Mar Noturno - Parte VI - Os Mistérios da Ilha de Graben

Assim que avistamos a ilha de Graben, a tripulação ficou bastante alvoroçada e o capitão Garvin teve que ser bem mais enérgico do que de costume para acalmá-los.

Também pudera, uma forte tempestade tinha balançado o barco e achei que não aguentaríamos o tranco.

E aguentou firme o bastante para chegarmos a ilha.

Mal podíamos esperar em botar os pés em terra firme depois de muito tempo no mar Noturno.

A tempestade havia passado e o frio aumentou muito forçando-nos novamente a usar aqueles pesados sobretudos.

E só pra garantir que não tentasse fugir, levamos o agente da KGT conosco.

As vezes, me dava vontade de meter uma bala na cabeça daquele filho da puta, mas Vareen e Caleb me convenceram que ele era mais útil vivo.

O clérigo usou seus poderes para detectar alguma magia nas redondezas e nada de anormal aconteceu.

No caminho encontramos três pessoas que nos recepcionaram de uma forma muito fria, com o perdão do trocadilho.

Notei que William estava muito pálido e achei que desmaiaria ali mesmo morrendo congelado.

No entanto, ele havia descoberto o que aconteceu com estas pessoas e o porquê de uma recepção tão indiferente conosco.

Estavam mortos há tempos.

E precisavam de um enterro digno.

William fez questão de encarregar-se do enterro.

* * *

Em Graben, havia apenas três lugares para ir: a prefeitura, o porto e a mansão Graben.

Caleb sugeriu que fossemos a prefeitura. Achei plausível o plano do paladino pelo fato da prefeitura ser o melhor lugar para ir naquele momento.

Assim que chegamos, os guardas nos pararam e ameaçaram nos expulsar de lá, mas aquietaram-se assim que Vareen ameaçou usar seus relâmpagos se não deixassem ver o prefeito Thomas Petersen.

Chegando ao gabinete do prefeito, Nikolai usou novamente seu olho vermelho e descobrimos que ele também recebia os cadáveres transportados pelo capitão Garvin e ajudava a selecionar os melhores corpos para os experimentos de Meredoth.

Para o porto não podíamos ir devido a forte nevasca.

Então só havia apenas um lugar para ir.

A mansão Graben.

* * *

No caminho, encontramos William que já tinha feito seu ritual de exorcizar os espíritos antes de enterrar os mortos nos dizendo que eles já estavam em paz.

Um problema a menos para nós.

Contudo, Vareen detectou uma estranha energia vinda da costa e aquilo nos alarmou.

Caleb sugeriu falar com os membros da família Graben que provavelmente estariam por trás do plano de desovar os cadáveres imperfeitos.

Pelas informações que conseguimos, havia ainda vivos seis membros da família e Marino Graben era seu patriarca.

Ao chegarmos á entrada da mansão, o fiel mordomo Linus nos deixou entrar.

A mansão não era nada de espetacular. Era pequena e alguns corredores eram um pouco estreitos.

A nossa frente havia um enorme retrato do patriarca com os outros membros da família, sinal de que houve tempos felizes neste lugar tão inóspito e sufocante.

Percebi que William novamente estava inquieto e temi que ele desmaiasse de novo.

O motivo era óbvio.

Nosso homem finalmente apareceu.

E aumentou a esperança de desvendar o mistério dos cadáveres o mais depressa possível.

* * *

Ele se identificou como Marcus Graben, um dos descendentes dos fundadores da ilha.

Pouco conseguimos dele a não ser que a ilha foi pacificada após 10 anos e que Meredoth fez seus experimentos com o próprio povo, jogando os que não serviam para o mar.

Nikolai não conseguiu influenciar Marcus Graben com seu olho vermelho, mas Vareen resolveu a situação com bom tato.

Marcus falou dos “povos bárbaros” da ilha vizinha de Knemmen que atacam no inverno acrescentando que o próprio Thomas Petersen é um descendente destes mesmos nativos.

Descobrimos também que Meredoth morava na ilha de Todstein onde lá o inverno é rigoroso o tempo inteiro.

William continuava inquieto e perguntei a ele o que se passava.

Pegou-me pela manga e falou que Marcus não respirava.

Se não fosse pela incrível habilidade de Vareen em negociação, a situação seria crítica para nós.

A família toda apareceu para nos agradecer e prometeram nos ajudar, a medida do possível, em nossa empreitada.

Em troca, deixamos o agente da KGT aos cuidados deles.

Assim que saímos da mansão, Vareen relatou rapidamente a respeito deles confirmando o que William já suspeitava.

Toda a família era composta de mortos-vivos e provavelmente servos de Meredoth.

Mas ainda havia algo a desvendar em um local onde Vareen detectou vida.

Os campos de pedra na costa de Graben.

* * *

Ao chegarmos lá, encontramos uma estátua gigante de um grande pescador tombada de lado.

Encontramos ainda estranhos símbolos em uma das redes de pesca e uma corneta.

Vareen e Caleb usaram seus poderes e descobriram energias nos túmulos abaixo que vieram tanto de magia religiosa como de magia negra.

O nosso grupo tem um problema incorrigível: a curiosidade extrema.

E em algumas situações, esse problema fica mais nítido.

Nikolai cavou uma das tumbas em busca de pistas e no processo todas as outras tumbas se abriram.

E nove esqueletos gigantes chamados barghers surgiram armados de machados prontos pra nos trucidar.

Isso é o que acontece quando profanamos o túmulo de alguém perturbando seu sono eterno.

Era hora de lutar.

* * *

Felizmente, nosso grupo é bem calejado em batalhas e posso dizer que essa luta contra os esqueletos gigantes foi relativamente tranquila.

Usei meu velho e bom rifle para abater um deles e Vareen usou o poder do relâmpago abatendo o segundo esqueleto e despedaçando outros dois.

Caleb, por sua vez, arrancou o braço de outro esqueleto com um golpe de espada e Nikolai estraçalhou o esqueleto a sua frente com um golpe de sua chaskar.

Os outros três esqueletos partiram pra cima de nós com nossos machados obcecados em acabar conosco e cometeram o erro fatal de ignorar William.

Ele aproveitou isso para usar sua poderosa magia clerical dizimando não só os três esqueletos que o ignoraram, mas também todo o restante deles dando-nos uma fácil vitória.

Enquanto recuperávamos nossas forças, Vareen investigou a estátua detectando energia nela.

Provavelmente esse lugar foi um local de sacrifício e essas magias foram usadas várias vezes em rituais macabros.

A nossa investigação foi interrompida quando vimos alguém vindo em nossa direção.

Era uma garota que aparentava ter 17 anos e estava com uma rede de pesca na mão parecendo uma daquelas maltrapilhas que vi tantas vezes em Dementlieu.

Ela se identificou como Skab, a filha do sacerdote e para nossa surpresa, se ofereceu para nos guiar rumo ao vilarejo dos pescadores.

E lá fomos nós em busca de mais informações para resolver esse mistério.

Bem como de ouvir o outro lado da história.

* * *

Depois de uma curta e agradável viagem, chegamos a vila de pescadores onde fomos recebidos pelo sacerdote e por um jovem rapaz que se identificou como Torstein Graben.

A primeira vista, ele parecia normal como nós e isso se confirmou.

Ele nos explicou que era um artista notável bem como um grande cientista e que diferentemente dos outros membros da família, não aceitou o acordo com Meredoth e fugiu com o livro da família chamado Grimório das Raízes da Vida cujos segredos salvaram-no de um cruel destino de se tornar uma espécie de zumbi “pensante” que chamam de Lebentod.

Disse ainda que os outros trabalham para Meredoth nas minas de carvão e ouro da família.

Baseado nas informações de Torstein, traçamos nosso plano de ação onde Skab poderia nos ajudar.

O plano era simples. Iríamos a Todstein, lar do lorde negro, acabaríamos com ele de uma vez por todas e libertaríamos os espíritos presos nos corpos reanimados por ele.

Juntamos tudo o precisamos para nossa empreitada mais perigosa até agora.

Empreitada essa que não sabemos onde isso levará.

Durante a visita ao outro núcleo, li aquele livro onde conta as aventuras de Rashid e seu grupo e num dos trechos tinha uma frase escrita em uma língua desconhecida que impressionou-me.

Alea jacta est.

Não sei muito bem o que isso significa, mas só sei de uma coisa.

Nossa hora finalmente havia chegado.

MarioGayer
Enviado por MarioGayer em 20/06/2019
Código do texto: T6677470
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