A Lei é Dura
Não era uma mulher bonita, mas tinha lá o seu charme, além do mais, cercada dos perigos, que excitavam João Batista: era casada com um policial. João quase enlouqueceu. Foi precavido, sondou o terreno, avaliou os prós, mais os prós, e os contras. Para ele, policial e bandido não tinha diferença: se vacilar, vai comer capim pela raiz.
Vira Neuza algumas vezes, "a mulher da bunda grande e seios fartos" como gostava de chamá-la, fazendo compras no supermercado do bairro, tendo, inclusive se aproximado dela com uma conversa mole.
Finalmente encontrou uma alternativa razoável: apresentar-se ao casal como profissional de serviços gerais, marido de aluguel.
Improvisou um uniforme, confeccionou um crachá, muniu-se de uma caixa de ferramentas e tocou o interfone. O policial, vestido apenas com um short apertado, um cara e-nor-me, abriu a porta:
- Pois não!
- Sou profissional autônomo, conserto fogões, geladeira, chuveiro, ferro de passar (disse ferro de passar com ar irônico), tomadas com defeito e até gatos se o freguês se responsabilizar, porque sabe, a lei é dura...
- Fique tranquilo, respondeu o policial, não estou de serviço, mas você chegou em boa hora. Acabei de tomar banho frio, pois o chuveiro pifou. Eu vou colocar a farda e aí sim, estarei de serviço, para correr atrás de vagabundo. Faça o conserto, combina com Neuza.
Tirou as ferramentas, cutucou aqui e ali, ganhou tempo. Quando Claudionor saiu, o serviço estava pronto: era apenas um fio solto. Ao tentar seduzir Neuza, foi colocado para fora da casa aos socos e coronhadas de um revólver.
- Desgraçado, porco-chauvinista, não preciso de homem para me defender. E se dê por satisfeito de eu não contar ao Claudionor, idiota.