O silêncio e a Liberdade - parte I

Parte I

Num mundo onde nossos valores individuais mudam a cada instante, são poucos aqueles que resistem com o tempo e o avanço da tecnologia.

A paciência de uma longa viagem se tornou uma frustração por poucos minutos de atraso num voo indo de um lugar para outro do mundo. Onde a resposta era esperada ansiosamente, não apenas vista instantaneamente como se fosse apenas mais uma em seu novo smartphone.

Valores estão sendo substituídos por simples tecnologias que oferecem a seus usuários resolver seus problemas com mais rapidez e segurança. Dizem que até te dão um conforto a mais em suas vidas, que hoje não vive mais sem elas. Será mesmo?

Alguns seres poderosos que sabem muito mais que os simples e metidos humanos acham que não. Que o caminho para um bem-estar mais profundo está muito além do que criamos ou fazemos. Poucos sábios têm em suas mentes os verdadeiros segredos do Universo dentro de si, claro que são poucos e sábios, visto que o aprofundamento do seu 'Eu Interior' é algo raro e praticamente impossível de se conquistar.

A grande maioria se concentra apenas em suas vidas e não dão espaço para algo maior, algo que vai além do que enxerga com seus olhos. Os cinco sentidos que conhecemos são poucos e falhos. Temos muito mais a oferecer que um simples toque ou ouvir algo sem sentido, a visão é uma das que mais lhe enganam.

Para os olhos dos que estão há muito mais tempo vivendo na terra, somos apenas crianças tentando andar, estamos longe de sermos corpos conscientes de nossos atos. Ainda estamos engatinhando em muitos aspectos. Nossos sentimentos e emoções ainda estão confusos. É bem improvável encontrar o silêncio e achar um bom senso numa multidão e mais raro ainda é aquele que diz que é livre por completo, que sua mente percorre junto com o vento da liberdade a imensidão da sabedoria. Existem certos tipos de pessoas que estão em extinção, ou que deveriam ter nascido em outra época.

Então eis que está chegando o momento que muitos historiadores diziam que ia chegar. A destruição do planeta já causou danos demais a nossa terra. Desastres naturais começaram a surgir onde não havia nenhuma hipótese de isso acontecer. Como que os cientistas que sabem tudo não previram isso? Hein?

Porque é impossível! Manifestações vindas da própria terra agora são constantes. Pessoas em vez de ficarem calmas, buscarem soluções simples, como ir tentar negociar com árvores e rios, fazem o contrário disso, atacam a si mesmas e junto vão as florestas, águas e céus, todos estão acabando numa rapidez incontrolável.

Ou nós escolhemos o caminho da sobriedade, da paz com o mundo em que vivemos e que alguns ainda o cultivam e o amam muito. Ou nosso futuro será o de um povo frio e sem sentimento algum. Se alguns deles nos abandonarem, seremos mais parecidos com máquinas do que com pessoas de verdade. Difícil encontrar o meio termo, o equilíbrio no meio desta balburdia que nos encontramos. Cultive bons valores e verás que aliados poderosos estarão ao seu lado. Faça o mal e sentirá na pele o que eles são capazes de fazer com você.

A maioria da população mundial está concentrada nos grandes centros das gigantes metrópoles espalhadas ao redor da terra. Pessoas buscam por sucesso, reconhecimento, riquezas materiais e felicidades passageiras. São poucos os momentos que não há ruídos e barulhos ao seu redor. São nestes poucos espaços de tempo que ele aparece. - O Silêncio -

Avançando noite adentro ele flui onde o ar para, os homens dormem e os animais se recolhem. Não tem forma nem vive em lugar nenhum. Silêncio está em todos os lugares, ou pelo menos deveria estar. Hoje está em extinção, mesmo com seu grande poder. Silêncio está insatisfeito com o rumo que as coisas caminham. Apenas os sábios de lugares isolados o cultivam e o respeitam como nos tempos de outrora. Alguns jovens nunca o experimentaram, não sabem o que perdem, pois se está junto a ele você terá benefícios que irão além de sua compreensão.

E assim como silêncio, outras forças perdem espaço num mundo cultivado por vivências fúteis e momentâneas. Enormes construções são erguidas todos os dias, não para chegar perto do céu e admirá-lo, sim para caber mais pessoas em espaços cada vez menores.

A família busca segurança e conforto para si, o pai olha seu filho único brincando com a babá no pequeno cercado na sala, em seguida avista do alto de seu vigésimo terceiro andar um urubu que luta contra a corrente de vento lá fora. Novamente o pai olha para o filho brincando, aparentemente feliz e certamente seguro, depois volta suas pupilas para a ave que desvia das antenas do arranha-céus e com algumas manobras aéreas consegue seguir seu caminho voando abertamente no céu. O homem pensa durante alguns instantes no assunto e se sente feliz por estar onde está e ser quem ele é. Será mesmo?

Ficam satisfeitos com o que tem, acham que são ricos, mas estão cada vez mais pobres. Outra força também está triste. Estão deturpando seu significado. É ela, como a maioria das forças inexplicáveis, ela é tão antiga quanto o próprio Universo, e hoje é usada de forma errônea pelos ambiciosos humanos.

Ó Liberdade! Tu, que é desejada por muitos e conquistada por poucos!

Ela hoje pode ter vários significados, infelizmente seu ponto auge, seu apogeu, estão tão pequenos que qualquer vestígio de sua existência já transforma quem a tem, nem que seja por poucos instantes num alguém já com traços de autoconfiança, felicidade contínua e amadurecimento interno. Os que são facilmente trocados por segurança, bem-estar e conformismo como o que se tem. Se pensas que és livre, então está enganado, ela concede sua força total a poucos, e para aqueles que a conhecem num nível mais elevado são beneficiados com sensações que vão além de sua compreensão.

Pedro de Alcântara
Enviado por Pedro de Alcântara em 03/05/2019
Reeditado em 11/05/2019
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