Minha passagem por Osório, Guri bom de Bola
Se não me engano, o projeto Guri bom de Bola iniciou em 1977. Nesta época ainda residiamos em Osório, no litoral do RS, perto de Tramandaí. Neste ano eu estudava no colégio Estadual Conego Pedro Jabob na quarta série do ensino primário. Ficamos sabendo que haveria a realização de um projeto no campo de futebol da escola Rural na cidade, onde todas as escolas, municipais e estaduais participariam de uma disputa em diversas categorias de esportes. Corrida, salto em distância, salto em altura, mini maratona e simultaneamente um concurso de Pipas e ao mesmo tempo, a primeira edição do projeto Guri Bom de Bola, onde seriam disputadas de forma individual, habilidades da gurizada no dominio e na condução de uma bola de futebol, com drible, chute ao gol na qual a goleira tinha divisões com pontuações direntes. Uma bola no centro valia um ponto, nas laterais baixas,dois pontos, altas, três pontos, no canto superior esquerdo e direito, dez pontos e assim sucessivamente. A escola designou uns 10 alunos e fez uma triagem para ver onde cada um poderia representar melhor a instituição. Eu fiquei na representação do salto em distância, corridas curtas de 100 metros e na confecção de uma pandorga e me inscrevi também para participar do crivo do Guri bom de bola. Para a confecção, para a temática da pandorga, foi definido que seria com as cores da bandeira do Brasil. Eu e meu irmão mais velho, construímos uma pandorga de aproximadamente 1 metro de comprimento por cinquenta centimetros de largura, uma retângulo perfeito. Para soltar esta pipa, fomos até a cooperativa da cidade e conversamos com um amigo de nosso pai que trabalhava lá e solicitamos um pouco de cordão para soltar a pandorga e explicamos que seria para representar a escola. O cidadão foi tão generoso que nos deu um rolo de cordão de costurar sacos de arroz com aproximadamente uns 300 metros de comprimento. Vendemos algumas minhocas para os pescadores locais e arrumamos recursos para comprar papel de seda com as cores da bandeira, verde, amarelo e azul e reproduzimos a bandeira no corpo da pandorga. A disputa nos esportes foi realizada em um sábado pela manhã e no inicio da tarde, foi realizada a disputa com a bola e no final da tarde, a disputa de soltar as pandorgas. Bem cedo, a professora de educação física reuniu a gurizada na escola e fomos a pé até o campo da rural para participar. Eu fiquei em segundo lugar na disputa de saldo em distância, e nem lembro a posição que fiquei na corrida curta, cem metros. Fizemos um pequeno convescote ao meio dia com os alunos, pois cada um levou uma merenda para ser dividada entre todos. No início da tarde, começou a disputa com bolas, do projeto Guri bom de Bola. Foi um fiasco, pois acredito ter ficado quase em último lugar e não me classifiquei sequer para outras etapas que seriam concluidas em outros sábados. Mas na disputa com as pandorgas, eu e meu Irmão mais velhos fizemos a diferença. Como o campo da escola Rural fica no sopé do morro, sempre venta muito no local e quando colocamos a pandorga para subir, foi rápido. O cordão que o amigo de nosso pai nos deu era muito forte, e soltamos quase toda a linha, uns 250 metros de altura. Os fiscais do evento anotavam tudo, deste de que a pandorga saia do solo, quanto tempo ficava no ar, a temática usada e o recolhimento da mesma até o solo. Conseguimos cumprir todas as etapas e ficamos em primeiro lugar na disputa e recebemos um certificado com nossos nomes e um certificado com o nome da escola. Quando chegamos na escola na segunda feira, a diretora e a professora de educação física, reuniram todos os alunos na cancha de esportes e eu e meu irmão recebemos cada qual uma medalha de onra ao mérito por ter representado a Escola e ter recebido os certificados com o nome da mesma, o qual foi dependurado em um canto da sala de educaçãoo física, onde ficavam os troféus e certificados que a escola ganhava. Foi fantástico esta homenagem. Ficamos conhecidos por todas as turmas da escola e fizemos ainda mais amigos. Ainda tenho muitas saudades da escola Conego Pedro Jabob e dos amigos que deixamos para trás quando retornamos a Canoas no próximo ano de 1978. Saudades daqueles tempos onde a gurizada fabricava seus brinquedos, brincava nas ruas, jogava nos campos de futebol e construia verdadeiras amizades. Ainda hoje quando retorno a Osório para visitar alguma tia que ainda vive, encontro algum amigo da infância.