Promessa por um fio
"Acorde, bastardo, abra seus olhos!"
Jean recebe um balde de água, ou algo molhado no rosto. Não era água, não pura, cheirava mal, urina, coisa podre.
Você deu sorte, infiel. - O velho magro de nariz comprido falava, sibilando.
"Você fala minha língua?"
Pftchuu - cuspiu o velho suado. A masmorra era abafada, e os gemidos e gritos que se ouviam abafavam parte dos resmungos. - Fui mercador. Aprendi francês, inglês, alemão, latim, russo, e o que mais fosse preciso para negociar. Mas vocês tiveram a brilhante ideia de fazerem essa tremenda asneira, Guerra Santa. Haa, santa o caramba, (perdão grande e único profeta), vocês são cães raivosos. Você só não morreu porque o capitão ficou curioso com você.
Porque ele ficou curioso? Pergunta Jean, surpreso.
Ora, quando os rapineiros começaram a te espancar, você não reagia, apenas berrava: maldito padre Ruen, maldita igreja católica, maldito Jesus Cristo. - comenta o verdugo. - e, para sua sorte, ou azar, o capitão Mussafa escutou e ficou curioso. Na verdade, ele queria levá-lo aos aposentos dele e lá te perguntar as razões. Mas vieram ordens para que, primeiro, eu garantisse que você não pudesse mentir para ele. Hahahaha, hahahaha.
E o verdugo começou a chicotear as costas de Jean, até que tudo ficasse novamente escuro, ele fosse acordado mais duas vezes, e desmaiasse outras duas. Se ele sobrevivesse àquela noite, na manhã seguinte ele conseguiria falar com o capitão.
A noite seria longa.
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