O mundo encantado de Lozen.

O mundo encantado de Lozen.

Néri estava olhando fixamente para uma pequena luz, Talita curiosa demais foi ao encontro dela, ambos correram atrás a fim de pegá-la, passou a ser uma brincadeira com a qual se entretiveram no quintal da mansão que os mantinha longe das crianças de mesmas idades que elas; ao longe adultos as vigiavam por ordem dos pais distantes que estavam sempre ocupados em seus afazeres.

Cansadas sentam-se no gramado e a pequena luz emite um som que elas compreenderam de pronto, Néri a pega na mão e segura firme a irmã, alçam voo para o infinito sob os olhares desesperados dos seguranças.

Tocado o alarme da casa, pais e a avó que cochilava no sofá indiano saem a questionar o acontecido.

Molile: O que houve ?

Petero: Seus filhos foram levados por algo que não foi possível ver, ambos de braços dados alçaram voo e sumiram rapidamente no horizonte em direção ao sol.

Miriades: Que loucura estão dizendo, isto não existe.

Petero: Nunca ouvimos falar, mas é o que aconteceu, não pulariam muros a nossa vista, mesmo porque são seis metros de altura.

Em minutos a polícia chegou à mansão, passaram a investigar minuciosamente o local. Nada foi encontrado de estranho, nenhuma pegada, mas negavam-se a crer no acontecido.

Entre as nuvens a pequena luz pede para que a solte, já não havia perigo de caírem, estavam seguros.

Néri: O que é você?

-Sou uma pequena fada, me chamem de Mirani.

Talita: Fada? Onde você vai nos levar?

Lozen pediu para resgatarmos crianças que se sintam abandonadas e levá-las até ele, quer propor uma vida nova cheia de encantamentos.

Talita: Queremos conhecer Lozen, mas e a mamãe, o papai e a vovó que vive cochilando no sofá?

- Se os amam saberão que é melhor para vocês a aventura de serem o que desejam ser, conheçam Lozen e decidirão.

Néri: Somos muito pequenos para decidir, mas o passeio está ótimo, vamos adiante.

Mirani à frente e ambos de braços abertos, por vezes rodopiando alegremente davam gargalhadas que não eram ouvidas por ninguém, assim era na mansão de onde saíram, não se importavam se riam ou choravam.

Gritem bem alto, riam, só não chorem, onde vamos não há motivo para isto.

Sem se preocuparem com o tempo e nada entendendo divertiam-se, assim deveria ser a vida: apenas vivê-la, os adultos preocupam-se demais e esquecem os tesouros que correm pelos quintais.

-Em poucos segundos como dizem avistarão a terra de Zen, lugar onde se reunirão meninos e meninas que sentem-se como objetos de adorno nas casas dos pais.

Talita: E onde fica?

-Naquela direção, a direita do cometa, aquele maravilhoso ser de caldas.

Os irmãos viram surgir do nada uma pedra enorme com uma grinalda de noivas extremamente branca.

Néri: De onde veio?

Mirani: Do cofre de surpresas de Lozen, ele os manda para indicar o caminho à Terra de Zen, só a vemos quando chegamos bem perto.

Foi só falar e apareceu à frente deles uma grande área verde, de imediato viram rostos e braços em árvores que se divertiam jogando os animais de galhos em galhos, neste momento esqueceram de sua vida e desejaram estar ali.

Na mansão a preocupação só aumentava, havia passado vinte minutos desde o desaparecimento e os policiais não sabiam o que fazer, mas pensaram em alguma forma de sequestro e pediram para ficar atentos aos celulares.

Neri entretinha-se com borboletas que falavam sobre a alegria de voar entre árvores e sobre os rios, Talita conversava com uma flor que explicava para ela quão difícil é ficar em um só lugar tendo um mundo todo para explorar. Talita concorda, mas diz:

-Mesmo assim és muito bonita, alegra-te a mostrar-te aos animais e às majestosas árvores que se divertem com eles.

-Alegro-me sim, mas queria mais.

Talita: Sou pequena ainda, mas já quero mais também, aqui tudo é tão lindo, mas papai e mamãe devem estar preocupados.

-Sem dúvida que estão, chama-me de Roster.

-Olá Roster, onde fica o Lozen?

-Ele está em todo lugar, mas nunca se sabe onde.

Talita: Como assim?

-Conhecendo-o entenderá.

Divertiam-se quando chegam crianças às dezenas, todas se divertiam de imediato.

No alto da árvore uma figura inusitada, uma veste laranja que mais parecia de um rei das histórias que ouviam e com botas pontiagudas.

Do alto uma voz quase infantil:

Crianças perdidas, vocês estão na terra de Zen, sejam bem vindos!

Aqui vocês se divertem, nada mais.

Há árvores e animais, há grutas e muito mais,

Os doces já estão sendo feitos, e os sorvetes quase prontos.

Espalhem-se por Zen e verão que a alegria os fará companhia, nada de preocupações, não se deixem levar por emoções, façam a vida valer a pena.

Londim: Todos estamos gostando, sei que sim, basta ver a alegria no rosto de cada um, mas para sempre é muito tempo para nós, não podemos apenas nos divertir e depois voltar para casa?

Muitos disseram que eram a favor do desconhecido, outros aquietaram-se.

Lozen: Divirtam-se, na hora dos doces conversaremos mais.

Dito isto a folia estava feita, voos baixos ou altos, incansáveis brincavam com animais e plantas, borboletas e pássaros, e quando descobriram que as águas tornavam-se em forma de gente e pulavam sobre elas a festa ficou ainda mais gostosa, entre a sujeira das terras presas na única roupa que tinham e as águas das brincadeiras do rio que corria atrás delas chegou a hora dos doces tão esperada, ...ao ver a mesa feita...

Talita: Quantos doces, quantas delícias, mamãe não vai se importar que eu coma um pouquinho de cada um.

Setenta e três lugares, mesa imensa que não estava ali, certamente vinha do cofre de Lozen.

Todos sentados, chegaram as fadas que brilhavam e cantavam baixinho enquanto as crianças se deliciavam.

Depois de tantas delícias o silêncio.

Minutos depois o toque da trombeta que anunciava perigo na Terra de Zen.

Sem nada entender, mas percebendo que havia algum perigo as fadas levaram os meninos perdidos para um local seguro.

No alto uma nave avermelhada era recebida por Lozen, de seu interior surge Ractaz que desajeitado como é fala com estranhos sons, mas pelo que viam o líder os entendia.

Lozen: Protegerei a todos com a minha vida, se querem estamos sempre prontos para a batalha.

Ractaz: Queremos apenas algumas delas, não precisamos guerrear.

Lozen: As escolhemos minuciosamente, mandei as fadas buscá-los, estão sob meus cuidados, nada as retirará de mim.

Ractaz que já havia lutado com Lozen sabia que não seria fácil tirar dele qualquer das crianças, a mais mirradinha que fosse.

Evadindo sem qualquer conflito, deixou a Terra de Zen.

Todos voltaram a sentar-se na mesa em seus lugares e ouviam os desejos de Lozen que eram os deles também.

Sentiam-se protegidos e amados, divertiam-se, o que mais iriam querer?

Seguiram-se os dias e o tempo já não era mais contado apenas as brincadeiras recheadas de doces.

Enquanto isso na mansão, cinco minutos depois os policiais voltaram aos seus lugares a espera de novidades, os celulares não tocaram ainda, mas achavam que certamente haveria negociação.

Dias e minutos, tudo se misturava, cada segundo vivido na mansão era um tempo longo na terra de Zen onde reinava a alegria.

Nas terras de Zen as crianças são sempre crianças, nada de ver o tempo tomar conta de seu modo de ser, os tempos contado na Terras em segundos lá são dias, meses anos. Mas quem não acolhe a cada instante àqueles a quem deveriam amar não são dignos de fazê-los dos dias e anos que seguem, as crianças crescerão tristes e insatisfeitas enquanto que em suas terras a felicidade é sempre plena. Não duvidem crianças! Venham para as Terras de Zen.

Sérgio Ricardo de Carvalho
Enviado por Sérgio Ricardo de Carvalho em 30/09/2020
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