O MENINO DA AREIA

Um tempo em que a praia do Indaiá era quase deserta. Férias de Papai, fora de temporada, única na qual viajamos para Caraguatatuba.Alugamos uma meia-água escondido num matagal por quinze dias. Chegamos no meio da tarde de uma quinta-feira, minha mãe grávida de cinco meses, a irmã de 5 e o irmão de 2 anos de idade. mamãe decidiu que não iríamos à praia naquele dia e que, quando fôssemos, seria apenas no período da manhã e até 10 horas: Fiquei revoltado, dependesse de mim ficaríamos todo o tempo junto ao mar.

A casa ficava a poucos metros da praia, mas não era possível vê-la. menino de 10 anos fiquei inconsolável, não trouxera brinquedos nem livros e recusava-me brincar com minha irmã, foram tarde e noite desagradáveis.Recolhemo-nos cedo, por volta das oito e meia, pouco tempo depois todos dormiam, menos eu. ouvia o vai e vem das ondas, batia-me um desejo enorme de escapulir da casa e ir até lá: Como seria uma praia de noite? Como seria no dia seguinte ? Se fôssemos bem cedo poderia recolher conchinhas em abundância! Não via a hora de pular ondas, encher o balde de areia, correr ao Sol ! E as ondas iam e vinham, iam e vinham, batiam nas pedras, foi quando ouvi a sereia, cantava uma canção... ia e vinha... era um chamamento, a sereia, as ondas, o mar...

Abri a porta sem ruído, o mar me chamava,"chuavenha...chuavenha"...Chuá de chuva chiava em meus ouvidos...A sereia sibila,talvez piratas ali aportassem... seriam sereias fadas, a areia era um tapete de veludo branco sob a Lua, eu ia para a água, a maré subira quando Papai me deteve, acordei assustado e trêmulo, mamãe vinha logo atrás chorando, tivera mais uma crise de sonambulismo...

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 04/01/2020
Reeditado em 04/01/2020
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