Defesa conjunta

[Continuação de "A Morte Vem do Alto"]

Um campo suficientemente plano, nos arredores de Brest, havia sido utilizado como pista de pouso pelos supostos DC-3 da Pan Am, todos devidamente tripulados por aeronautas soviéticos. Uma fazenda próxima havia sido contatada para fornecer apoio logístico, e os russos não pareciam preocupados com a possibilidade de não conseguirem combustível de aviação nas redondezas, visto que haviam decolado de Bucareste com tanque cheio, reabastecido na Ucrânia, e deveriam repetir a mesma manobra na volta, embora um voo direto para Bucareste ainda fosse teoricamente possível.

Tendo avisado previamente as autoridades locais por rádio antes do pouso, o capitão Valentin Proca organizou o desembarque, e ao ser informado da aproximação de um grupo de viaturas polonesas camufladas, ordenou que as tropas entrassem em formação, com a equipe médica e as tripulações soviéticas compondo um grupo à parte. Finalmente, um Polski Fiat 508, de carroceria aberta, conduzindo o general Konstanty Plisowski e seu motorista, parou à frente da guarnição valaquiana, seguido por meia dúzia de caminhões de transporte de tropas Polski Fiat 618. O general desembarcou e os dois comandantes trocaram continências.

- Capitão Valentin Proca, do 1º Regimento dos Dragões da Valáquia, apresentando-se em cumprimento ao Tratado de Defesa Conjunta! - Declarou o capitão, em polonês.

- Bem-vindo seja, capitão Proca! - Replicou o general, expressão satisfeita. - A princípio, fiquei intrigado pelo fato de terem preferido vir para Brest... e em aviões comerciais dos EUA. Mas, imagino que isso faça parte do seu planejamento estratégico.

- Certamente, general Plisowski - assentiu Proca. - Nosso comandante, o general Tugurlan, enviou-nos para fazer o reconhecimento do terreno... e também para prestar socorro médico aos refugiados que devem estar chegando à sua cidade. Poderemos transportar aqueles que necessitem de maiores cuidados para a Valáquia, onde nossos hospitais já estão de prontidão para recepcioná-los.

- Devo admitir que essa sua descrição me fez pensar numa missão de misericórdia - ponderou o general, com ar pensativo. - Mas não estou em posição de recusar nenhuma ajuda, mesmo que seja para auxiliar os refugiados... e sim, eles estão chegando em grande número.

Fez um gesto para os caminhões de transporte de tropas.

- Estes caminhões e os motoristas ficarão à sua disposição. Há uma pequena fortaleza desativada, próxima à estrada de acesso à Terespol, que poderão utilizar como base de operações. Depois que se instalarem, gostaria de lhes oferecer um almoço de boas-vindas na Fortaleza de Brest, que estava sendo usada como paiol, mas que tivemos que reativar em face da invasão nazista.

- Será uma grande honra, general. Certamente que aceitaremos seu gentil convite.

- O qual também é extensível às tripulações americanas - acrescentou Plisowski.

- Lamento, general - redarguiu Proca. - Eles não virão conosco; a Pan Am lhes deu ordens para que permanecessem acampados próximos às aeronaves... podem precisar partir a qualquer momento.

- Bem... é uma pena - disse o general, sem disfarçar a decepção. - Não é sempre que temos aeronautas americanos em solo polonês...

- É possível também que a presença deles numa instalação militar polonesa, possa criar um incidente diplomático entre a Alemanha Nazista e os EUA - acrescentou Proca.

- Sim... de fato - admitiu o general. - Nas atuais circunstâncias, não posso censurá-los por não querer contato conosco...

E, ao lado de Proca, foi passar em revista as tropas valaquianas.

[Continua]

- [16-07-2019]