu fiz...

Dedico esse CONTO a todos os amigos e amigas que participaram do nosso Grupo de Jovem Lecrisco.

CONTO de Edilberto Nobre baseado em fatos reais.

30.04.2021, revisado..