Relatando o interrogatório
- Me chamou capitão?
Salid se apresentou a sala do capitão, acreditando estar tudo em ordem, depois de uma noite de interrogatório, sem sucesso.
- Salid, o prisioneiro demonstrou algum conhecimento, alguma informação relevante?
- Não capitão. Depois de muitas tentativas, apenas descobrimos que é um camponês sem posses da região de Calais na França. Sequer a lança era dele.
- E você levou a noite toda pra obter essa informação? Você quer me fazer acreditar que não percebeu que ele era um camponês nas primeiras palavras? Salid, guarde sua raiva. Não se torne ódio. Alguma vez mandei matar crianças, mulheres ou idosos? Me diga?
- Não senhor capitão, mas ele é um infiel, que não hesitaria em nos matar…
- Se estivesse armado e em batalha. Nós também… mas ele é agora prisioneiro. E eu te dei uma ordem.
- Eu cumpri a ordem…
- Você o massacrou durante a noite e o largou com as feridas expostas numa cela cheia de insetos e outos animais para morrer. Se eu não estivesse passando no calabouço a uma hora atrás, agora ele estaria morto.
- Eu não entendo por que o senhor se importa com o infiel…
- Antes de tudo eu dei uma ordem.
- Mas…
- Salid. Você ficará em seus aposentos por três dias, e depois cuidará das chaves das celas. Estou forçando você demais meu amigo… Descanse.
- Mas…
- Vá.
Fazendo uma mesura, Salid se retira rancoroso da sala do capitão Musafa. Aquilo não iria ficar assim.
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