Praia
É final de verão.
Todos estão ali, bem pensativos no que fazer ao término da estação tão bela e tão marcante para a família.
Os meses de dezembro, janeiro e fevereiro foram todos com muita chuva. Mal saiam de casa. As férias foram passadas totalmente dentro da residência. Ora assistindo televisão, ora jogando cartas, ora dançando ao som do Balão Mágico, ora brincando. Já era agonia para a família. O mais velho, já se preparando para ingressar na faculdade, disse que gostaria muito de ir à praia. Queria brincar nas ondas com a nova prancha ganha no dia do aniversário. A do meio, como sempre, queria brincar de construir castelos na areia. A mais nova pensava em comer porções de camarão, batatas fritas e tomar refrigerante. O chefe da família pensava em se deliciar com o som das ondas do mar. Gostava de observar a quebra das ondas na praia. Ver pessoas brincando na água. Para ele, o mar era aquilo. Não entrava na água, pois tinha medo e não sabia nadar. Debaixo de uma barraca, ele ficaria ali o dia todo e, se possível, ficaria a noite toda também. A matriarca da família não gostava muito. Queria ir, mas ficaria em casa descansando, pois o trabalho na área do ensino é muito cansativo e dormir seria uma das melhores opções para o dia.
Em um passe de mágica, alguém conhecido ligou para a família e disse:
- Eu consegui uma casa na praia hoje. O antigo reservista desistiu e o zelador me ligou agora. Vamos entrar na casa às sete horas da manhã. Vamos sair agora. Prepare as crianças para irmos.
Foi aquela confusão. A mais nova já estava deitada. Na mesma hora, ela se levantou e organizou as malas de todos. As roupas de praia, as roupas noturnas, enfim, tudo o que estava previsto.
Papai, disse ela:
- Vá à padaria e compra estas coisas para levarmos. Pão de queijo, rosca, biscoitos, salgadinhos, água, refrigerante, etc...
Uma enorme lista de ingredientes, que o patriarca teve que levar consigo o filho mais velho para trazer.
Um pequeno telefonema para o chefe do serviço, o pai tirou os cinco dias de folga do serviço. Já estava tudo combinado e a semana estava propícia para folga.
Juntaram todos. Rapidamente colocaram as bagagens no veículo e no piscar de olhos o cunhado, com a família, já estava buzinando na rua e partiram.
A viagem estava sendo conduzida perfeitamente. Muito cansados os dois motoristas estavam, mas rodar uns seiscentos quilômetros era uma meta bem baixa para eles.
Quando percorreram duas horas de estrada, uma forte chuva iniciou. Foram obrigados a parar em um posto de beira de estrada. Aguardaram alguns minutos e foram novamente. A chuva apertava mais. Em um determinado momento, viram várias luzes de sinalização na estrada. Duas viaturas da polícia rodoviária estavam posicionadas e pediram para que eles parassem. Eles pararam e um dos guardas foi logo dizendo:
- Boa noite, senhores. Estamos alertando-lhes que esta estrada não tem condições de prosseguimento. Houve queda de barreira a um quilômetro daqui. O trânsito foi interditado. Vocês terão que retornar e pegarem um novo caminho.
- Sim, Senhor. Obrigado pela informação.
Os dois olharam no mapa e teriam que fazer um novo percurso de mais duzentos e cinquenta e dois quilômetros para atingirem o objetivo.
Tomaram água e refrigerante e seguiram.
Assim que fizeram o retorno, foram conduzidos por novos lugares. A chuva sempre estava ao lado deles. Caia forte e às vezes era fraca. Passava por algum momento e dava para ver a lua cheia, mas aos poucos, as nuvens se formavam e chovia mais.
Novamente, mais uma sinalização. Os guardas rodoviários disseram que o caminho estava interditado, pois a ponte havia sido arrastada pela força da correnteza de uma enchente. Levou consigo a ponte todo.
Mais uma volta de quase duzentos quilômetros.
O dia amanhecia e eles estavam bem longes da praia.
Viajaram o dia todo. Por mais duas vezes, foram parados e o destino deles foi novamente interrompido. As quedas de barreiras, os lugares lentos e mais desvios, tornavam a distância cada vez maior.
A noite chegou. Ainda estavam longe do destino. Mais desvios e na manhã do dia seguinte eles chegaram ao destino.
Assim que chegaram à praia, foram surpreendidos com a notícia de que a reserva deles era para o próximo final de semana e não aquele. O cunhado entendeu mal o telefonema. Sem lugar para ficar, voltaram tristes e na semana seguinte resolveram ir para outra praia. Foram, portanto, de avião.