1106 - KOROWAI - 6A.parte
KOROWAI
6ª. PARTE
O Coronel Sandoval era o encarregado de transmitir o progresso da expedição e receber informações e instruções. Durante todo o tempo, ele manteve, através da Internet e também pelo rádio, contato com o departamento da UNESCO, patrocinadora da expedição e que os monitorava. E também com o encarregado dos veículos, na chapada de onde os expedicionários subiram, á pé, até onde encontrassem um local para acampar, pois estariam já em terras dos temíveis Korowais.
A madrugada estava gelada, com névoa densa sobre todo o acampamento. Ao encerrar a conversa pelo rádio, ele saiu de sua barraca e entrou na barraca onde estavam Susana, ladeada por Nelson, Arlete, Miriam e Galeano, vigilantes atentos, preocupados com a recuperação da líder da expedição.
— Chegaram notícias e instruções. Boas notícias e más notícias. Quais vocês querem ouvir primeiro?
E sem esperar resposta dos companheiros surpresos, disse:
— A boa notícia é que a doutora Susana será transportada, de helicóptero, para Port Moresby, onde terá melhores condições de se recuperar.
Uma pausa para observar os olhares sem emoção dos companheiros e companheiras. Prosseguiu:
— As más notícias. O helicóptero só pode descer em Papua Fairpoint, no local onde deixamos os caminhões e jipes. Lá tem espaço para descer. E só chegará amanhã por volta das 13 horas.
Nova pausa. O coronel parecia estar falando com seus subordinados, totalmente alheio ao cansaço de todos.
— A expedição deve retornar. Não acha recomendável outra tentativa de contato.
— Mas... — começou a falar o doutor Nelson, que apesar do cansaço, ali estava firme, sem dormir há muito tempo e esgotado pelas desventuras das últimas horas.
— E o senhor, doutor, Nelson, será o chefe da expedição.
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Por sugestão do próprio coronel Sandoval a expedição foi desmembrada, destinando-se cinco membros - incluindo-se dois carregadores – que levaria a doutora Susana com mais presteza ao local Papua Fairpont, onde estavam os veículos e onde o descampado permitiria as manobras do helicóptero: doutora Arlete, doutor Galeano, Kevin, o fotógrafo da National Geografic e dois carregadores.
Uma maca foi elaborada, bem abrigada do sol, dos mosquitos, do vento e das intempéries ocasionais. Nela foi acomodada a doutora Susana, amarrada à altura do abdome e nos tornozelos, a fim de que o copo se mantivesse firme nos percursos de descida íngreme. Galeano e Kevin se revezavam com os carregadores, e os ajudavam nas descidas mais íngremes. Doutora Sílvia levava água e medicamentos e um caldo quente numa garrafa térmica para ministrar à paciente quando ela desejasse, o que aconteceu diversas vezes durante o percurso.
Saíram bem de manhã, quando o sol lançava os primeiros raios no horizonte. Caminharam com vigor e cuidado, e o trajeto, que na subid afora feito em cinco horas, abreviou-se para duas horas e pouco. Assim, ás nove horas já estavam na vila de Fairpoint.
Colocaram a maca abrigada no alpendre rústico da casa de Paal-Guan, o homem que ficara encarregado da guarda dos caminhões. Susana parecia estar bem, pedia água constantemente e do caldo da térmica.
E assim viram a chegada do helicóptero, que desceu no pequeno campo plano defronte à vila. Rapidamente Susana foi transferida para outra maca, a do helicóptero.
—Só podemos levar um acompanhante, e no caso que seja médico ou médica. — disse o copiloto do aparelho.
Todos se voltaram para Arlete, que vinha acompanhando a doutora Susana desde o seu resgate da “casa” do chefe Rangu-Kavan.
O helicóptero levantou vou e rapidamente sumiu no horizonte de arvores.
Kevin não cessou um só momento de manejar sua poderosa Cannon, tudo documentando para a National Geografic.
ANTONIO ROQUE GOBBO
Belo Horizonte, 11 de janeiro de 2018
Conto # 1106 da SÉRIE INFINITAS HISTÓRIAS
Capitulo 6 da Série “Korowai”