O OPALÃO COM AZEITONA NO TETO!
Nelson Ávila (meu primo) era oficial R2 do 17 RC nos idos de 1970.
Ele ganhava bem e me esnobava qdo eu voltava à Amambai, já que nessa época eu já estudava fora.
Nelson Ávila da Rosa tinha um opalão verde todo caracterizado com luminárias coloridas que se acendiam em toda traseira qdo ele freava o possante!
A semana santa que se aproxima me fez lembrar deste episódio porque aconteceu em uma sexta- feira santa em Amambai.
O opalão, depois desse episódio passou a ser chamado de verdão da azeitona no teto. Era chamado dessa forma...
Sucede que aquele intrépido militar era o rei do 'pau baixo'. Os militares geralmente tinham as enrabichadas por ali e eram os donos do pedaço.
Então fui convidado pra visitar a casa de sua enrabichada no dito local de encontros libidinosos.
Era uma sexta-feira santa e eu quis recusar o convite e ele, imediatamente chamou-me de metido, uma vez que estava em um centro maior e a recusa sugeria uma indiferença ao convite. Tive que aceitar após essa crítica.
Na minha idade aquilo soou desafiante! Ou seja, negar-me á frequentar a zona só porque era sexta feira santa.
Embarcamos no verdão da azeitona no teto, do Nelson, Eu e meu irmão Aldo. Instalei-me no banco traseiro temeroso que as sirigaitas fossem feias e quisessem dinheiro. Ali eu poderia escolher, imaginei.
Chegando no encontro horizontal o opalão estacionou em frente a um daqueles casebres. Uma casinha de madeira, sem pintura, velha e pouco acomodativa pelo menos no visual.
Nelson chegou deu uma acelerada que zunia aos ouvidos em face do miolo do escopamento ter sido retirado a propósito.
Também soou uma buzina estridente tipo berro de cabrito.
Logo entendi o porquê de tamanha ostensividade auditiva ao chegar. Eis que surge à porta uma gordinha assanhada que se atirou de braços abertos rumo ao milico do carro.
Ela dizia: - Você veio Nelsinho! Te esperei a semana toda!
Ele, em tom pouco acessível àquela calorosa recepção, disse: - A fulana está aí?
Logo vi que aquela gordinha era uma fã, mas não a de encantos do meu primo milico.
Mas, a gordinha não estava nem aí pra aquela recepção pouco amistosa. Acho que queria aproveitar a ausência da rival pra 'se atracar' com aquele oficial.
Sei que ela fez ele abrir a porta do opalão. Sentou-se no seu colo e começou a rebolar as suas ancas.
Nelson, desgostoso, catou sua pistola do Exército e começou a virar sua culatra pra cima e pra baixo dizendo será que sai bala?
A gordinha não se intimidava. Estava matando cachorro a grito, com certeza!
Foi em uma dessas manobras que meu ouvido foi sacudido com um disparo, que redundou em cheiro imenso de pólvora dentro do opalão verde!
A gordinha desapareceu! Após o dissipar da fumaça eu, perplexo, só me preocupei em indagar se meu irmão Aldo estava bem. Ele com aqueles olhões azuis e assustado mal conseguiu responder que estava tudo bem.
O Nelson só disse: Puta merda! Que cagada!
Resultado a bala foi alojar-se no teto de opalão verde e lá ficou por muitos anos.
A partir daí ir pra zona na semana santa nem pensar!