A Mulher do Patrão
Não passava pela cabeça de João Batista, caso se casasse um dia, receberia o troco. Mas ele não pensava em se casar, talvez devido a um processo complexo de consciência. O fato: não resistia em assediar mulheres casadas, em especial as carentes. "Esses maridos que não dão assistência às suas mulheres, merecem", pensava.
Também podia ser considerado um irresponsável, juntamente com algumas destas, que o recebiam sem se incomodarem com a ausência de preservativos. Quanto à beleza, não se incomodava. "A beleza de uma mulher está na alma", era o seu bordão.
Durante um tempo, trabalhou em uma grande empresa metalúrgica como torneiro mecânico. Uma mulher bonita fez uma visita à fábrica, acompanhada por seguranças. Ao vê-lo sujo de graxa torneando uma peça, parou curiosa. Perguntou-lhe sobre o funcionamento da mesma. Pacientemente, após retirar a máscara e os óculos de segurança, explicou detalhadamente para a bela loura de olhos azuis e pele hidratada, como se manuseia um torno. Foi ao notar a aliança e-nor-me nos dedos da madame, que ele arriscou:
- Posso lhe telefonar? Ela forneceu-lhe um cartão com o número do celular.
Uma semana depois ela o pegou em um carro luxuoso, em local seguro, e foram ao um motel distante da capital. No sétimo encontro, João e a Madame encontraram-se pela última vez. João se demitiu, profundamente feliz por ter trepado com a mulher do patrão, e triste por ter sido dispensado por ela.