Gaijin - Parte VIII - A Verdade Sobre o Grande Dragão Vermelho
A medida que a reunião ocorria, tive a estranha sensação de que aquilo não acabaria muito bem, trazendo resultados contrários do que queríamos.
O Dragão Vermelho se irritou com Shinpi Yoko e os dois quase foram ás vias de fato com Caleb e Nikolai tendo que apartá-los na base da força.
Já Yaku estava apresentando uma de suas meninas a Minoru dizendo que ela seria uma esposa perfeita para o novo daimyo de Shiro Koori.
Yoko nos saudou assim que entramos no altar onde a reunião se realizava e o Dragão Vermelho, com sua incrível falta de tato, criticou Yoko violentamente com relação a sua nova fé que, segundo ele, estava abalando os alicerces do domínio.
Vareen então perguntou aos dois Shinpis a respeito da Dama Infernal e o Dragão Vermelho falou sobre um império chamado Hao, um lugar bem distante de Rokushima Taiyoo, deixando o clérigo bastante intrigado.
Assim que os dois Shinpis se retiraram, Vareen nos chamou a seus aposentos para uma reunião de emergência e contou a nós o que descobriu.
A Dama do Inferno seduz os homens e arranca as sombras deles para formar seu próprio exército, um fato bem plausível com a emboscada que sofremos três dias atrás.
Descobriu ainda que as Damas do Inferno tinham feito um pacto com o Dragão Vermelho para ajuda-lo a destruir seus irmãos na guerra, o que fez aumentar mais ainda a raiva de Caleb.
Porque para ele, o Dragão Vermelho era uma ameaça e sugeriu a Vareen que ficássemos de olho nele lembrando-se de seu plano de soltar o espírito do pai deles durante a nova etapa da reunião que se realizaria amanhã.
Isso não seria mais necessário.
Porque Vareen faria mais um de seus grandes e tocantes discursos.
* * *
Ao tomarmos nossos lugares para o segundo dia de reunião, notei que o Dragão Vermelho nem nos encarou provavelmente furioso por termos descoberto seu pacto com a Dama do Inferno.
Vareen pediu a palavra e falou em um tom ponderado a respeito do Grande Dragão Vermelho e da ameaça que ele representa não só aos daimyos como também a todo o domínio.
Ele então lançou seu plano a mesa cujo objetivo era explorar as ruinas setentrionais em busca do Grande Dragão Vermelho e manda-lo de volta para seu covil.
Para isso, tínhamos que voltar ao território do Dragão Vermelho.
Antes que o caldo fosse entornar de vez, para nossa surpresa Yake concordou com nossa sugestão nos dando informações sobre mortos-vivos aparecerem em seu território aterrorizando a população e falou também de um padre, que a princípio achou ser um dos espiões de Yoko, dando ordem de executá-lo por espionagem, mas o carrasco fugiu assustado com sua palidez.
Yoko ficou bastante preocupado com o que o Dragão Vermelho falou e sugeriu a Vareen, Caleb e William que Matheus Motoyama fosse conosco para nos ajudar a localizar o misterioso padre e também fez isso com o objetivo de acalmar seu irmão para juntos resolverem essa questão sem lutar.
Nós aceitamos a proposta de Yoko e Caleb aconselhou o Dragão Vermelho a não mandar suas tropas contra nós ou as consequências não seriam nada agradáveis.
Era hora de voltarmos as ruínas para investigar o ocorrido e procurar pelo tal padre.
No entanto, tínhamos um suspeito cujo perfil coincide com as informações dadas pelo Dragão Vermelho.
Nosso velho e bom amigo Roberto Lazarento.
* * *
Feitos todos os preparativos, rumamos novamente para o norte com Motoyama a nosso lado.
Nikolai e Caleb haviam recuperado seus poderes embora o olhar vermelho do baroviano ainda fosse permanente nos levando a ficar mais cautelosos e o outro baroviano ficou um pouco chateado porque estava gostando de ser um guerreiro sem poderes.
Assim que entramos nas ruinas, vimos algo bizarro.
Esqueletos e zumbis nos olhavam com indiferença e o odor de podre era insuportável dentro daquela caverna, tanto que William não suportou o mau cheiro e vomitou todas as poções que bebeu.
Fomos as catacumbas e encontramos documentos espalhados pelo chão.
E nossas suspeitas haviam se confirmado.
Roberto Lazarento mentiu para nós.
Ele foi o responsável por romper os selos e libertar os monstros que aterrorizavam Yoake Shiro.
Tudo isso por mera curiosidade.
* * *
Sem perder mais tempo, fomos direto para o selo rompido com Vareen detectando magia recente.
O clérigo decidiu fechar o selo de qualquer maneira e Nikolai viu outro selo intacto com o portão principal ainda fechado.
Sentiu ainda uma forte erosão no solo e minas na volta. Eram nove ao todo e foram abertas pelo Grande Dragão Vermelho.
A entrada de uma dessas minas era vulcânica e assim que Caleb e Vareen selaram o primeiro lacre com seus poderes combinados, adentramos a mina.
Os dois tomaram um enorme susto quando avistaram um oni vermelho que tentou passar pela muralha e não conseguiu.
Um segundo monstro passou por nós e teve que recuar graças a outro selo fechado por Caleb e Vareen.
Notamos que a medida que penetrávamos cada vez mais nas minas, mais monstros apareciam e mais selos foram rompidos.
E lá foram Caleb e Vareen abençoar e selar, selar e abençoar praticamente a cada passo que davam.
Na mina seguinte, encontramos uma espécie de salão dos ossos e ficamos pasmos com o que vimos.
Alguns dos ossos se mexeram e formaram uma espécie de demônio, o gashakon, para nos atacar.
Caleb e Vareen rapidamente selaram e abençoaram a mina, fazendo o demônio voltar a ser uma pilha de ossos e ajudando a passá-la sem dificuldades.
Mais ao norte, sentimos uma forte energia vinda de outra caverna e encontramos outra mina com alguns buracos a nossa frente.
Bem, buracos seria uma maneira generosa de dizer, aquilo estava mais para crateras.
Ao entrarmos, encontramos uma enorme câmara toda iluminada por tochas cujo ambiente estava mais pesado a cada passo.
Ficamos ainda mais apreensivos quando William começou a sentir-se mal e passou a ter fortes acessos de tosse.
Seu rosto estava pálido e seu corpo prestes a se congelar.
De repente, ouvimos uma risada vinda da caverna. A mesma risada histérica que ouvi em Shiro Koori.
Era uma Dama do Inferno, a mesma que havia feito a emboscada contra nós.
Finalmente saberíamos de tudo.
* * *
A verdade era mais terrível do que imaginávamos.
Ela nos disse que o monstro era uma espécie de yokai-tigre que assassinou o Grande Dragão Vermelho tempos atrás e desde então estava selado até alguém o libertar.
Disse ainda que o monstro está dormindo em uma caverna abaixo de nós após fazer sua refeição, ou seja, depois de acabar com mais uma vítima inocente.
Ao saber disso, Vareen imediatamente concatenou um plano enquanto William abençoava a chaskar de Nikolai.
O plano consistia em voltar o mais rápido possível a Shiro Koori e conseguir com os Shinpis os seus objetos mais valiosos para termos uma chance de derrotar o yokai: a espada, o rosário, o espelho e o leque.
Na teoria, o plano era bastante plausível e com boas chances de funcionar.
Mas havia um problema dos grandes.
Convencer os três irmãos inimigos a esquecer de suas diferenças e se juntar a Minoru e a nós para enfrentar o inimigo comum.
Uma tarefa complicada até demais.
* * *
Durante o novo encontro, Vareen mostrou aos quatro daimyos o desenho que fiz do monstro onde, a princípio, acabou dando resultado.
No entanto, o Dragão Vermelho foi afetado pelo orgulho e pela arrogância retirando-se abruptamente da reunião convicto de que vai acabar sozinho com o monstro, ignorando por completo os protestos veementes de seus irmãos e de Minoru.
E também dos nossos.
Sem perder tempo, cada um de nós pegou um objeto dos Shinpis para a empreitada: Vareen pegou o leque, Nikolai pegou o espelho, Caleb pegou a espada e eu fiquei com o rosário.
Nos testes que fizemos, descobrimos coisas interessantes sobre estes artefatos.
Vareen mandou um raio no espelho que Nikolai segurava. O raio ricocheteou no espelho e voltou para Vareen, fazendo-o cair de todo comprimento e por pouco não o fritando por completo.
O rosário se mostrou inútil comigo e entreguei a William para que o testasse.
Ele então usou seus poderes e notei algo estranho no olhar de William. Era como se estivesse sendo dominado pela tentação do poder incrível que o rosário emanava.
Depois de se regenerar e de curar Vareen, William usou a neblina para nos levar direto ao Dragão Vermelho.
Era hora de enfrentar o monstro e ajudar o Dragão Vermelho, quem ele quisesse, quer não.
Mas ninguém imaginaria que essa tarefa com o Dragão Vermelho seria bastante facilitada.
Tudo graças a impetuosidade de um certo paladino arauto do Senhor da Manhã.