Toda Felicidade do Mundo
Ao receber o convite para o casamento da prima que morava em uma cidade do interior de Minas, João Batista sentiu-se feliz por ela. Recordou com nostalgia o primeiro beijo. Era o início de suas adolescências e se beijavam sentindo o calor um do outro, sem entender exatamente o que estava acontecendo. Gostaram tanto e tacitamente encontravam-se às escondidas sob o porão da antiga casa de fazenda. Ambos filhos de famílias conservadoras, não receberam educação sexual. Aprenderam como todos aprendiam naquele tempo: observando os animais no cio, cães e cadelas, bois e vacas, cavalos e éguas, porcos e porcas, entre outros.
Quer dizer que Valquíria vai se casar, dizia para seus botões, enquanto observava a paisagem rural da janela do ônibus, puxa vida! Ah, se nossos pais soubessem o quanto aprontamos. O primeiro beijo a gente nunca esquece! O primeiro orgasmo também - lembrava-se esboçando um leve sorriso.
Estava tão distraído com a paisagem da janela e com os pensamentos em Valquíria, que não percebeu uma mulher sentar-se ao seu lado em uma parada. Viajava à noite, para chegar na parte da manhã ao pequeno município. Reclinou a poltrona para dormir, pois precisava chegar descansado para aproveitar o dia visitando amigos e parentes. As luzes do ônibus estavam apagadas. De repente as luzes se acenderam e ele acordou pensando ter chegado ao seu destino. Tratava-se de mais uma parada. Reparou então a mulher do lado e sorriu-lhe educadamente. Convidou-a para um lanche e ela aceitou. Conversaram sobre amenidades. Quando a viagem foi retomada, mal as luzes foram apagadas, João enfiou a mão entre as coxas da companheira de viagem, que ficou quieta. Deslizou a mão até a calcinha, após umedecer a ponta do indicador com saliva e masturbou-a com delicadeza. Enquanto ela respirava com sofreguidão, puxou a mão dela até seu pênis e ela também o masturbou. Beijaram-se e se agarraram e só se soltaram, quando se aproximavam da cidade, com o dia despontando. Ela ajeitou os cabelos com as pontas dos dedos, abotoou a blusa. Ao chegarem, cada um tomou seu rumo. Nunca mais se viram.
Chegou à casa de Valquíria. Ela não se encontrava, preparava-se para o casamento à noite em uma casa especializada. Como estava muito cansado, caiu na cama e dormiu. Foi Valquíria quem o acordou para o almoço. Abraçaram-se e sorriram. Valquíria estava feliz, amava o noivo. João desejou-lhe felicidades.
A igreja estava lotada. Foi uma cerimônia belíssima. Ele conduziu Valquíria e a entregou ao futuro marido, pois ela era órfã há cerca de dois anos e meio. Sentiu-se honrado em substituir o pai. À noite teve baile, comida e bebida com fartura. Os noivos viajaram para a luz de mel em Poços de Caldas. Tudo por conta de João Batista.
Voltou à Capital no dia seguinte, recordando a infância e a adolescência vivida com a prima. Desejou-lhe toda felicidade do mundo.