A MENINA E O TREM

A SAGA DA FAMÍLIA NOBRE

Episódio 21

A MENINA E O TREM

Devido a difícil seca iniciada na década de 50 e com a venda de todo o rebanho bovino pertencente ao meu avô o Cel. GEMINIANO CORREIA NOBRE, fato narrado no CONTO "O Cel. Geminiano O vaqueiro e a Boiada" , o dinheiro arrecadado foi dividido entre os irmãos, ficando meu pai ZUCA NOBRE com a parte que lhe cabia.

No entanto, em parceria com seu irmão JEREMIAS NOBRE, compraram uma casa em Quixadá, nas proximidades da Estação Ferroviária e construíram um Hotel, que segundo meu pai ZUCA NOBRE, foi o primeiro hotel desse ramo na região.

Era um Hotel simples, com alguns quartos, que inclusive nem banheiro tinha, porém, havia um banheiro comunitário no corredor, para atender as necessidades dos clientes.

Segundo relato de minha mãe FRANSQUINHA, havia poucos funcionários no Hotel, apesar da clientela ser boa, ela gerenciava a cozinha, que tinha um cozinheiro e uma auxiliar.

Na faxina ficava a cargo de sua comadre ANTONIA, que tinha a responsabilidade de manter os quartos arrumados com lençóis, toalhas e cada quartos, havia um pote com água e um pinico, para as necessidades urgente.

Dona FRANSQUINHA, contava também com a ajuda de sua afilhada JOANA, que era a Babá das crianças.

Nessa época meus pais tinha 05 filhos, ou seja o Erivaldo com 12 anos, Edy com 09 anos , Evaristo com 07 anos, Socorro com 03 anos e Luiza com 01 ano.

A babá JOANA todos os dias a tardinha banhava e arrumava as crianças e ficava com elas na frente do Hotel, observando a movimentação da rua e dos passageiros que desembarcavam do Trem na Estação, que ficava próximo ao Hotel.

Socorrinha, segundo relato de minha mãe era a mais "capeta" usava sempre um vestidinho de bolinhas azul as vezes róseo com bolinhas vermelhas, sapatinhos branco e lacinhos na cabeça.

As vezes Socorrinha de tão safadinha que era, quando chegava o trem, aproveitava o descuido da babá e corria pra estação e ficava brincando nos vagões do trem, um perigo para uma criança de 03 aninhos.

Em uma dessas vezes, Socorrinha chegou adentrar no vagão, não se sabe como, tendo o trem partido com ela dentro.

Alguns minutos depois chega meu pai ZUCA NOBRE do Centro da Cidade a cavalo e ao descer é avisado por uma mulher, que havia visto Socorrinha na janela do vagão do trem dando com a mãozinha para as pessoas que passavam.

ZUCA NOBRE sem entender nada, adentrou no Hotel e vai direto pra cozinha perguntar minha mãe, dona FRANSQUINHA, se ela estava ciente de que Socorrinha estava no trem e com quem ela estava, tendo minha mãe respondido que não sabia de nada.

Segundo dona FRANSQUINHA foi um alvoroço no recinto, todos querendo saber o que havia acontecido com a menina.

No entanto ZUCA NOBRE pegou o cavalo e sai em disparado galope atrás do trem o alcançando já na saída de Quixadá, ou seja na ultima parada da estação.

Então ZUCA NOBRE falou com o maquinista o ocorrido e saíram procurando Socorrinha, vagão por vagão, encontrado a mesma sentadinha com três meninas que também iam no trem que brincavam com suas respectivas bonecas.

As vezes que eu ouvia papai contando essa história, ele sempre dizia, " Eu fiquei desesperado quando soube, cutuquei as esporas no cavalo, que dava cada galope, porém, quem se mijou fui eu".

Relatou ele, depois fiquei foi com vergonha e ao mesmo tempo alegre, quando retornei ao Hotel, eu estava de palitó e calça branca e todo molhado(mijado) do susto.

Moral da História:

Diz Bárbara Bottega:

"A moção não pode dominar a razão. A regra é agir seguindo o raciocínio dos pensamentos e não os sentimentos do coração".

Foi justamente o que ZUCA NOBRE fez , naquele momento de aflição, agiu rapidamente e sempre com o pensamento positivo que o desfecho iria acaba bem.

Depois desse episódio, segundo relato de minha mãe FRANSQUINHA, foi redobrado os cuidados com os filhos, principalmente com a danadinha da Socorrinha.

No ano seguinte a esse episódio, meu tio JEREMIAS NOBRE, teve que vender a parte dele, haja vista que ia morar no Estado do Amazonas, tendo meu pai resolvido também vender a parte dele.

Na década de 70 , quando fui conhecer Quixadá, minha terra natal, fiz questão de ir conhecer o Hotel.

Confesso que fiquei emocionado e admirado quando adentrei, as estruturas ainda original e algumas coisa batia com as histórias que meus pais contavam, que se passaram no Hotel.

A personagem principal desse CONTO minha irmã SOCORRO, que carinhosamente chamávamos de Socorrinha, atualmente é viúva, tem duas filhas Ana Valentinha e Rogeanne e mora em Fortaleza, a quem com muito carinho dedico esse CONTO.

CONTO de Edilberto Nobre, baseado em fatos reais.

06.04.2021