JACOB E MARTA

Jacob após alguns anos na direção do Seminário Menino de Nazaré, um dia fora chamado para uma reunião reservada com seu superior para tratar de sua viagem ao continente africano nos primeiros dias do ano que se aproximava. Esta viagem fizera parte de suas intenções desde os tempos de noviço em sua cidade natal, porém não tinha ideia de quando poderia realizar esta empreitada. Desde quando iniciara sua alfabetização e tivera contato com os livros de história acerca deste continente despertara em si uma vontade imensa de um dia visitar aquele povo sofrido, “sem cultura”, conforme chegavam as informações aos seus ouvidos. Quando soubera da intenção de seu superior propor esta viagem, Jacob entrara num frenesi descomunal. Sua atenção voltara somente para este mister, todos os compromissos para o próximo ano foram cancelados, pois sua mente voltara-se para os preparativos.

Finalmente chegara o grande dia da viagem. Malas prontas, passaporte nas mãos, despedida de seus familiares e colegas de Seminário, Jacob ruma para o aeroporto num misto de felicidade e ansiedade, ao fazer o check-in percebe que estava adiantado em relação ao horário do voo. Aproveita o tempo de sobra para tomar um café, passa na banca, compra o jornal afim de saber as notícias do dia, pois nem tivera tempo de acompanhar o telejornal matutino.

Finalmente assentado em sua poltrona, respira, se acalma iniciando uma breve oração em agradecimento a esta oportunidade como também rogando paz a todos que estavam naquela aeronave em especial aos pilotos para que o voo tivesse sucesso até o seu destino. Após a breve oração percebe sentada ao seu lado, uma mulher morena, bonita, vestida com um traje simples que parecia estar rezando silenciosamente, tal como ele momentos antes. Não desejando atrapalhar a moça, toma de sua pasta seu livro preferido abrindo aleatoriamente no Livro de Salmos (31, 3-4) “Sejas uma rocha firme para mim, uma fortaleza que me salva. Porque tu és, para mim, rochedo e fortaleza, e por isso teu nome há de me guiar e conduzir”. Em seguida fecha o livro iniciando uma reflexão acerca do conteúdo lido. Sem que esperasse, a moça ao lado inicia uma conversação amistosa.

- Olá tudo bem? Percebi que estavas lendo nosso livro sagrado, aliás este livro dos salmos é bem interessante, vez ou outra leio este salmo para fortalecer minha fé.

- Eu também costumo ler este salmo, na verdade é o meu predileto. Me sinto renovado ao refleti-lo. Ainda não nos apresentamos, eu sou Jacob reitor do Seminário Menino de Nazaré e você é mesmo....?

- Eu sou Marta, religiosa da irmandade Servas do Bom Jesus de Nazaré. Estou indo visitar nossa nova casa na Costa do Marfim, pretendo ficar algum tempo afim de conhecer melhor a história daquele povo.

- Interessante...Eu também estou indo para este país visitar nossa casa que no momento está passando por dificuldades financeiras e administrativas. Como reitor do Seminário, meu superior indicou-me para assumir momentaneamente a direção desta casa, vamos ver o que podemos fazer. Creio que minha estadia não será curta. Após resolver os problemas internos desejo conhecer melhor este país como também alguns outros desta África negra. Nesta primeira semana devo ter muitos trabalhos à fazer para que consiga colocar “ordem na casa”, mas na semana que vem podemos nos encontrar para trocarmos ideia de nossas impressões “impactantes” o que acha, irmã Marta?

- Me parece uma boa ideia, afinal estaremos entre “estranhos” não é mesmo? Melhor dizendo, as irmãs da nossa casa só falam o francês, uma ou outra arranha no inglês, porém português nadica de nada. Pelo menos terei como conversar em português com alguém, não acha? Apesar de que eu arranho um pouco o inglês e o francês, não se compara em dialogarmos em nosso idioma pátrio.

- Com certeza. Eu modéstia à parte me dou bem no inglês e no francês, o que facilitou minha vinda para cá. Tome o meu cartão, nele está o número do telefone da nossa casa como também do meu WhatsApp.

- Obrigado. Também tenho cartão de visita, não é privilégio somente teu, sabia? Tome, também está o número de nossa central telefônica como também do meu WhatsApp. Por favor quando ligar para nossa casa, fale em francês, pois pelo que sei a irmã que atende o telefone é do interior portanto fala somente francês e um dialeto muito usado em sua aldeia de origem.

- Sem problemas. Já que falastes nesta irmã quero conhece-la afim de me inteirar acerca de sua cultura. Este também é um dos motivos de minha visita à este continente, conhecer as várias culturas existentes.

- Estamos chegando ao aeroporto, vamos nos preparar para a descida. Tu vais tomar um táxi ou alguém está a te esperar?

- Tem alguém me esperando no aeroporto. Se quiser uma carona te levo até o local.

- Não obrigado, também alguém me espera. Podemos deixar encaminhado nosso primeiro encontro em terras africanas.

Após o desembarque ambos seguiram para os seus destinos com a promessa de se reencontrarem na semana seguinte ou quando Jacob sentisse desobrigado de seus compromissos mais prementes. Porém ao chegar em seu destino após as devidas apresentações, Jacob percebe ser necessário mais que uma semana para colocar a casa em “ordem”. Requisita ao vice-reitor um irmão de confiança para poder ajuda-lo em suas tarefas, sendo atendido seu pedido, inicia de imediato o levantamento de dados para laudo pericial à que foi designado. O encargo exigira de Jacob muitas horas de trabalho facultando à ele pouco tempo de descanso causando um início de estresse provocando insônia. Nestas noites mal dormidas vinham em seu pensamento a figura de Marta entremeados de heresia e luxúria. Aquela situação deixara-o confuso com um misto de prazer e sacrilégio, pois sentira-se um profanador dos princípios éticos, morais e religiosos que tanto defendera em sua caminhada até então. Questionamentos surgem a cada dia que passa, levando-o à refletir acerca de sua fé, seus ideais, suas expectativas perante a vida, seu futuro, suas crenças. Requisita uma semana de folga para que possa descansar do estresse, sendo atendido resolve viajar por algumas cidades próximas afim de conhecer melhor o dia-a-dia daquele povo.

Chegando a uma cidade próxima resolve fazer um tour por seus bairros e ruas sem compromisso de horário e resultados. Entra numa cafeteria, escolhe uma mesa do canto onde a vista pudesse alcançar a bela paisagem exterior que se fazia apresentar a sua frente. Ficara fascinado. Enquanto sorvia uma xícara de café, perdera-se em devaneios acerca de suas noites de insônia. Diante de tais circunstâncias e reflexões profundas determina para si mesmo procurar Marta para uma conversa aberta a respeito de tudo que estava ocorrendo. No retorno ao seu destino pensava como iniciar este diálogo, afinal ambos eram religiosos, conheceram-se no avião, tempo insuficiente para tais sentimentos. Ele deveria estar louco, alucinado pelo estresse, era a única resposta que encontrara para justificar o que estava ocorrendo.

No dia seguinte entra em contato com Marta afim de se encontrarem num restaurante da cidade para um almoço. Marta no outro lado da linha fica eufórica com o convite, porém naqueles dias seguintes tinha compromissos inadiáveis, somente o final de semana estaria livre para eventos sociais. Resolvem marcar para sábado o almoço num restaurante que ela conhecera na semana anterior, quando lá reunira-se a direção da casa juntamente com alguns beneméritos numa confraternização mensal. Confirmada a data , Jacob acertara que pegaria Marta em seu endereço, afinal ela é quem conhecia o local e o mosteiro ficava no meio do caminho.

Sábado, 11:30 horas Jacob estaciona o carro em frente ao Mosteiro afim de pegar Marta. Durante a espera tivera a oportunidade de conhecer a irmã telefonista de quem Marta lhe falara. Desenvolveram uma amistosa conversa com a promessa de outro dia continuarem o assunto iniciado. Houvera uma química entre ambos o que fizera Jacob entusiasta para novos encontros. Finalmente chega Marta vestida com uma calça jeans, uma bata africana calçando uma sandália simples. Jacob ao vê-la vestida de uma forma casual se encanta momentaneamente, porem a sua razão o trás para a realidade fazendo-o trata-la com respeito e muita polidez, vendo diante de si uma religiosa tanto quanto ele, um religioso. Ela com seu sorriso agradece a gentileza entrando no carro rumando-os para o restaurante. Chegando ao restaurante, Marta escolhe uma mesa no salão menor onde havia um número pequeno de clientes, afim de poderem conversar sem interferência do alto som advindo do salão principal. Escolhido o cardápio, uma taça de vinhos para ambos...

- Como tem sido teus dias nesta cidade, já deu para conhece-la em sua totalidade?

- Nem a metade. Sabes que esta cidade para os padrões africanos não é das menores, além disto tenho muito trabalho a realizar nos bastidores. Como bem vistes só hoje é que eu consegui me livrar dos afazeres na casa. Pelos meus cálculos minha estadia vai exigir mais dias do que imaginava. Ontem mesmo passei um e-mail para o Brasil informando à minha superiora ser necessário mais uma ou duas semanas do que havíamos previsto. O adiamento do meu retorno foi aceito por ela, afinal ela deseja que eu faça meu trabalho com maestria, sem pressa mas com muita responsabilidade. Te digo as palavras dela me deram ânimo e coragem para continuar a fazer com mais vontade, afinal o resultado de tudo isto vai contribuir com o crescimento e modernidade de nossas casas ao redor do mundo. Me sinto grata à Deus por esta oportunidade de me colocar à disposição deste trabalho, a confiança de minha superiora como também a cooperação de toda a fraternidade. E tu como andas? Trabalhando muito? Resolvendo problemas internos, etc e tal...?

- Na verdade não imaginava que os problemas a serem resolvidos tomassem esta proporção no entanto estou preparado para o desafio, diga-se de passagem, não é pequeno não. Mas nada que não se possa resolver quando se tem fé, vontade e capacidade, sem falsa modéstia. Diante de um estresse inesperado, devido horas excessivas de trabalho, solicitei ao meu superior uma semana de descanso, fui prontamente atendido. Nestes dias aproveito para me desconectar dos problemas. Saio a passear pela cidade, pelos bairros, em outras cidades próximas já estive conhecendo. Na quinta-feira fui numa cidadezinha próxima daqui e me encantei com ela. Não é grande mas também não é uma vila. Entrei na cafeteria para beber um café, fiquei numa mesa bem no canto onde pude acompanhar o vai-e-vem das pessoas na rua, na praça. Deleitei-me toda a tarde com a rotina daquele povo. Percebi um senhor sentado no banco da praça gesticulando para todos os lados como se estivesse discutindo com alguém, mas ele estava só não havia mais ninguém ao seu lado. Aquela cena despertou-me certa curiosidade então perguntei ao garçom o que tudo aquilo significava, ele me responde: “Este senhor no passado fora um grande político respeitado por toda a comunidade. Sempre estivera ao lado do povo, defendendo seus direitos como também cobrando seus deveres. Algumas pessoas com problemas financeiros, pessoais recorriam à ele para dirimir suas dores, e ele resolvia se não todos mas quase todos, afinal ele não era um mágico. Num momento de sua vida entra em atrito com uma pessoa influente de sua comunidade e esta dissemina uma onda de mentiras a seu respeito colocando em xeque sua integridade ética e moral perante a opinião pública. A maior injustiça feita à este homem do bem fez com que aqueles que o haviam ajudados voltarem-se contra ele, rejeitando-o. O coitado sentindo-se desamparado, sem perspectiva se vê um exilado dentro de sua própria comunidade. Resultado da ópera: o homem pirou, passa o dia todo neste banco discursando aos ventos. Há quem diga que parte da comunidade hoje se arrepende em ver aquele a quem tanto defendera nesta situação humilhante, percebem como foram manipulados. Então eu pergunto: porque não o ouviram quando o mesmo negava todas as mentiras? O estrago está feito não tendo como consertá-lo. Meu amigo, esta é a triste história deste homem inocente”.

- Que história horrível deste homem. Quantas injustiças acontecem diariamente e nem percebemos que em algumas ocasiões somos cúmplices dos dissabores alheios. Eu mesma já passei por situações onde senti-me desamparada e vítima de fofocas alheias, graças a Deus que tive discernimento e coragem para enfrentar com galhardia. Na verdade todos nós temos um pouco de santo e de pecador, concordas? Tenho como princípio de que reside em nosso interior um lobo bom e outro lobo mal, dependendo de quem ser melhor alimentado se sobressaíra.

- Concordo contigo, é a mais pura verdade.

- Porque ficastes rubro quando falei termos um pouco de santo e outro pecador?

- Rubro eu? Estás equivocada. Porque iria eu ficar rubro com tua fala?

- Não sei porque, mas penso ter algo dentro de ti que precisa ser falado, ser socializado...

- Não me sinto preparado mesmo porque não somos tão íntimos a ponto de abrir minha caixa de Pandora.

- Nesta caixa de Pandora existe algum segredo ou pecado grave que não possas externar neste momento? Necessitas de um confessor? Posso te apresentar ao confessor da nossa casa...

- Ok. Vou tentar abri-la, mas não cobre pelas consequências.

- Nossa que mistério é este, Jacob. Já sei, estás pensando em renunciar à vida religiosa porém não sabes como abrir o jogo com teu superior.

- Nada disso. Me acompanhas em mais uma taça de vinho?

- Sim, claro. Vamos repetir a dose...

- Este vinho é muito bom. Seu aroma, seu sabor. O almoço está uma delícia, concordas?

- Concordo sim, porém discordo desta tua embustice. Fala logo o que se passa contigo, Jacob. Não deixe para amanhã o que pode ser feito hoje.

- Por favor só me escute até terminar o que tenho a dizer. Falei anteriormente que me sentia estressado por isto resolvi folgar por uma semana. Este estresse tem me provocado insônias. Nas noites mal dormidas vem a minha mente a imagem da tua pessoa num misto de prazer, luxúria, desejos que tem me deixado confuso. Hora me vejo um pecador, desleal com meus princípios éticos, religiosos, hora me sinto desejoso de tê-la junto de mim. Desculpe falar às claras o que está acontecendo comigo. Antes de sermos religiosos somos pessoas normais com sentimentos, carências. Evidente que nós por opção, aprendemos ou pensamos que aprendemos a controlar nossos instintos “animalescos” porém a vida sempre está a nos pregar uma peça, qualquer vacilo nos perdemos de nossos propósitos. Esta situação me tem tirado do sério, quem sabe após nossa conversa as coisas se modifiquem? Quem sabe é somente uma necessidade de colocar para ti meus devaneios e com esta confissão me sinta bem melhor? Não sei é tudo muito confuso para mim. Nunca vivenciei uma experiencia desta. Me perdoe se estou sendo injusto e desonesto com teus princípios.

- Bem é uma surpresa para mim. Não me sinto ofendida, afinal somos humanos como bem dissestes. Ninguém está livre de uma pegadinha desta que a vida nos apresenta. Seria hipocrisia de minha parte contestar tudo isto e te taxar como um desvairado, sem escrúpulos, falso profeta, nada disto. É bem verdade que te achei um homem atraente sim, sou mulher antes de mais nada. És simpático, inteligente e respeitoso. Não tive devaneios acerca de tua pessoa, com certeza, porém acho salutar colocar todo teu sentimento. Pode ser um pouco do estresse como falastes antes, no entanto existe algo dentro de ti que é verdadeiro e isto deves valorizar sim. Não vejo a possibilidade de existir um relacionamento mais profundo entre nós devido nossas escolhas que por ora se faz relevante no meu caminhar. Nada impede de nos conhecer melhor, trocar ideias, maturar nossa amizade, pois afinal nosso futuro à Deus pertence, porém as escolhas são de nossa responsabilidade. Apesar do meu compromisso com a igreja e minha comunidade me sinto lisonjeada pelos teus sentimentos. Vamos nos encontrar mais vezes, seja na igreja, na comunidade, no restaurante, em festas, é uma forma de não sentirmos sós nesta terra distante. Nossa casa está com um projeto inter-religioso com outras comunidades religiosas. Que tal participarmos juntos? Nossos propósitos como membros da igreja são semelhantes. Tens bagagem intelectual para um diálogo aberto, respeitoso, pode dar certo. Outras irmãs se interessaram, o Bispo da Diocese, o líder islâmico como também líderes de outras comunidades cristãs juntamente com dois líderes das religiões nativas.

- Vou sim, quero participar deste grupo me propondo a oficializar um culto ecumênico com os demais líderes religiosos. O mundo necessita de paz entre os povos e as religiões. Não entendo como as igrejas se brigam por poderes temporais pois seu objetivo maior é orientar seus fiéis para uma vida digna embasada nos preceitos da ética, moral e do respeito para com o outro e não agarrados nos dogmas doutrinários. Quando definirem a data do encontro me avise que lá estarei. Mais uma vez me perdoe pela indolência acerca de tua pessoa.

- Jacob não te recrimine por tais sentimentos. Não há pecado nisto. Ou pensas que nunca tive meus momentos de devaneio? Aliás quem nunca teve um dia que atire a primeira pedra. Depois desta conversa que tivemos, te digo, passai a gostar mais de ti. Quem sabe um dia...não viemos estreitar nosso laço, neste momento as coisas ficam assim. Não avancemos o sinal, sem sabermos em qual esquina dobrar se ainda não conhecemos toda a estrada a seguir. Que tal irmos embora, o pessoal já está cerrando as portas do restaurante, afinal já passam das dezesseis horas.

Após pagar a conta, Jacob fizera questão de arcar com as despesas, ambos se dirigem ao carro em direção aos seus endereços. No caminho conversam assuntos corriqueiros acompanhados de risos e fortes gargalhadas resultado do efeito que fizera as taças de vinho sorvidas num almoço compartilhado à dois permeado de diálogo, descobertas, confissões e sentimentos jamais imaginados. Ao deixar Marta em seu destino, ambos se despedem com um forte abraço e um beijo no canto dos lábios roubado por Jacob. Ela percebendo sua ousadia retribui com um beijo roubado no outro canto dos lábios deixando Jacob surpreso. Após esta atitude diz a ele estarem quites, porém não estar preparada. Jacob entende o recado, liga o carro com destino ao seu endereço com o intuito de descansar o final de semana, pois na segunda reiniciaria os trabalhos a todo vapor com suas energias renovadas...

Valmir Vilmar de Sousa (Vevê) 15/02/19

valmir de sousa
Enviado por valmir de sousa em 28/02/2019
Reeditado em 28/02/2019
Código do texto: T6586197
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