Gaijin - Parte IV - Ruínas, Templos e Demônios
Assim que chegamos as ruinas, vimos algo perturbador através da magia de Vareen.
Descobrimos que a magia que o clérigo detectou vinha de uma espécie de seita necromante intitulada Ordem de São Lázaro e isso não era tudo.
Além dos tradicionais zumbis, vimos um esqueleto reverenciando um homem ao mesmo tempo em que os espíritos dos antigos habitantes das ruínas nos observavam a cada passo que dávamos.
O homem usava batinas e tinha aspecto tão pálido que a primeira vista seria facilmente confundido com um barqueiro das brumas.
Seu nome era Roberto Lazarento e disse que estava a procura de monstros. Dá pra se dizer que ele parece ser um especialista nisso e no cômodo ao lado, vimos seus incomuns ajudantes transcrevendo livros e pergaminhos nas estantes próximas.
Vareen falou sobre a busca pelos restos mortais do daimyo e ele nos indicou o caminho do cemitério.
Antes de irmos, peguei um dos livros e Vareen pegou um dos pergaminhos da estante e pesquisamos neles em busca de mais informações a respeito do lugar ou dos demônios, mas nada havia de útil ali.
Só tínhamos um lugar para continuar procurando.
As próprias ruínas.
E com Roberto Lazarento a nosso lado para ajudar-nos embora ainda eu desconfie das suas verdadeiras intenções.
* * *
Perguntei a Vareen o motivo de sua convicção sobre os restos mortais do daimyo não estarem naquela tumba em Yoosai Kurai e ele disse que ouviu de Yoko que estes foram removidos para o verdadeiro local de descanso. Achei a resposta de Vareen confusa demais e não insisti mais em perguntar.
Assim que adentramos os antigos aposentos do daimyo, Caleb teve a ideia de tentar obter informações deste lugar através do espírito do lorde negro.
Quando o paladino tentou fazer exatamente isso, notei que dois esqueletos tremeram e caíram explodindo-se em pedaços.
Um pouco mais a frente, adentramos uma catacumba que nos levou a uma enorme caverna.
Ao passar por ela, deparamos com um rio subterrâneo onde nas margens avistamos mais estátuas de samurais trajados com armadura destacando-se a maior delas, Bishamonten, considerado um deus da guerra em Rokushima Taiyoo.
Encontramos ainda uma tumba contendo os tesouros do próprio Shinpi especialmente espadas, armaduras, contas e placas.
Um ansioso Roberto Lazarento abriu a tumba e nada de anormal aconteceu no lado de dentro.
No lado de fora, no entanto, aconteceram coisas muito estranhas.
Os esqueletos explodiram em pedaços e os espíritos ficavam cada vez mais inquietos.
William conseguiu entrar em contato com um deles para saber o que estava acontecendo, mas não conseguiu nada de interessante para nossa decepção.
Resolvemos ir direto para a antiga sala do trono, baseado nas informações que Caleb conseguiu em seu contato com o daimyo.
O local não era diferente dos outros cômodos. Estava tudo destruído e as peças carcomidas pela ação do tempo.
Encontramos uma mulher vestindo uma espécie de quimono real.
Era a esposa do lorde negro falecido.
E a mãe dos quatro shujins do domínio.
* * *
Ela apresentou-se como Yagami Sato, uma das antigas sacerdotisas do templo e entendi agora o porquê do daimyo tê-la escolhido como esposa. Pela sua força e principalmente pela forma imponente com que se apresentou a nós.
William não quis saber de conversa fiada e foi direto ao assunto, perguntando a respeito da localização dos restos mortais de seu marido.
No entanto, ele começou a tossir e a sentir-se mal o bastante a ponto de desmaiar.
Pra evitar o pior, Nikolai acertou a esposa do daimyo com o cabo da espada fazendo-a desmaiar com o impacto.
Depois disso, fomos ao templo e não encontramos ninguém.
Caleb estava furioso por isso e Vareen não perdeu tempo em começar a invocação apesar dos sussurros do local.
A medida que o clérigo fazia seu trabalho, os sussurros ficaram cada vez mais fortes.
Fiquei cada vez mais tenso com o perigo iminente e ouvimos um forte estrondo vindo da entrada do templo.
As estatuas estavam vivas com suas espadas já desembainhadas e prontas para nos matar.
O que significava apenas uma coisa
Era hora de lutar.
* * *
Lutar contra estátuas gigantes fica mais complicado pelo fato do templo ter pouco espaço para manobras, mas a magia de terra de Vareen equilibrou um pouco as coisas, fazendo uma das estátuas cair.
Nikolai e Caleb aproveitaram a deixa para jogar suas granadas na estátua fazendo-a explodir em pedaços.
Desviamos dos estilhaços, mas William foi atingido no ombro e teve que esforçar-se para não cair.
A segunda estátua foi mais rápida do que eu esperava e acabei errando por muito meu disparo de rifle.
Os dois barovianos e Strahd tentaram seu ataque triplo que havia dado tão certo na luta contra os golens na ilha de Meredoth, mas dessa vez a carga não funcionou e os três foram jogados longe com o impacto.
Com isso, Vareen novamente usou sua magia de terra fazendo a segunda estátua trincar e cair não sem antes arremessar a lança para cima e ordená-la a empalar o paladino, que escapou do golpe a tempo com uma milagrosa esquiva.
Enquanto o combate ocorria, no lado de fora o tempo estava se fechando e senti um arrepio na espinha como se fossemos atacados pelos próprios deuses.
Vareen tinha destruído a segunda estátua já enfraquecida pelas flechadas que Nikolai havia dado.
De repente, um relâmpago atinge Caleb e quase o mata.
Logo apareceu o responsável por esse ataque: um demônio vermelho de forma imponente e pavorosa chamado de housoushi.
Nikolai não pensou duas vezes e o atacou, causando grande dano e fazendo a diferença na luta.
Vi um fato curioso quando o baroviano o atacou.
O demônio simplesmente o ignorou concentrando todos seus ataques em Caleb e mandando seus “companheiros” fazer o mesmo com o paladino como punição por seu “crime” de blasfemar deuses.
Era a nossa chance de acabar com eles e tínhamos que agir rápido.
Antes que Caleb fosse massacrado.
* * *
O paladino conseguiu se esquivar do primeiro ataque do demônio, mas foi derrubado na segunda investida por um forte golpe.
Vareen mandou um raio no peito do monstro fazendo-o recuar e Nikolai atirou suas flechas nos demônios menores, matando-os instantaneamente.
O demônio enfureceu-se e atacou Vareen que usou sua magia blink para escapar. Caleb aproveitou-se da distração e atacou as pernas do demônio com sua espada com este logo sentindo o golpe.
Nikolai usou então suas últimas flechas no demônio e então ouvimos outro forte estrondo.
O guardião do lugar apareceu.
Era um tengu que olhou firmemente para Caleb com a intenção de matá-lo.
Mas, ao invés disso, ele guardou as espadas e decidiu ouvir o que Caleb tinha a dizer em sua defesa contra a acusação de blasfêmia.
Ele disse que não queria fazer mal a nenhum dos deuses e desejava apenas levar o daimyo ao seu local de descanso.
Isso parece ter convencido o tengu a aceitar o argumento de Caleb, mas que ele teria que pagar um alto preço por isso.
E o preço era a perda temporária de seus poderes.
Para a maioria dos clérigos, paladinos e magos, a perda de seus poderes os torna tão inúteis como um brinquedo quebrado. (Se Vareen ou William lerem isso, certamente ficarão furiosos comigo, mas é verdade mesmo.).
Mas não Caleb que considerava seus poderes mais um estorvo do que uma vantagem.
Ele estava sorrindo.
Porque finalmente realizaria seu sonho de tornar-se um guerreiro.
Como seu ídolo Albert Walker.
* * *
Depois de reencontrarmos Yagami Sato, que havia se recuperado do ataque de Nikolai, ela fez a cerimônia do enterro definitivo de seu marido e pediu desculpas por tudo que ela havia feito conosco.
Saímos do templo e William usou sua neblina para transportarmos rumo a noroeste onde se localiza o Monte Gélido.
E também rumo ao Castelo Shiro Koori, onde Shinpi Yami segue como único obstáculo entre a paz e a nossa ida para casa.
Era entregar o selo a ele, voltar para Yoosai Kurai e aguardar a tão sonhada reunião para trazer a paz a um domínio tão devastado pela guerra.
Acredito que demos o primeiro passo para atingir o objetivo quando enterramos o antigo daimyo, mas o caminho é longo e difícil.
Sem falar que o tempo estava se esgotando rapidamente para nós.