Mar Noturno - Parte I - Rumo a Sithicus
Assim que a reunião terminou, nós nos despedimos e cada um dos membros da Sociedade Van Richten voltaram para suas buscas pessoais.
Aidan voltou para Blackburns Crossing e nós seguimos para Sithicus onde lá encontramos um velho conhecido nosso que abriu aquele sorriso quando nos viu.
Era Lucianinho.
Mas não era mais o mesmo garoto mendigo que encontramos a dois anos atrás.
Estava feliz por dois motivos: entrou para a guarda de Steadwall depois de destacar-se em diversos combates e tornou-se noivo de uma elfa chamada Enja onde a conheceu em uma dessas missões.
Falou que seu casamento será no final do ano e fez questão de nos convidar para o matrimônio agradecendo-nos por ajuda-lo a se regenerar.
Dá pra se dizer que Vareen tem jeito pra bancar a fada-madrinha, só não precisava exagerar com aquele choque elétrico que quase matou o rapaz.
Mas nem mesmo eu imaginaria que não seria a última vez que aquele clérigo usaria seus raios para resolver um momento crítico.
Que quase levou ao fracasso de nossa missão.
* * *
Ao chegarmos a Sithicus, achei que os elfos fossem jogar objetos ou simplesmente xingar-nos com palavrões obscenos.
A culpa dessa atitude agressiva dos elfos era nossa porque os tratamos da mesma forma quando nos visitam.
Passamos pela avenida dos ramos verdes e encontramos Gaudrin, o líder dessa comunidade falando a respeito dos tempos como comandante da fortaleza secreta de Vedragaard.
O local fica próximo de um pequeno riacho e havia na comunidade certas casas construídas estilo tenda oriental.
Gaudrin tinha uma imponência que nos impressionou e, após Vareen ativar a pedra de Rosetta dada pelo doutor Max, ficamos sabendo um pouco mais do líder dessa comunidade élfica.
Ele tinha uma filha chamada Ilfa, considerada uma das elfas mais bonitas do local, que era motivo de orgulho pra ele.
Levou-nos a um lugar bem mais reservado para continuar nossa conversação.
Sua casa.
Que não era um mero casebre.
Era uma autêntica fortaleza como todo bom comandante que se preza deve ter.
* * *
Na entrada, vimos soldados fortemente armados e alguns empregados com variadas funções.
Um deles olhou feio pra nós e já se preparava para atirar um balde de água suja em nós quando Gaudrin, apenas com um olhar duro, o obrigou a parar.
O que chamou minha atenção na fortaleza foram os livros na estante que falavam sobre guerras e táticas militares e o retrato de família que mostra um elfo fardado com postura tão imponente como Gaudrin.
É bem provável que seja o pai ou até mesmo o avô dele.
Ao chegarmos no gabinete de Gaudrin, fomos bem tratados pelos empregados e notei que uma das serventes mostrou interesse especial por Nikolai.
Pode-se dizer que aquele baroviano safado era sem dúvida, o terror dos maridos. Impressionante o quanto as mulheres são atraídas por ele, talvez por seu carisma ou por suas incríveis habilidades de “cavalgada”, se é que aquele que ler este diário vai entender estes termos.
Vareen perguntou a Gaudrin a respeito da magia arcana dos elfos mostrando preocupação com a reação dos mordentinos que relaciona a esse tipo de magia.
Enquanto olhávamos admirados com a casa sendo construída com rapidez impressionante, Gaudrin nos falou sobre seu filho Derron que viu seu amigo sentir-se mal e cuspir fogo entre outros casos estranhos ocorridos em Sithicus.
Falou ainda sobre os Filhos e Filhas do Mar que existem em boa quantidade em Sithicus onde inclusive alguns eram instrutores com aptidão incrível na água como, entre outras habilidades, virar pedra em barro.
Assim que mencionamos o Mar Noturno, notei que Gaudrin ficou sem reação como se tivesse receio de alguma coisa terrível.
Duri logo o acalmou com um pouco de água e Vareen sugeriu que eu ficasse junto de Gaudrin enquanto que ele e Caleb seguiriam sua investigação falando com os outros elfos bem como tranquilizá-los a respeito do que houve com Gaudrin.
Já Nikolai resolveu, digamos, ter uma conversa mais reservada com Duri que se lembrava dos sombrios tempos que Sithicus atravessava devido as sequelas da guerra entre Gundarak e Baróvia e sonhava com a paz entre elfos e humanos.
Mas eu sabia que as conversas do baroviano com as mulheres na maioria das vezes acabavam na cama.
Enquanto tudo isso ocorria, a minha conversa com Gaudrin foi bastante interessante. Ele me tranquilizou a respeito das relações entre Dementlieu e Sithicus e falou na busca por tempos de paz nessa época tão caótica que atravessamos.
Gaudrin alertou-me para tomar cuidado com os traidores internos e eu jurei em nome do lorde Dominic que os elfos serão bem tratados em Dementlieu.
Havia um problema, no entanto: aquele crápula do Leclerc.
Ele odiava elfos e não hesitaria em exterminá-los se uma guerra ocorresse entre os dois domínios.
Mas acredito firmemente que o lorde Dominic sabe o que está fazendo ao manter Leclerc em sua alça de mira.
* * *
Depois de sairmos da fortaleza de Gaudrin, fiquei sabendo por Caleb e Vareen que os Filhos e Filhas do Mar vieram de outro local pelo fato de Sithicus não ter saída para o mar.
Já era duas da tarde e nossos estômagos estavam ávidos por comida.
Nikolai estava alegre demais quando distribuiu o almoço para nós e caímos na risada quando o baroviano disse que colocou Strahd de vigia na porta para garantir que ninguém perturbasse sua “cavalgada” com Duri e contou suas novas histórias amorosas com um sorriso no rosto.
Fiquei feliz por Nikolai ter voltado a ser o que era antes do trauma que sofreu em Forlorn.
Vareen, por sua vez, escreveu uma carta formal ao governador George Weathermay e aos doutores Max e Van Richten informando sobre a atual situação.
Na parte noroeste, ouvimos um galope ligeiro enquanto Vareen entregava sua carta a um mensageiro elfo.
Era William.
E estava com uma carta de Giovanni Attore em suas mãos.
Onde dizia que seus espiões haviam conseguido importantes informações nos bares do porto de Mordent e que estava nos esperando no Banco Mercante.
Era hora de voltar a Mordent.
E fazer o que mais aprecio.
Espionar.