Conquista da lua

Marcelo fui um brilhante aluno de Física. Com os conhecimentos adquiridos no último ano do curso ginasial e se preparava para estudar a profissão de Físico e ser um grande professor na faculdade, juntamente com os poucos amigos que tinha, assistia brilhantemente à chegada do homem à lua. Era frio e na casa do vizinho, várias pessoas assistiam e até o padeiro resolveu levar o balaio de quitanda para vender. Era muita gente.

Quando a grande frase foi dita, “ um pequeno passo para o homem, mas um passo enorme para a humanidade”, Marcelo bateu palmas, pulou de alegria e sentiu-se muito realizado, pois sempre estudou muito o mundo astronômico e era fascinado com a Teoria da Relatividade. No pensamento, ele estava feliz. Faria um bom curso e se tornaria um excelente físico. Com os conhecimentos adquiridos e a vontade de ser alguém, poderia ser contratado para trabalhar na NASA e, quem sabe, ser até diretor de missões espaciais no futuro. Foi festa para todo lado. Alguns diziam ser verdade, outros duvidavam. Alguns diziam que o homem estava conquistando segredos ainda não revelados. Surgiu até uma briga entre dois indivíduos de ideias divergentes, mas foi separada e tudo voltou ao normal.

Após uma semana da chegada do homem à lua, na escola, Marcelo sempre discutiu com os professores. Era muito esforçado e tinha uma enorme capacidade de pensar. Bolou fórmulas matemáticas, fez vários cálculos e sempre dizia que era muito fácil chegar a outros planetas. Discutiu com o professor de Geografia, com o professor de Inglês e até mesmo com a diretora. Era muito fácil, dizia ele muito confiante.

O tempo foi passando e na terceira semana, Marcelo teve um audacioso plano. Reuniu-se com os dois amigos mais chegados, de nome Marcos e Paulinho. Tinha a menina Camila, que ele dizia ser a namorada. Somente ele sabia disto, porém ela corria dele. Marcou uma reunião com eles na manhã do próximo sábado. Pediu que ninguém faltasse, porque o assunto era de suma importância.

A semana foi passando e os planos de Marcelo estavam a cada dia mais fortes. Na escola, não falava nada com os alunos, mas, em um caderno a parte, estava cheio de desenhos, de cálculos, de fórmulas matemáticas e físicas. Até parte de biologia estava escrito.

Conforme previsto, na manhã fria de sábado, Marcelo foi à casa de cada um dos amigos e os chamou. Um deles demorou, mas logo veio meio sonolento e disse que estava com dor de barriga. Imediatamente, Marcelo lhe trouxe umas folhas da planta denominada Marcella, que é ótima para dor de barriga. Ele descobriu isto lendo os livros de medicina caseira. Colocou ainda um pouco de limão e casca dele próprio. Falou que demoraria umas duas a três horas para sarar. Com os amigos já reunidos e Camila, meio desconfiada da reunião, eles foram para o fundo do quintal da casa. Arranjaram-se como puderam e Marcelo tirou de dentro de uma pasta um monte de papel. Deveria ter mais ou menos umas cinquenta folhas. Todas estavam desenhadas e com vários cálculos. Assim ele disse:

- Amigos. O homem foi à lua no mês passado. É fácil e durante as semanas anteriores, eu calculei e descobri a fórmula fantástica de podermos ir lá também. Não é difícil, mas temos que ter o trabalho de todo mundo aqui presente. Vocês são os meus melhores amigos e os escolhi para compartilhar comigo esta conquista. Vou precisar do trabalho de todos para construirmos a nave que nos levará até lá.

- Imagine sermos os primeiros brasileiros, ou melhor, as primeiras crianças a chegarem à lua?

- Isto não vai dar certo, retrucava a menina Camila.

- Vai, insistia Marcelo. Os meus cálculos não estão errados. Até a semana que vem a nave deverá estar pronta. Vou providenciar tudo e espero contar com ajuda de todos.

- O centro de treinamento será no quintal de minha casa. Lá é espaçoso e não tem ninguém para nos incomodar. Meu pai está para a roça e minha mãe mais fica na casa de minha avó, pois ela está doente e necessita de cuidados. Somente vai em casa para fazer o almoço para mim, lavar algumas roupas e para dormir. Tudo vai ficar tranquilo, eu lhes garanto.

No rosto de Marcelo resplandecia o gosto pela ideia. Imagine ele, dentro de si, com uma verdadeira conquista: serem eles os primeiros brasileiros a irem à lua, com todo o projeto dele, as fórmulas, os cálculos e todo aparato. Sorria feliz internamente e se mostrava feliz para com seus amigos.

Durante toda a semana, após as atividades escolares, eles se reuniam na casa de Marcelo e do quintal construíram uma engenhoca mais parecida como a do projeto Apolo. Duas semanas e na terceira semana já estava toda construída. Assim que estava pronta, Marcelo lembrou de que maneira ela sairia do chão. Não tinha combustível suficiente, mas a brilhante ideia passou-lhe pela mente:

- Segundo as leis da física, terei que ter um empuxo muito grande, pois a gravidade não me deixa ir. Já tive a ideia, de acordo com o projeto.

- Deste lado, colocarei cinco litros de gasolina e do outro lado, pelo menos uns dois quilos de pólvora. Quando entrarem em combustão, eles me darão a aceleração suficiente para sair do chão. As placas lá em cima, após a cabine, terão um conceito melhor, pois elas serão alimentadas pela luz solar e me darão energia suficiente para carregar as duas baterias. Terei, pois, energia e aceleração para sair.

Chegando perto dos amigos, logo explicou todos os detalhes. Cada um compra uma grande quantidade de bombinhas e tiraremos as pólvoras até que deem dois quilos. Pedirei dinheiro emprestado para minha avó e comprarei a gasolina. Vou pedir para o Paulo, que é de maior, para comprá-la no posto, pois para criança eles não vendem.

Tudo isto foi planejado e executado. Eles carregaram o compartimento de pólvora, arrumaram o tanque do combustível. Pelo projeto de Marcelo, estava tudo certo e marcaram a data do lançamento. Foram atrás do fotógrafo da cidade e pediram para ele fotografar. Os pais iam pagá-lo, pois seria uma aventura esperada por todos. Queriam que a televisão viesse, mas eles não tinham dinheiro para a vinda dela.

Marcaram o grande dia. Os colegas da escola vieram todos, mas sem os pais. O fotógrafo não veio, pois achou que era brincadeira das crianças e não deu atenção devida ao fato.

Assim que a mãe de Marcelo foi para a casa da mãe dela, Marcelo chamou os amigos para o lançamento.

Camila chorou de emoção ao ver a obra pronta. Não quis ir, mas ficou prestando muita atenção.

Marcelo colocou uma roupa nova. Pegou o chapéu do pai e arrumou outros chapéus para os dois colegas. Todos estavam alegres. Foram aplaudidos pelos colegas. Sendo Marcelo um bom orador, ele subiu em uma cadeira e fez um discurso, que se resumiu no seguinte:

- Meus amigos. Hoje é um dia muito especial. Nós, eu, Marcos e Paulinho, seremos os primeiros brasileiros a pisar na lua. Vamos mais rápidos que os astronautas da Apolo. Vamos chegar lá, buscar pedras e terra. Seremos vistos pela história como os brasileiros, ou seja, como as crianças brasileiras de alto nível intelectual a pisarem na lua. Seremos heróis.

Todos foram aplaudidos. Muitas palmas chamaram a atenção de um médico que morava nos fundos da casa de Marcelo. Ficou ele na janela ouvindo o barulho das crianças e pensava que era festa de final de ano.

Com honras, Marcelo, Marcos e Paulinho subiram nas escadas e sentaram-se. Pediu que Felipe acendesse o pavio e pediu para que os outros se afastassem. O momento foi de muita emoção, pois três crianças brasileiras seriam as primeiras a pousarem na lua. Seriam recebidas pelo presidente da república, pelos jornalistas, pela televisão e o mundo todo estaria nos pés.

Marcelo, sentado no lugar, disse:

- Contagem regressiva.

Todos os que estavam ali presentes disseram:

- Dez, nove, oito, sete ...

Quando chegou no zero, Felipe, com uma grande tocha nas mãos, acendeu o pavio. Não deu outra. Foi um verdadeiro estrondo e saíram todos pelos ares. Um caiu no pé de manga, o outro, dentro do chiqueiro, outro, ficou preso na árvore de manga. Uma grande lavareda cobriu tudo o que ali estava. As crianças correram e muitas choravam. O médico, que morava nos fundos, chamou outros que ali passaram e socorreram todos.

Os três, já no hospital, quando acordaram e viram o médico e os enfermeiros perto deles, disseram todos juntos:

- A lua tem vida. Fomos raptados e estamos refém deles.

Tomaram todos uma grande surra e, hoje, ficaram assim definidos: Marcos foi ser engenheiro agrônomo e mais tarde possuía quatro fazendas; Paulinho foi para uma companhia aérea e hoje voa para o exterior; Marcos foi ser jornalista e hoje cobre todas as missões da NASA.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 21/07/2019
Código do texto: T6701133
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.