QUAL MELHOR O OVO OU A GALINHA?

A SAGA DA FAMÍLIA NOBRE

Episódio 09.

QUAL MELHOR O OVO OU A GALINHA ?

Entre os anos de 1964 a 1966, morávamos no bairro Pe. Andrade em Fortaleza.

Como toda família recém chegada do interior a vida na cidade grande se torna dificil.

Eu com meus 10 aninhos de idade, só queria saber de estudar, brincar de bola de gude (bila) soltar araia(pipa)e jogar bola.

O salário que meu pai ganhava só dava pra pagar o aluguel da casa, água, luz e o pouco que sobrava era para comprar alimentação do dia dia.

A dificuldade para sobreviver era enorme, eu não tinha sonhos nem realizações, mas tinha esperança e um desejo simples que era de comer um ovo sozinho, isso mesmo "comer um ovo sozinho".

Todas as vezes que minha irmã Edy fritava um ovo, tinha que dividir e dar um pedaço para o meu irmãozinho menor.

Aquilo me deixava frustrado e também com fome, porém resolvi criar pintinhos de granja, esta foi a única solução que encontrei para no futuro poder comer um ovo sozinho.

As moedas que meu pai mim dava para comprar merenda no colégio eu guardava e no final de semana ia pra feira livre do bairro comprar pintinhos de granja para criar, porém, como o dinheiro era pouco só dava pra comprar dois pintinhos por semana.

Com o dinheiro que ganhava enchendo os potes dágua da vizinha, comprei também um galo e uma galinha, ai sim a coisa melhorou a galinha começou a pôr ovos, foi quando eu tive o prazer de comer o primeiro ovo inteiro sozinho.

Com o tempo as aves já adultas, já dava pra vender ovos e eu saia na vizinhança de porta em porta oferecendo ovos.

Lembro de um episódio, que depois do susto deu uma crise de risos.

Certa vez quando eu sai com a bacia cheia de ovos na cabeça, gritando: " quem quer ovo, quem quer ovo, hoje é promoção dois cruzeiros".

De repente saiu um homem bêbado de dentro da casa com um cinturão na mão e gritou: " ovo o que menino, vai pertubar pra lá".

Eu inocente sai correndo com medo e caiu vários ovos da bacia me sujando todo, foi um sufoco.

Pois bem, nessa época minha mãe criava os filhos na maior disciplina, inclusive até quando íamos sentar -se à mesa para refeição.

Lembro que minha mãe fazia sopa todos os dias e antes das seis da tarde, todos só sentava- se à mesa, após tomar banho e trocar de roupas.

Mamãe fazia uma sopa de macarrão deliciosa e a gente chamava sopa de letrinhas, porque a massa do macarrão era feito com letras do alfabeto.

Quando minha irmã mais velha Edy ia servi a sopa , sempre tinha confusão o meu irmão Brito, começava a contar as letras que tinha no prato dele e quando ele percebia que no meu prato tinha mais letrinhas, era uma confusão danada.

Por isso minha irmã Edy tinha que contar as letras do macarrão, todas as vezes que ia servi o primeito prato e meus irmãozinhos em número de quatro, inclusive eu , ficávamos observando.

Moral da História

Como diz o ditado, família unida permanece unida.

Aqui vai a minha gratidão a meus pais que souberam criar seus filhos e dar valor as pequenas coisas.

A divisão do ovo frito, apesar de ser uma necessidade na época, foi também um ensinamento.

Na vida do dia - dia temos que ser solidário, ninguém é melhor do que o outro e que tudo tinha que ser repartido, principalmente entre os irmãos para que todos pudessem se alimentar.

Diante da dificuldade, veio a idéia de criar galinha, vender e com o dinheiro montei um comércio (botequim) pra vender bananas e miudezas.

Apesar das dificuldades que a VIDA nos proporcionava, éramos felizes e não sabíamos, como diz o ditado popular.

CONTO de Edilberto Nobre baseado em fatos reais.

15.03.2021.