Decisões amargas
Não deveria ser permitido que lutassem. Ele tinha que pensar num meio de impedir isso.
- Ao menos, será um jeito de resolverem de uma vez por todas as diferenças - minimizou Sándor.
- Está enganado - retrucou. - Pap e Balog são essenciais para a concretização do nosso plano. Se insistirem nessa pendenga sem sentido, vão colocar tudo em risco.
- E o que você pretende fazer? Vai ser o mediador entre eles? Sabe a razão pela qual estão estremecidos? - Sándor parecia estar aborrecido.
- Sim, eu sei. Todos aqui sabem, imagino. É a Dalma.
Dalma havia se juntado ao grupo há apenas seis meses, mas certamente já deixara sua marca nele, para o bem ou para o mal. A rivalidade entre Pap e Balog, por exemplo, que disputavam a atenção dela.
Por outro lado, Dalma havia trazido informações vitais sobre o inimigo e os colaboracionistas que o serviam. Graças à ela, um ataque ao principal quartel das forças de ocupação era agora factível. Decidiu que precisava falar com Dalma, não com Pap e Balog.
- Quer falar comigo, Gáspár? - Indagou a jovem ao encontrá-lo de guarda, no alto de uma colina próxima ao acampamento.
- Sim, Dalma - assentiu. - Como sabe, estamos finalizando os planos do ataque ao quartel de Tapolnor. É necessário que volte lá para atualizar nossos dados sobre a guarnição.
Diante da hesitação de Dalma, acrescentou:
- Você despertará menos atenção, por ser mulher.
- Sim, compreendo - resignou-se ela.
Dalma partiu ao nascer do sol. Como não havia retornado pela hora do almoço, Gáspár ordenou que Pap e Balog refizessem o percurso para tentar encontrá-la. De fato, eles tiveram sucesso, mas Dalma estava morta. Alguém lhe acertara um tiro na cabeça.
- Devem ter sido as forças de ocupação - sentenciou Gáspár.
E abraçando os dois companheiros:
- Vingaremos sua morte!
- [22-08-2020]