A ALMA E SEUS ENIGMAS
A SAGA DA FAMÍLIA NOBRE
Episódio 24
A ALMA E SEUS ENIGMAS
Na década de 30, mais precisamente no mês de janeiro começa as festas de São Sebastião, Padroeiro do Distrito de Laranjeiras, pertencente ao município na época de Quixadá.
A população da região e ribeiras todos vinham para os festejos comemorativos ao mártir São Sebastião, cujo encerramento era no dia 20 de janeiro.
Era de costumes familias ficarem hospedadas nas casas dos moradores e passar dias participando da festa.
No segundo dia dos festejos cedo da manhã meu pai ZUCA NOBRE, na época com 15 anos de idade e seu irmã tio BINU de 20 anos de idade, foram para beira do Rio Banabuiu, que passa no distrito de Laranjeiras, onde era de costumes haver brincadeiras dos moradores com os visitantes.
As brincadeiras era pular da ponte, gincanas, corrida de cavalos e jumentos e outras.
Por causa de uma dessas brincadeiras, meu pai ZUCA NOBRE se desentendeu com um dos visitantes no caso o rapaz de nome Flávio de 16 anos de idade, que tinha o apelido de BORÓ, por ser ele baixinho e gordinho.
Na discussão um dos amigos de BORÓ, propôs que eles disputassem na porrada e quem vencesse ganhava uma lata de doce.
Segundo relato de meu pai ZUCA NOBRE, a priori ficou com medo, pelo fato de BORÓ ser mais forte do que ele e mais velho um ano, porém incentivado por seu irmão BINU aceitou o desafio.
Então todos foram para um local mais afastado do rio, lembra ele, que era um local um pouco alto e muita areia.
Enquanto se preparavam para a disputa, tio BINU, foi na mercearia e comprou o troféu ou seja a lata de doce de goiaba.
Segundo relato de ZUCA NOBRE, foi uma disputa acirrada troca de socos e pontapés, quando em determinado momento conseguiu derrubar BORÓ e como já tinha costumes de agarrar boi pelo chifre, ficou fácil, conseguindo dominar seu adversário, mobilizando- o, até ele gritar para parar.
Depois da luta que demorou um bom tempo, as pessoas que ali estavam passaram a gritar e aplaudir o vencedor, que orgulhosamente exibia o troféu (lata de doce).
Relatou ZUCA NOBRE, depois do fato não chegou mais a ver seu opositor , que segundo comentários ficou bastante chateado por ter perdido a luta e que queria revanche.
Quinze dias após do fato, quando já havia terminado os festejos de São Sebastião, não tendo mais nenhum romeiro no distrito, veio a notícia de que em uma viagem no caminhão pau de arara para Fortaleza, houve um acidente e faleceram três pessoas, entre esta o jovem BORÓ.
Lembra ZUCA NOBRE, que dias depois da morte de BORÓ , estava na casa de seu tio DUDE, mais precisamente na área, quando seu irmão BINU avisou que uma rede estava balançando sozinha e não havia ninguém deitado nela.
As pessoas que ali estava não acreditaram muito naquela conversar e ficaram rindo do tio BINU, porém, como tio CORREINHA, também viu a rede balançando, aí que não acreditaram na história, pelo fato de tio CORREINHA ser muito brincalhão.
Na noite desse mesmo dia, segundo relatou meu pai ZUCA NOBRE, quando todos se recolheram para dormir, sentiu certa horas da madrugada sua rede balançar, acordou com um vulto branco, balançando sua rede com bem força e como estava escuro gritou por vovó GLÓRIA sua genitora: "mamãe tem uma alma balançando minha rede".
Vovô GLÓRIA muito religiosa, que era se levantou acendeu a lamparina e foi até a rede do filho e disse "menino não é nada não, vá dormir".
Não demorou muito novamente a rede começou a balançar, tendo ZUCA NOBRE desta feita gritado por sua genitora: " mamãe, mamãe, tem uma pessoa de branco perto de minha rede", tendo novamente vovô GLÓRIA se levantado e constatado que não havia nada, porém levou o filho para seu quarto, onde havia um santuário e juntamente com ele passaram a rezar.
Após as orações ZUCA NOBRE voltou pra sua rede, isto já o dia amanhecendo e dormiu mais tranquilo.
No dia seguinte narrou o fato para seus irmãos e amigos e todos disseram, na brincadeira que havia sido BORÓ , que queria se desculpar do desentendimento que antes tiveram.
Moral da História:
Meu pai ZUCA NOBRE sempre contou essa história, as vezes a gente sentava na calçada da casa, para conversar e ele narrava esse episódio e a gente notava o semblante dele triste.
Esse fato que aconteceu com meu pai, quando ele era adolescente, contado em contos e versos por ele até próximo de sua morte, pode ter sido um sonho , que ele mesmo classificava de visão.
Pesquisando na internet, encontrei o tema:
"Sonhar que vê uma alma",
pode ser um alerta para que se busque conhecer e entrar em contato com o próprio eu mais profundo.
Talvez a pessoa esteja agindo somente de acordo com as expectativas dos outros e tenha deixado de lado o que realmente é importante para ela. Sonhar que vê uma alma também mostra que a pessoa deve ser menos apegada aos valores materiais e às aparências, pois isso lhe trará uma experiência de vida muito mais rica e satisfatória"
Fonte:
https://www.sonhos.com.br/sonhar-com-alma.
CONTO de Edilberto Nobre baseado em fatos reais.
16.04.2021.