ESTE ARAGUAIA C10
“ESTE ARAGUAIA" C10
Pronto só fiquei eu e a família do Joel no camping, Joel me chamou, Miro vamos dar banho nas minhocas, respondi que sim e desta vez fomos sós nós, fizemos um longo passeio rio acima até passar por Aruana e chegamos às praias já famosas no mundo, ilhotas de areia e barracas de acampamento por todo lado e mulheres lindas e homens crianças, parecia uma cidade dentro do rio, Joel manobrou o barco por todas as ilhotas e perguntou se eu estava gostando, respondi que sim e ele disse: Todo sábado eu venho aqui por colírio nos olhos, às vezes trago o Moacir, mas aquele moleque meu é muito devagar, ta namorando uma ribeirinha, hoje vai pra lá e só volta segunda. Eu gritei pra ele: - Quer melhor do que isto? – Ele respondeu vai casar logo, se eu tivesse a idade dele não me casava é nunca.
Voltamos para os poços que ele conhecia e conversando pescando, quando assustamos era mais de cinco horas, retornamos chegando ao camping à noite, dona Lena estava no ancoradouro e puxou a corda que Joel lhe jogara amarrando no tronco da arvore. Perguntou: - cadê os peixes? Joel tirou a miussáias que pegamos e chasqueou: - Hoje é sábado, estão de folga, ela respondeu: - pode ir tratar deles porque o Moacir pegou o outro barco e já se mandou a Neusa já tomou banho e o Leo disse que tá de dor de barriga. Ele disse: - pode deixar que eu trato, eu me ofereci para ajudar e ele disse: - não Miro, pode ir tomar seu banho pra nós jantar, ainda tem da pinguinha boa? Respondi que sim e ele foi cuidar dos peixes e eu para o banho.
Depois do banho, fui ao refeitório, e às panelas estavam na cozinha, Joel já estava jantando e me chamou, - Miro, nós nem pusemos comida aí, pode se servir aqui mesmo ou tem problema? - Nenhum Joel, vou pegar a pinga, voltei ao quarto e trouxe o último litro, abri e dona Lena já veio com uma xícara estendida, enchi a vasilha e Neusa perguntou, posso experimentar? Perguntou pra mim, eu ia falar o que? Pode se seus pais deixarem, só um pouquinho respondeu Lena, esta se ficar de fogo sai de baixo, apronta de tudo.
Jantamos e eu saí para a varanda, à lua estava muito bonita, mais ainda não cheia. Nesta noite apenas sentei-me numa poltrona de couro bem antiga, mas macia e confortável e fiquei repensando minha vida, o que vale a pena: viver, sonhar, sofrer e amar ou apenas deixar o tempo levar nossa tão pequena existência já que não sabemos aproveitar nossa vida em toda à sua essência? Procuramos por coisas sem sentido nos aglomerando em cidades e respirando ar poluído, gastando energia num esforço constante pensando o ter e esquecendo o verdadeiro sentido da felicidade, o viver em harmonia com a natureza, aproveitando esta riqueza e este espaço que ainda temos disponível e que um dia quando os nossos cabelos perdem à cor, nossos pés ficam cansados nós descobrimos o quanto é valiosa e que aí é muito tarde para tentar, pois, o tempo nos engoliu e comeu nossa energia e vontade.
Joel veio se despedir e resolvi entrar e dormir, era cedo ainda, vinte horas no máximo, mas me sentia cansado e insatisfeito com sentimentos confusos como se fosse culpado e não entendendo qual era minha culpa. Após à vista ao sanitário, deitei-me e desta vez não dormi nu, não deixei meus pensamentos voarem desta vez, apenas me lembrei de uma mulher e retive sua imagem no pensamento para que dormisse na minha mente e nem tive de apelar para o meu sonífero especial de ir ao espaço, dormi em seguida e sonhei com a moça dos girassóis.
Acordei com o cantar dos primeiros pássaros, talvez pelo silêncio do dia anterior eles tivessem se aproximado mais do Camping, permaneci deitado ouvindo e tentando adivinha qual o pássaro que piava, o bem-te-vi, o canário da terra, um sabiá, e logo uma mistura de tantos sons que me levantei e abr à janela, o dia começava a clarear, fui ao banheiro e depois vesti minha roupa e me dirigi à cozinha, Dona Lena tinha se levantado e acabara de coar café, tomei uma xícara cheia e comi um pedaço de bolo e não quis mais, agradeci à senhora e saí dizendo-lhe que ia caminhar um pouco, não o fiz, sentei-me à barranca do rio e fiquei extasiado com tanta beleza à media que o sol ia iluminando tudo, tanta vida, tanta beleza me emocionou, pensei mais uma vez em como nós os humanos somos tolos de aprender a viver no paraíso e nos contentarmos com tão pouco na nossa passagem pelo tempo que nos é concedido.
Quando clareou caminhei um pouco na margem do rio, acho que andei mais de dois quilômetro prestando atenção em tudo o que se mexia, num local onde se via uma pequena clareira de areias brancas vi algo que lamentei não ter poder tirar uma foto, o que eu via eram duas enormes cobras amarelas e pretas, praticamente enroladas uma na outra e se equilibrando com as cabeças à um metro do chão, não estavam brigando, pensei que estivessem dando um apela manhã, mas eu não podia afirmar, poderiam estar se esfregando para a troca de peles, à tarde o Joel me confirmou que estavam é metendo mesmo.
Como logo à frente começava uma floresta ainda não derrubada pelo homem andei um pouco mais e me aproximei de novo da margem do rio, vi seis carcaças de pirarucu, ainda cheias de sangue, quem os matara aproveitou apenas a carne deixando os corpos inteiros. Eram peixe grandes dois deles com mais de dois metros de comprimento, meu coração ficou pequenino, abaixei e peguei algumas escamas que estavam soltas, coloquei no bolso da calça e retornei ao Camping.
Quando cheguei o Joel estava pronto para sair, perguntou se eu queria ir a Aruana, pois ia fazer compras agradeci, mas disse-lhe que ia tentar escrever um pouco. Ele respondeu que deveria demorar bastante, e teria que andar um bocado por lá, se eu quisesse pescar chamasse o Leo que ele sabia de poços bons. Neste momento um ronco de um barco se fez ouvir e dentro em pouco acostou no ancoradouro, era o Moacir a noiva e uma guria que certamente nos ainda velhos costumes acompanhava à irmã para não deixa-la fazer bobagens, ri do que pensei, isto não existia mais nem na roça, mesmo no passado a gente comprava os moleques encarregados de vigiar sempre às mocinhas, homens eram livres, os vigias se vendiam em troca de algumas balas doces.
A garota do Moacir era simpática e brincalhona, de estatura pequena, mas bem dimensionada de corpo, magra e linda como todos os jovens o são, gostei dela. Fui pro meu quarto e escrevi até na hora do almoço, estava tão absorto no que escrevia que o Leo bateu e como não respondi, ele abriu a porta que não estava chaveada, pediu desculpas, que lindo aquilo, educação de casa com certeza, antes de sairmos ainda perguntou se podia mexer na viola, aproveitei para lhe ensinar às posições de sol maior e por ele ficávamos sem almoço, garoto inteligente, aprendia com rapidez tudo o que eu ensinava. Fui almoçar e depois resolvi ir para a prainha pescar, Leo queria ir, mas Lena não deixou, pois, teria de lavar a pocilga e fui sozinho.
Não estava com vontade de pescar, fiz como pescador preguiçoso, finquei a vara na areia, tirei os chinelos e resolvi experimentar à temperatura da água, escolhi uma parte onde a água mais profunda não chegava a molhar meu short atravessei esta parte mais profunda e fui para o banco de areia, coisas do que se vê no Araguaia, uma ilha de areia e um pequeno rio cortando-a ao meio, que coisa linda, creio que este riacho tinha uma média de oitenta metros, comecei a caminhar por ele, a água alcançava meus joelhos.
Parei ainda no início fiquei observando um bando de guarás voando sobre o rio, e me lembrei dela, ela iria gostar disto, se estivesse ali, meu coração ficou pequeno, quase que por mágica apareceu a figura da mulher loura ao meu lado, segurou minha mão rindo e fomos caminhando juntos na água soltou minha mão e forçou à passada e se voltou para mim, rindo e me jogando água, caminhamos assim brincando de um molhar o outro, depois me abraçou, e voltamos a caminhar, paramos e ela me abraçou de frente e me beijou, um longo beijo, perverso beijo, me ascendeu e me soltando voltou a andar depressa, se voltava e me jogava água, eu a seguia, queria mais carinho, mas ela rindo fugia, o sonho acabou de maneira brusca quando mergulhei na parte profunda do rio, assustei-me de verdade.
Já havia cinco anos que não me arriscava em águas profundas devido a quase ter morrido no rio São Francisco ao tentar atravessá-lo e ter uma cãibra violenta numa das pernas, saí desta vivo por sorte, e por não me apavorar, mas daí pra cá não me arrisquei mais na água. Felizmente me afastei apenas três metros na água profunda e com algumas braçadas retornei ao local seguro, a mulher sumiu e eu voltei à margem e após esperar no sol até o short perder um pouco da água voltei à sombra da grande árvore e sentei-me deixando meus pensamentos passear na imaginação de sonhos possíveis ou apenas fantasiosos e impossíveis.
Estava quase dormindo acho, de repente a voz da Neusa estridente me chamou a atenção, olhe para o local de onde vinha o grito, ô seu Miro, não vai nadar com este calor? acenei que não e ela simplesmente puxou o vestido pela cabeça e que visão mais linda de menina nua e sem pudor, não usava nada por baixo, jogou o vestido na areia e mergulhou da parte mais alta da margem, parecia uma sereia, sim, mesmo eu não tendo visto nenhuma, a imaginei assim, uma sereia, nisto a algazarra foi geral, veio o Moacir a noiva o pequeno Leo a menina e todos tiraram a roupa e gritando me chamavam para ir nadar com eles se atirando nas águas daquele lindo Araguaia. Fiquei olhando aquele espetáculo maravilhoso, sem sentir culpa de olhar, em nenhum momento eu senti que havia pecado em mim, senti sim que aquilo era que deveria ser o normal para o resto da humanidade.
Nisto aparece dona Lena passando bem perto de mim e perguntando: - Seu Miro não vai nadar? Respondi – não dona Lena, eu entrei lá um pouquinho, mas me dá cãibras e eu tenho medo Ela se afastou uns dez metros de mim e virada de costas começou a tirar a roupa, não acreditei, fiquei olhando e desta vez sem pecados, mas com o olhar crítico, ela era cheinha sem ser gorda, a Bunda dela era grande e projetada para traz, pensei como meus botões que o Joel tinha culpa no cartório, ela se virou de frente para mim e voltou a gritar vamos para água seu Miro, pude vê-la de frente, a perseguida era cabeluda e os seios não tão caídos, mas olhava rapidamente sem parar o olhar, ri e ainda consegui balbuciar que não. Saiu correndo e pulando no rio e jogando água por todo lado. Fiquei ali olhando aquele quadro único pintado nas águas daquele Araguaia.
Amigos, o próximo será a última parte desta viagem de pesca. Vou pedir a todos os amigos que lerem e quiserem comentar, par ler o final no meu SITE, pois compus uma musica cuja letra fala do Rio Araguaia, aliás, o título dela é: “Este Araguaia” Um abraço galera e até depois.