UM CONTO CANINO
Meu gosto por cães nunca foi tão grande.
Na verdade, não gosto e nem desgosto. O
que acontece é, que, alguns chamam mais
a atenção que outros. É o caso de um cão-
zinho que, durante toda sua existência, vi-
veudespercebido em meio aos muitos na-
quela grande praça principal. Ninguém o
notava. Pequenino. O menor da canzoada.
Era um vira-latas sem a menor significân-
cia como tantos outros que por aí estão.
E foi assim até aparecer nas redes soci-
ais e televisivas, depois de ter sido visto fa-
zendo algumas cachorrices num supermer-
cado de conveniências.
Daí, a adoção: Uma família de grandes nú-
meros social e patrimonial etc. e tal.
Essa família deu-lhe, entre outros, dois nomes:
NOVO e DIFERENTE. Devido ao seu peso e sua
pequenez. E, o pequeno vira-latas crescia e se
fortalecia e tornava-se cada vez mais notório,
porém, ainda precisava de alguns cuidados.
E foi num petshop que as coisas começa-
ram a acontecer e as mudanças vieram.
Naquele petshop o pequeno vira-latas conhe-
ra alguns pedigres de várias raças, de pitbulls
a todos mais que podem ser chamados de ca-
chorros de grande porte, desses que såo capa-
zes de assustar, coagiir e, se preciso, mutilar e
até matar.
O "NOVO" ou "DIFERNTE" que antes era só um
pulguentinho de latido distante e inconstante,
estava agora atraído pela voracidade daqueles
cachorrões e resolvera abandonar a grande fa-
mília que o adotara e partir para o meio daque-
la caniçalha horripilante. Isso devido a sua fra-
gilidade e improcedência achara então por bem
estar alí, em busca de segurança e comodidade.
O que, aparentemente, deu tudo certo.
Depois de ter colocado o último ponto final
é que lembrei-me de mencionar o nome do tal
petshop, que é o seguinte:
Centro Referencial para Cachorros Grandes.
Mais conhecido na praça como CENTRÃO.