O Guerreiro...Parte 36.

A ANISTIA

Eu fui anistiado como muitos outros colegas que estavam na clandestinidade.

Os jornais opossionistas no ímpeto de revanche começaram a trazer velhos problemas à tona.

Desmandos cometidos pelos poderosos que também se beneficiaram com a anistia.

Se for para esquecer a gente devia esquecer ou pelo menos tentar.

Com isto foram abertas velhas feridas e começava uma grande caça as bruxas.

Por um tempo o velho general aceita os abusos da imprensa e logo com a paciência esgotada começa a fechar os jornais.

Toda a problemática do meu país acompanhava de longe sem atrever-me a nada.

Ainda não havia encontrado meu caminho.

Meu irmão estava se formando no fim de ano.

Seria a sua grande festa.

Na oportunidade iríamos conhecer a futura esposa do meu irmão.

Eu decidi viajar havia arrumado algumas economias e comecei uma longa viagem por Europa conheci Espanha, Itália, França e alguns países nórdicos como Suíça, Suécia.

Trabalhei e namorei bastante...

Fiquei apaixonado pelas mulheres nórdicas.

Para mim elas eram belíssimas, são belíssimas.

As Italianas também eram belas mais já puxavam mais para as mulheres que havia visto no meu país.

Retornei em novembro.

A minha presença em casa se fazia necessária, pois minha mãe estava gravemente enferma.

Um câncer galopante estava matando a minha mãe.

Fiquei com ela todo o tempo.

Vivi para ela.

As dolorosas seções de radio terapia e quimioterapia.

Eram vencidas graças a sua alegria tão particular e especial.

Ela estava indo embora.

Mas seu desejo pela vida era tão grande que doía não poder fazer nada para reverté-la.

Reverter à doença pela vida que ela tanto amava.

Quando chegou à sua hora partiu com alegria e com uma imensa ternura nos seus olhos. Olhou para todos com infinito amor.

Falou com meu pai reservadamente.

Meu pai um homem discreto e calmo não parava de chorar mostrando uma grande dor pela perdida da companheira.

Após a morte da minha mãe.

Todos os Domingos a visitava no cemitério compartilhando com ela a minhas duvidas, os meus desejos.

Decidi ser escritor contar minha vida.

Foi o meu primeiro impulso.

Imaginava que poderia dar um bom livro.

Tinha tantas coisas a contar.

Mas ser escritor também não era uma caminhada fácil.

Comecei a escrever poemas.

Apresentei nesse ano um poema numa editora.

Gostaram e me pediram um livro.

Assim apareceu o livro “Contador de Sueños” que acompanhava uma fita com minha voz declamando os poemas.

A Editora Otomar com quem fechei uma parceria.

Promoveu vários eventos de lançamento do livro no interior do Estado de São Paulo.

Ficava viajando e conhecendo cidades pacatas e gostosas.

Onde o povo era receptivo, acolhedor, puro e sincero.

Conheci Tietê, Tatuí, Boituva, Sorocaba, Itu, Salto e Porto Feliz.

As vendas estavam boas e Eu estava bastante entusiasmado.

No dia do lançamento do livro em Porto Feliz meu irmão estaria presente.

Pois a namorada era da cidade.

O clube onde seria apresentado o meu livro era o Tênis Clube.

Um clube que era o ícone da cidade.

E que havia preparado um programa tipicamente espanhol.

Com um grupo de dança cigana e alguns números de musica e canto do acervo hispânico. Quando subi ao palco e quando comecei a falar.

O silencio que acompanhava minhas palavras era mágico.

A identidade com o povo se deu de tal forma que me senti em casa.

As palavras borbulhavam nos meus lábios.

A identificação foi tão grande que ao terminar a minha apresentação fui ovacionado em pé por longos e intermináveis dez minutos.

Depois o coquetel, os autógrafos a interação com o publico.

Meu irmão chegou ate onde estava.

Cumprimenta-me e me apresenta a sua noiva.

Os cumprimentei e eles me apresentarão uma moça muito bonita.

Jovem, delicada e tímida.

Continuei autografando os livros conversando com os convidados.

Mas o foco da minha atenção era a moça que havia conhecido pelo meu irmão e minha futura cunhada.

O destino da gente estava escrito nas estrelas.

Quando finalmente teve um tempo.

Aproximei-me novamente e conversamos por horas.

A magia havia aumentado.

Que tudo parecia flutuar.

Trocamos telefones.

Falei que se ela me permitisse.

Se pudéssemos e se ela quisesse voltaríamos a encontrar-nos.

Quando soube a idade dela fiquei estupefato.

Ela só tinha quinze anos.

E agora essa era a grande questão?

Eu estava com trinta anos.

A diferença era absurda.

Meu bom censo me dizia. Desiste.

Mas meu coração clamava por ela.

No dia seguinte liguei e foi ela que me atendeu.

Ficamos falando por horas.

O tempo não existia entre nós.

Era um mero coadjuvante.

Finalmente havia encontrado a razão do meu viver.

Meus compromissos me levaram para outros lugares.

E para que ela no me esquecesse.

Escrevia todos os dias, como um adolescente imaturo e precipitado.

No começo sentia um leve constrangimento, me sentia incomodado.

Mas o amor justifica e pode tudo.

Para o amor tudo era permitido.

O livro era todo um sucesso.

Em quanto vendesse devia aproveitar.

Não podia de jeito algum deixar de aproveitar o sucesso das vendas.

Quando podia ligava para ela ou escrevia longas cartas falando dos meus sentimentos, de minhas duvidas.

Comecei a compartilhar meus secretos e segredos.

Tornamos - nos intimos.

Apesar da distancia e a falta de um contato físico maior.

A nossa relação se tornara especial, muito especial.

Porque nos dois víamos a vida com os mesmos olhos.

Retomarmos a vermos em fevereiro.

Para o noivado do meu irmão.

Meu pai e minha irmã estavam presentes e claro que Eu também.

A boda foi marcada para dois meses depois.

Aconteceria no mês de maio.

Não tivemos quase tempo e espaço para falar.

Ela estava muito requisitada pela família.

Tipicamente Italiana que não deixada brecha para conversar sobre nossos sentimentos.

Ficamos dois dias.

Logo meu pai e minha irmã retornaram para casa e Eu fui cumprir um compromisso no Rio de Janeiro.

Quando estava indo.

Ela discretamente deu um jeito de ficarmos sozinho e falou...

Julian! Ficarei dez dias na praia.

E se for possível apareça por lá.

E acrescentou.

Gostaria muito que você fosse.

Apertei suas mãos e em um ato rápido beije seus lábios molhados e gostosos.

Um desejo guardado e desejado desde que a conheci.

O frescor do seu lábio e o interior da sua boca enlouqueceu meus sentidos.

Desejando que o tempo parasse.

Que ficássemos assim para sempre.

Aquele momento ficaria na minha memória por muitos dias.

Aquele beijo havia mexido comigo tão profundamente.

Eu estava ficando loucamente apaixonado pela menina – mulher.

Me estava tornando prisioneiro dos seus encantos.

Mas não me importava ser seu escravo e prisioneiro.

Queria sim! Estar a seu lado para sempre.

Minha mente ficava confusa.

Havia conhecido muitas mulheres, mas nenhuma tão especial.

Angélica conseguia acalmar minhas agonias, minhas fraquezas e debilidades.

Deveria ter alguns cuidados para não ir com tanta sede ao pote e estragar algo que acreditava que poderia ser uma historia legal para mim e para ela.

Deixe meus pensamentos se acalmarem e me concentrei no meu trabalho.

No Rio os críticos não foram muitos bons comigo.

Mas já estava preparado para receber estas criticas.

Que para mim já havia demorado demais para acontecer.

Num programa de TV me perguntaram como havia recebido as criticas...

Respondi que muito bem.

As criticas, ate o presente momento haviam sido favoráveis.

Eram muitos boas.

Mas já estava esperando pelas negativas também.

Eu sabia que viriam.

Falei que tinham razão em fazê-la eram pagos por isso.

Mais acrescentei...

Que Eu pelo direito que me assistia.

Tinha todo o direito de discordar.

As criticas ás aceitava.

Não assim a ofensa pessoal.

Essa não!

Isso não permitia a ninguém.

Muitos críticos não sabem distinguir o trabalho que realizam.

Não sabem separar o lado profissional, do lado pessoal.

Deixa-se envolver pelo subjetivo.

Sendo que eles são pagos para serem objetivos.

As críticas bem feitas e aquela que marcam as pautas.

Onde estão os erros. E as coloca para o publico. Essas eu as aceito...

Logo devemos esperar que o leitor fizesse a sua avaliação.

Muitos críticos não entendem.

Querem ser formadores de opiniões.

Mas tudo isto vai por água baixo, quando o publico gosta do livro.

Não tem critico literário que a destrua.

Os críticos buscam perfeição.

O publico busca identificação.

O leitor busca aventura, mistério, fascinação.

A única coisa que não gosto do critico é quando ataca o lado pessoal.

Esta postura achou antiético e imoral.

A minha honra e o bem mais precioso que possuo.

Não admito de jeito algum ser desrespeitado.

Brigo com qualquer um.

Falavam que não era um escritor.

E não querendo ser presunçoso e já sendo podia comparar-me com Paulo Coelho...Quando ele passou pelo mesmo problema.

Ele como escritor havia vendido mais de quarenta milhões de livros no exterior.

Mas para os críticos do país ele não era um escritor.

Perguntava-me.

Que mais ele deveria de fazer para ser reconhecido como tal?

O critico às vezes carregam a petulância de se acharem deuses.

Coisa que eles não são e nunca seriam.

A crítica é fácil.

Só quem escreve sabe do processo de criação.

A tensão a que é submetido o escriba.

Voltando a Coelho... Eu prossegui.

Criticar os números de livros vendidos.

Era criticar a quem os havia comprado.

No mundo literário e acadêmico existe a ideia de que só o catedrático pode escrever.

O livro é muito mais simples.

Se existe uma interação entre o escritor e o leitor nada pode ser feito.

Acontecendo essa comunhão, essa magia e esse feitiço.

O livro irremediavelmente fará sucesso.

Poderá ate virar um Best seller a pesar dos críticos e criticas.

E ali podem chiar todos.

Que não existe teórico ou tecnocrata que possa explicar - lo.

Sabia que a minha posição seria novamente criticada.

Mas não estava nem ai.

Quanto mais tempo estivesse na mídia tanto melhor.

Pois o publico acompanhava com muita atenção.

Isto me trouxe ganhos pecuniários importantes e a mídia estava prestando-me um serviço fabuloso.

E gratuito.

Isto devia agradecer aos críticos que me coloram na discussão e na boca do povo.

Do leitor.

As vendas em São Paulo aumentaram muito.

Meu agente estava recebendo muitas propostas de todo país.

Para palestras em escolas, universidades, entidades sociais e filantrópicas, que queriam contar com minha presença.

Viaje bastante.

Descobri o Brasil.

Maravilhe-me com o povo.

Fiquei fascinado com as diferenças culturais, que se acoplavam e que se harmonizam.

Que formam uma mistura gostosa.

Mas também assim como presencie o belo.

Assim também descobri as diferenças sociais gritantes que existem.

Um Brasil pobre.

Com injustiças sociais degradantes.

Pessoas sem nada para comer.

Sem o mínimo para sobreviver.

Num país que não é necessário plantar.

A terra já da os frutos e só colher.

Tudo que se planta em este país da.

Terra abençoada por Deus.

Diferenças culturais gritantes.

E que todos sabem e quem ninguém tem coragem de acabar.

Quando conheci os morros e as favelas que cercam as cidades.

Espantei-me com o poder que estes criminosos possuem.

Estas comunidades recebem de estes malfeitores apoio a suas necessidades.

E com isto trazem para si o apoio das pessoas.

Formam uma ordem paralela que estão dizimando as forças da ordem estabelecida.

E de toda uma população.

Que pela lei deveria ser protegida.

Os excluídos se deram conta que ninguém fará nada por eles e a cada dia fica mais convencido que formando suas próprias forças poderão sobreviver melhor.

Rejeitarão a proteção do Estado.

Porque trabalhar para o trafico traz um dinheiro mais rápido e fácil.

Produtivo.

Sem ter que assinar carteira.

Trabalhar por um salário mínimo que não passa de novecentos e vinte sete reais.

Que convenhamos não da para sobreviver.

Salário miserável que os riquinhos pagam pelo prazer de se drogar.

Dinheiro que se ganha em horas e que o trabalhador demora um mês para ganhar.

Para que trabalhar?

Se lá no morro ganho mais.

Sobem ao morro para comprar o prazer e em uma ou três transações tenho para comer e me vestir.

Este é o lema que manda por lá.

Sobreviver é a grande questão?

Viver como bacana por mais breve que seja.

Eu quero viver.

A comunidade sabe quem manda lá.

A polícia perdeu todo seu espírito de justiça, de respeito e de honestidade.

Todos vêm na força policial, (militar, civil, federal e ate forças armadas) figuras que não mandam, nem se interessam pelo bem estar do pobre.

Os malfeitores que dominam os morros são a nova força do Brasil.

Isto deve ser alertado.

Pois ninguém mais de aqui há um tempo estará seguro.

Neste Brasil a crescido enormemente o poder paralelo.

Como disse um tango feito em 1930 e que cantava Carlos Gardel.

O grande cantor argentino.

“Nos dias de hoje se misturam bandidos e senhores.

Hoje não tem importância ser honesto ou enganador, tudo é igual. “Século XX bandido e enganador”.

Sendo estrangeiro e morando em Brasil ha muito tempo me sentia triste com tudo que acontecia a “meu país”.

Acreditava que poderia mudar.

As medidas teriam que vir logo.

Se não estaríamos com uma guerra civil.

Muitas vezes me perguntei...

Por que os brasileiros não reagiam?

Por que se conformavam?

Deixe de lado esses pensamentos e fatos tristes e comecei a pensar na minha bela adormecida.

Havia feito tantos planos.

Que quando novamente nos encontrássemos.

Teríamos que conversar bastante.

Queria ter uma posição dela em relação a nossa amizade por assim dizer.

À noite liguei para ela.

Eu estava em Recife.

Numa feira do livro promovida pelo consulado da Espanha.

O evento foi muito bom.

Meu livro teve um sucesso legal.

O publico jovem ficou encantado quando declame os poemas.

E inspirado e apaixonado encantei a plateia.

Angélica me escutava...

Escutava com muita atenção.

Combinamos que nos encontraríamos no litoral.

Em Itanhaém.

Peguei o voo para São Paulo.

Chegando lá teria um encontro à noite com o dono de uma editora que queria publicar meus trabalhos.

Segundo meu agente.

Se desse tudo certo pegaria uma bolada e que seria interessante estar ligado com eles.

Pois eles tinham um poder de fogo maior.

Fui ao encontro do empresário literário.

Escutar a sua proposta.

A noite foi legal.

Era um homem na casa dos quarenta anos. Bem apossado e muito gentil.

Como bom executivo que imaginava que era. Tentaria convencer o seu futuro cliente a aceitar as vantagens que ele estaria me propondo.

Quando escutei a proposta quase engasguei e falei abertamente para ele que era mais do que imaginava e esperava.

Falei que refletiria sobre a proposta e que na segunda lhe daria uma resposta pelo meu agente.

Chegando ao hotel liguei para meu agente.

Quando comecei a falar perguntei se ela estava sentada.

Ela me respondeu que sim e foi naquele momento que falei.

A proposta é um milhão de dólares por três livros.

Com um adiantamento para poder dedicar-me exclusivamente na criação das obras.

E você falou alguma coisa.

Foi à pergunta a seguir.

Eu segurei o riso e disse.

Falei que entraríamos em contato com ele na segunda.

Minha agente falou...

- Muito bem Julian pode deixar comigo.

Qual e o telefone e endereço?

O telefone e este...

Ele está hospedado no Massoud Plaza.

E acrescentei...

Antes de procurar-me desesperadamente por ai.

Já estou lê dizendo e avisando...

Estarei na praia por alguns dias.

Acerte tudo com ele e marque a assinatura do contrato.

Estarei de volta na segunda feira.

Depois peguei no sono.

Pois amanha queria estar com minha luz e fonte de inspiração.

O primeiro livro já estava quase pronto.

Faltavam alguns detalhes. Mínimos.

A primeira seria um romance sobre a guerra do Paraguai e da saga de uma família que marcou a historia dos ervais do alto Paraguai e Mato Grosso do Sul.

Bom a partir de hoje queria cuidar de minha vida.

Passei unos dias maravilhosos com ela.

Eu fiquei hospedado num hotel a beira mar.

Encontrava-me com minha musa todos os dias.

Quando seus pais se deram conta já era tarde.

Pois a cada dia que passava, nós dávamos conta que havíamos sido feitos um para o outro.

Saímos para jantar todas às noites.

Os pais e irmãs e seus consortes nos acompanhavam.

Via neles uma onda de preocupação.

E essa preocupação foi manifestada de esta forma.

Um dia na praia Benedito o namorado da irmã mais velha.

Começo a puxar conversa comigo.

Me perguntado sobre minhas atividades e sobre minhas pretensões em relação à Angélica.

Antes de responder perguntei.

Qual era a sua intenção com essas perguntas inconvenientes e quem o havia autorizado a fazê-las.

Ele ficou surpreso com minha resposta.

Mas não deixou que minha resposta o incomodasse-se.

E continuou com seu inquérito.

Como insistia com as perguntas e já bastante irritado determinei um basta.

Chateado pela impertinência.

Determinei o fim da conversa.

Pedindo a ele que parasse com as perguntas.

Tentou prosseguir e Eu chateado com a situação me levantei e fui em direção ao mar. Deixando-o curtir o sol com tranquilidade.

Quando sai do mar vi a Angélica sem seu sorriso habitual e delicado.

Pela expressão, sabia que havia acontecido alguma coisa. E grave.

E também sabia que havia chegado o momento de colocar algumas coisas no seu devido lugar.

Encaminhei-me até onde ela estava.

E ela toda chorosa.

Contou-me em prantos a discussão que havia tido com seus pais.

Meu abraço tentou ser o mais protetor possível.

Nunca imaginei que fosse capaz de tanta ternura.

Tudo o que acontecia com ela se tornara diferente e especial.

Julian... Você acredita que antes de lhe conhecer, ninguém nesta vida me tratou como você fez comigo.

Contigo me sinto viva, amada e querida. Sonho acordada...

Tudo que você faz por mim se torna especial. E tem um encantamento que me deixa viva.

Mas meus pais dizem que a grande diferença de idade e tua experiência estão fazendo isso comigo. Talvez seja.

O que eles não entendem e que é isso que Eu quero para mim.

Sentir-me amada, querida e querendo experimentar todas as sensações que a vida oferece.

Ouvindo - la falar com tanta emoção e convicta de seus sentimentos.

A emoção também me embargava.

Não iria renunciar a nada.

Iria levar meu amor por ela ate o final.

Ate as últimas consequências.

Iríamos viver nosso amor a pesar das pessoas que queriam prever o futuro.

Encontrar falhas e defeitos em onde não havia.

Sabia que minha atitude criaria um grande desconforto para meu irmão.

Liguei para ele falando de aquilo que estava acontecendo.

Expôs os problemas e falei que iria ate o fim.

Falaria com os pais da menina e resolveria logo e de cara o problema.

Meu irmão não falou nada.

Só escuto e me disse. Meu irmão o problema é de vocês.

Se você acha que ela é a grande cartada da tua vida, vai em frente.

Viva por uma vez a sua loucura.

Não seja tão justo com os outros.

Fez uma pausa e proseguiou...

A vida nos oferece uma chance.

Talvez esta seja a sua.

Vai em frente.

Naquela noite estava na casa de Angélica.

A pesar da idade me sentia como um jovem inseguro e atribulado.

Os pais e ela na sala.

Cumprimentei a todos.

Fui convidado a sentar-me e já fui dizendo...

Tomado tal vez por minha vontade de deixar todo resolvido...

Não economizei nada e sem preâmbulos.

Fui falando tudo àquilo que sentia.

Eles me escutaram com atenção.

Quando conclui acrescentei.

Eu quero deixar bem claro uma coisa.

Sei que vocês têm, muita duvida em relação a mim.

Mas podem ter certeza de uma coisa.

Eles me olharam expectantes...

Nada em esta vida me fará desistir dela.

Fiz uma pausa esperando ser interrompido.

Como não aconteceu nada continuei meu discurso.

Viajarei para divulgar meu livro e em maio estarei novamente aqui para o casamento do meu irmão e sua irmã.

Virei com as alianças.

Sei que tudo esta indo muito rápido e que é difícil para vocês entenderem o que esta acontecendo.

Eu pediria um favor para o senhor seu Valter.

Deixe a sua filha pensar no assunto.

Quando voltar e se a sua decisão for à mesma de este momento o senhor dará a sua benza. Se for de outra forma não insistirei.

Eu quero a sua palavra de homem...

Olhei para aquele homem que faria de tudo para que não levasse sua filha.

Ele me olha com raiva.

Pois o havia amarrado a uma situação que não tinha como escapar.

Se não concordasse comigo perderia a sua postura de patriarca da família.

E isso era sagrado para ele.

Devolveu-me o olhar.

Tal vez conformado ou pensando que poderia fazer a cabeça da filha.

Estiquei a mão e selamos o acordo.

Mas sabia que não desistiria.

Que todos na família fariam de tudo para afastar-me dela.

Antes de ir.

Falamos muito. Angélica só escutava. Contei sobre o contrato que havia assinado. Do dinheiro que ganharia e que me esperasse. Que voltaria e que realizaríamos todos os nossos sonhos. Seus beijos foram mais doces do que nunca. Eu sabia. Ela me havia enfeitiçado. Estava enfeitiçado pelo amor... E o amor era ela.

Voltei para o Mato Grosso do Sul, mais especificamente para Ponta Porá.

O contrato havia sido assinado e a primeira parcela foi depositada na minha conta do Banco do Brasil.

Viaje de ônibus.

Sentia-me mais seguro, viajando assim.

E também queria pensar antes de encarar meus escritos.

Um romance já quase estava pronto.

Estávamos em janeiro.

Pensei ate abril estaria concluído e ai estaria livre para viver o grande amor de minha vida.

Chegando a Ponta Porá me fechei na fazenda de JUan José para concluir o meu livro.

Juan José satisfeitíssimo por ajudar-me e feliz pelo meu sucesso como escritor.

Jua José ainda não são um escritor famoso.

Pretendo chegar lá. Mas ainda é cedo para comemorar.

Ele me olha e diz...

E a gata te pegou mesmo.

Quem diria. O grande comedor... Pego por uma garotinha.

Eu não me sentia ofendido pelas palavras de Juan José.

Esta era a maneira dele de manifestar sua alegria pela minha felicidade.

Fiquei enclausurado por dois meses de fevereiro a março.

Quando conclui o livro enviei para São Paulo para que editora desse seu parecer.

Para minha surpresa três dias depois me ligaram dizendo que haviam gostado muito e que já estava sendo produzido.

Deveria de estar em maio para dar as ultimas orientações em relação ao livro.

O entusiasmo da editora com o livro também me deixo empolgado.

Em maio viajamos novamente para Porto feliz.

O casamento de meu irmão estava marcado para o dia quinze.

Fazia dois meses que não falava nem via a Angélica.

Eu estava ansioso pelo encontro.

Será que ela havia mudado em relação a mim?

Mil duvidas assaltavam minha mente e meu coração.

Na quinta feira quando chegamos e quando a vi meu coração disparou qual coração de adolescente.

Tão ansioso estava de falar com ela que teve que conter o meu desejo.

Pois muita gente preparando a festa.

À tarde fomos ao sitio para enfeitar - la.

Nesse momento quando todos estavam bem atarefados tivemos oportunidade de dar liberdade ao nosso desejo contido por tanto tempo.

Se alguma duvida ainda tinha em relação a meu amor por ela...

Foi nesse momento que todas elas foram embora.

O casamento do meu irmão foi maravilhoso.

No altar a única pessoa que estava faltando era minha mãe.

Mais sabia que desde o céu ela estava abençoando a união.

Devia admitir que os Italianos sabiam fazer uma festa.

A comida farta.

O bom vinho, a espumante cerveja e a pinga dos alambiques que eles tinham nos canaviais.

Só ai...

Dei-me conta que meu sogro era um homem muito rico e poderoso na região.

Começava a entender que tudo devia ser feito como ele queria.

Mas não imaginou que encontraria uma pessoa que o questionasse.

De ai que comecei a entender a postura quase serviçal do meu futuro concunhado.

Angélica me havia contado.

Que o pai a havia ameaçado de não considerá -la mais filha se ela continuasse a pensar em mim.

Em levar adiante o namoro que eles consideravam uma loucura.

Todos torciam para que não desse certo.

Mas quando mais desejavam isso.

Mais firme e convicto ficávamos em nosso desejo de unir nossas vidas.

Esperei prudentemente uns dias antes de encarar a “máfia Italiana”.

Não podia mais ser adiado.

Devíamos encarar os fatos.

Naquela noite a família toda estava lá.

Fiquei com friozinho na barriga.

Mas me lembrei de tantos momentos adversos que passei.

Que este problema não seria nenhum empecilho para alcançar meus objetivos.

Uma senhora que nunca havia visto foi a primeira a se pronunciar.

Eu sou a madrinha de Angélica e queria saber do senhor quais são as suas intenções?

Olhei para Angélica e perguntei para ela. Preciso responder?

Ela com seus olhos disse que sim.

Minha senhora não lhe deveria responder.

Mas pensando na Angélica vou fazer uma exceção...

Amo-a como nenhum de vocês jamais a amara.

Não porque não gostarem dela. Mas porque ninguém nunca a amou como eu.

Ninguém entendeu a suas necessidades. E Eu as canalizei e as entendi...

Uma tia que sempre foi desde o principio uma pedra no meu sapato falou: E quando você não der mais no couro que acontecera com a menina.

Eu rei gostosamente. Sabia que nenhum argumento que me apresentassem me faria desistir. E respondi...

Tia com os adelantos médicos isso já não e problema.

Se essa e sua preocupação podem ficar tranquilas que na minha família meu tataravô, bisavô, avô e meu pai sempre deram conta do recado e eu como bom filho dos meus ancestrais acredito que cumprirei com a minha tarefa.

Dei uma gostosa gargalhada e falei eu me caso em Julio.

Começamos os preparativos.

A editora me intimou a estar em São Paulo para os retoques finais do livro que seria lançado em outubro.

Pela primeira vez desde que nos conhecemos pudimos ir juntos.

Fomos ate rodoviária e pegamos o ônibus ate à capital.

A nossa alegria era indescritível.

Chegando lá.

Via nos olhos de minha amada a alegria de compartir minhas coisas.

Encontrei-me com meu agente e o dono da editora.

Assistimos juntos a projeção de alguns “slides” que mostravam como seria a capa.

Eu estava fascinado por tudo.

A alegria de Angélica era um incentivo para meu desejo de acertar como escritor. Combinamos tudo e deixamos outra reunião para agosto.

Falaram-me que os jornais, o radio e tv iriam noticiar o evento.

Para mim era tudo como em um sonho.

Meu livro seria lançado nacionalmente.

Aquilo me deixava preocupado e ao mesmo tempo muito feliz.

A batalha foi lutada e agora estava preste a colher o louro ou a derrota.

Voltamos esse mesmo dia.

Peguei um táxi na rodoviária e fomos ate a casa do meu sogro.

Vi nos seus olhos a reprovação.

Mas nada me importou.

Pois o único que valia a pena de fato era a felicidade de Angélica.

Depois de quinze dias retornei para Ponta Porá para dar procedimento a meu segundo livro. Havia recebido o adiantamento.

E devia fazer jus ao investimento da editora que me havia contratado.

Passei todo o tempo na fazenda tentando escrever mais sem conseguir meu objetivo.

Era como se toda a minha imaginação tivesse fugido.

Começava a me questionar se realmente tinha talento ou não.

Duvidas, povoaram a minha mente.

Mas de esta vez não desisteria.

Lutaria para me afirmar em alguma coisa.

Tanta coisa já havia tentado.

Por força do destino deixe a faculdade de medicina no quarto ano.

Trabalhei no mato tirando madeira.

Fui escriturário, bancário e professor.

Já era hora pelo bem da humanidade achar alguma coisa para ganhar a vida.

Na realidade o dinheiro recebido como adiantamento era uma boa grana que me deixaria com uma tranquilidade econômica por um bom tempo para tocar a minha vida.

Este dinheiro sabiamente o coloquei numa caderneta de poupança. No intuito de proteger-me contra as adversidades que pudessem vir no futuro.

Assim como também garantir uma boa rentabilidade.

Meu amigo Juan José continuava a aparecer pela fazenda.

Fazendo companhia ao amigo que momentaneamente estava quase sem inspiração.

Julian sabe o que está acontecendo.

Tua musa inspiradora não esta aqui.

Quando estiver aqui às coisas mudaram totalmente.

Você terá tua musa e fonte inspiradora por perto e o que esta faltando.

Olhei para meu amigo e concordei...

Amigo, acho que você esta com a razão.

Penso o tempo todo nela. De esse jeito no tem livro que saia.

Julian... Ele fez uma pausa tomou um pouco de fôlego e disse: Realmente você quer que Eu seja o Padrinho?

Claro que sim.

O convite está feito.

A não ser que você não queira.

Tem algum problema de se locomover ate São Paulo?

Nenhuma estarei no altar te acompanhando meu amigo.

Sabia que ele estava inseguro.

Pela primeira vez estava sendo convidado para algo que ele achava digno.

Estava linsojeado e emocionado.

Os dias e meses se passaram estávamos já em trinta de junho.

Meu casamento aconteceria em treze de julho.

No dia dois de julho apresentei meu papeis para o fórum e para o juiz.

Tivemos uma entrevista no seu despacho.

Os papeis que me foram pedidos foram analisados e liberados.

E o juiz autorizou o nosso enlace matrimonial.

Estava pronto para o civil e o religioso.

Angélica estava eufórica.

Alegrava-me com todo o que estava me acontecendo.

Tudo corria bem.

Acreditava que nada e ninguém atrapalhariam minha união com a minha amada. Finalmente chegou o dia.

No sábado às dez horas no fórum da cidade contraímos o compromisso do matrimonio no cartório da cidade.

Minhas testemunhas...

Comigo meu pai, minha irmã e meu grande amigo JUan José estavam ali.

A cerimônia foi simples e rápida.

De ali nos dirigimos ate a residência do meu sogro onde foi servido um almoço.

O religioso aconteceria logo mais às vinte horas na igreja matriz da cidade.

Meu nervosismo era muito grande.

Angélica parecia alheia a tudo.

Ela estava feliz, sorrindo o tempo todo.

Isto enchia meu coração de uma grande felicidade.

A emoção tomou conta de mim e da Angélica.

Tremia como uma vara...

Ela impassível. Desfrutando de cada momento.

No altar vi meu pai e minha irmã sorrindo.

Meu irmão e minha cunhada.

Juan José com uma gata fantástica que tirava o fôlego de todos os convidados.

Do outro lado via minha sogra derramando lagrimas.

Imaginava que fossem de felicidade. Mas Eu duvidava.

Meu sogro... Serio concordando e discordando do seu consentimento.

Mas já era tarde o padre estava dando as benzas para uma união duradoura e feliz.

Se fosse só por mim.

E sim interferência do destino seria tão só de felicidade.

A festa pouco importava para mim.

Não via a hora de ficar as só com minha amada.

Lá pelas onze horas ela me fala bem baixinho...

Amor vou me trocar para que possamos ir.

Eu consenti e discretamente sai para fazer a mesma coisa.

Caminho ate a casa grande para preparar-me para viagem.

Encontro-me com meu pai que me deseja sorte.

Abraço meu pai. Meu Deus há quanto tempo que não abraçava meu pai.

JUan José também estava por perto.

Com seu ar debochador foi falando.

Paguei uma nota preta pelo local.

Um hotel fazenda.

Aproximadamente unos trinta kilometros de aqui.

Faça bom uso meu amigo.

Abraçando-me completou: Nós vemos no Mato Grosso do Sul.

Discretamente saímos sem avisar a ninguém.

Chegamos ao hotel em uns quinze minutos.

Quando fomos recepcionados pelos empregados do hotel.

Fomos conduzidos ate a suíte presidencial que foi reservado pelo meu amigo João.

O luxo era o máximo.

Vi no rosto dela uma onda de preocupação.

Olhei com ternura para ela a abracei e selei seus lábios com um beijo molhado e doce.

Senti tremer seu corpo e também o meu.

Sabia que era a primeira vez.

Eu estava tão preocupado com isso que não estava me comportando como Eu era na realidade.

Ela percebendo a minha insegurança e meu temor disse: ame-me sim medo. Seja você mesmo...

A partir de aquele momento deixe extravasar a paixão que me acometia.

Beije seus lábios com volúpia e paixão.

Acariciei cada parte do seu corpo.

Mergulhei na sua intimidade.

Senti seu calor e seu corpo eriçado pelo fogo que nos acometia.

Seus seios deleitaram meus lábios.

Minha língua conheceu a sua intimidade.

Senti o prazer chegando e ela preparada me recebeu com amor e paixão.

Nunca na minha vida havia sentido nada igual.

O sexo foi calmo e ao mesmo tempo intenso.

Cada beijo consumido povoava meus sentidos de fogos multicolores.

Cada orgasmo atingido me colocava no paraíso.

O despertar foi grandioso.

Descobri que fazer amor era uma coisa e fazer sexo era outra.

Durante toda minha vida Eu havia feito sexo e no amor.

Descobria agora a grande diferença...

Os quinze dias que durou a nossa lua de mel nos ajudaram a descobrir coisas que ainda não conhecíamos um do outro.

Voltamos para Porto Feliz ficamos mais quinze dias e depois iniciamos a nossa viagem para nosso lar.

Fomos de carro.

Atravessamos dois estados e nesta viagem aprendi a ver as coisas de outra maneira. Com olhos diferentes.

Quando chegamos fiquei encantado com a postura que ela havia assumido em relação à cidade onde iria morar.

Chegamos ao anoitecer.

Passamos a noite na casa do meu pai e depois fomos à fazenda onde viveríamos. Encantada com a fazenda ficou olhando por horas o horizonte.

A magia do lugar a havia fascinado.

A havia encantado com a sua magia.

O rio que cortava as terras lhe dava uma particularidade toda especial.

Esse lugar me havia inspirado tanto.

De esse lugar saiam meus personagens para conquistar o mundo.

O primeiro romance seria lançado em outubro e esperava uma grande vendagem dos livros.

Estávamos a dois meses do evento.

Em setembro estaríamos retornando para Porto Feliz.

Angélica voltaria para rever seus pais e Eu preparando-me para o lançamento.

Nossas noites eram acalentadas pelo nosso amor que se transformava em uma fogueira de paixão nas noites templadas do alto Amambaí.

A cada dia nossos corpos se sintonizavam mais.

O ritmo de nossos corpos harmonizado trazia prazeres indescritíveis.

Não podia ser formulado, pois a cada dia o ritmo, a paixão, a loucura vestiam ropajes diferentes.

A diferença de idade e de experiência que tanto haviam sido questionados não aparecia nem incomodava em nosso relacionamento.

Aprendemos a traves da convivência a lutar com nossas diferenças culturais e pessoais.

Nunca na minha vida havia sido tão feliz como ate então.

Soubemos respeitar o espaço de cada um, sem transgredir o espaço do outro.

Ricardo Sol
Enviado por Ricardo Sol em 02/12/2020
Reeditado em 06/05/2024
Código do texto: T7125605
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