Encomenda postal
- Como é o nome dela? - Indagou Ben Edwards, inclinando-se sobre o balcão de atendimento da estação ferroviária de Toledo, Ohio.
- Esther Rodgers - informou a mulher sorridente que o confrontava, segurando uma criança no colo.
- Olá, Esther! - Saudou Ben, acenando.
A menina - que não devia ter mais de quatro anos de idade e usava um vestidinho branco bordado com florzinhas cor-de-rosa - acenou de volta, com um sorriso tímido.
- E a senhora quer mandar a sua sobrinha para Cleveland, pelo novo serviço de encomendas? - Questionou o servidor, mão no queixo.
- Sai mais barato do que pagar a passagem de trem! - Explicou a tia.
Ben Edwards coçou a cabeça sob o boné, e gritou para dentro da estação:
- Isaac!
Isaac apareceu em seguida e Ben resumiu a situação.
- Mandar uma criança no vagão postal? - Isaac franziu a testa.
- Há alguma lei que proíba? - Inquiriu a tia.
Isaac olhou para o teto da estação, parecendo puxar pela memória.
- Bem... não que eu saiba. O regulamento fala em transporte de animais inofensivos... tecnicamente, uma criança se enquadra no termo.
- Esther é uma criança muito bem comportada - afirmou a tia.
- Mas teremos que ver se ela está dentro do limite de peso - advertiu Isaac, dedo em riste.
A tia passou Esther por sobre o balcão. Ben a pesou na balança destinada à correspondência.
- Dez libras e meia - anunciou Ben.
- Abaixo do limite, que são 11 libras - avaliou Isaac. - Então, creio que não há nenhum impedimento. Alguém irá retirar o... pacote... na estação de Cleveland?
- Naturalmente! - Replicou a tia. - Minha irmã, Agnes, a mãe da Esther, vai estar lá, aguardando a chegada do trem.
- Vamos precisar colocar uma etiqueta com os selos, remetente e destinatário nela - alertou Ben.
- Eu trouxe linha e agulha para isso - informou a tia alegremente.
E com uma etiqueta cheia de selos colados pendendo do vestido, a pequena Esther foi colocada cuidadosamente sobre uma pilha de sacos de correspondência no vagão postal. A tia lhe entregou uma maçã e uma garrafa de água e lhe disse que se comportasse, pois a mãe estaria esperando por ela.
- São quantas horas de viagem? - Indagou para Ben Edwards, quando o vagão foi fechado.
- Cerca de duas horas e meia até Cleveland - avaliou o servidor. - Mas, não se preocupe; nosso pessoal a bordo do trem é de confiança.
- Eu sei - assentiu a tia. - Não é a primeira vez em que Esther viaja num vagão postal.
E depois de assistir à partida da composição, despediu-se dos servidores.
- Tem gente muito corajosa - comentou Isaac abanando a cabeça, depois que a mulher havia partido.
- Isso vai acabar sendo proibido - prognosticou Ben Edwards, cruzando os braços.
- [18-02-2021]