Luiz Peixoto
Luiz Peixoto
De Herculano de Lima Einloft Neto.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2019.
Luiz Peixoto vinha sempre ao mesmo bar para comprar uma garrafa d'água. Entre seus investimentos havia a propriedade de quatro quintos de uma pequena empresa de mineração no interior do Mato Grosso do Sul. Sendo consultor financeiro, um dia no bar recebeu um telefonema de seu correspondente na MSP-Escavações. A empresa era mesmo pequena, mas haviam descoberto algo que fazia questão que Luiz Peixoto visse pessoalmente. Não queria dar mais informações pelo telefone, mas adiantou que garantia ser do interesse do patrão.
Morando no Rio de Janeiro, Peixoto não tinha vontade de ir visitar as instalações da sua empreitada escavadora, mas achou por bem fazer uma visita ao menos, já que não estivera lá em três anos de atividade. Em cinco dias, feitos os preparativos, embarcou em um avião para Campo Grande. Tomou o ônibus para o distrito onde se realizavam as escavações, e veio ter finalmente com João Marques, responsável pelas mesmas, em uma equipe permanente de dez pessoas. Feitos os cumprimentos de praxe, em breve foram ter em uma das fossas de mineração, onde Marques conduziu Peixoto a um canto coberto por uma lona.
-- Deparamos com isso há uma semana, e não sabemos muito bem o que seja, mas parece algo de que se possa tirar vantagem.
Os outros dois funcionários ajudaram a retirar a lona, e um artefato de ferro foi revelado. Havia epígrafes encrustadas em latim, língua que Peixoto conhecia. Tinha um formato cilíndrico, com dois metros de comprimento e quarenta centímetros de diâmetro, e a inscrição corria por toda a extensão do cilindro.
João Marques era homem instruído e tinha uma boa noção do que aquela descoberta representava. Luiz Peixoto refletiu e se deu conta de que a história do solo nacional era mais complexa do que o que se ensinava nas escolas brasileiras. Ponderou um pouco as consequências da questão. Tinha conhecimento de inúmeros indícios arqueológicos brasileiros, os quais todos tinham sido considerados fraudes pela teoria oficial desde séculos no Brasil. Não esperava da mídia brasileira um interesse genuíno em cobrir uma tal matéria. Procurar ajuda na academia abertamente também não lhe parecia idéia segura, pois não era homem de distribuir confiança nesse mundo. Decidiu por manter a questão discretamente, a princípio entre ele e o chefe-de-obras João Marques e a equipe da MSP-E.. Tentariam estudar o assunto e ver do que se tratava. Tencionou procurar algum especialista em que pudesse confiar e que pudesse fazer render algum dinheiro ou conhecimento geral para a humanidade. Temia que fosse acusado de fraude, como em outros casos do passado de que soubera.
O exterior do cilindro era de ferro maciço, o que já denotava uma grande importância dada a quantidade de metal, caso tivesse uma origem na civilização Romana da antiguidade.
Luiz Peixoto passou então a estudar todos os relatos conhecidos ou apócrifos a respeito de uma antiguidade desconhecida no Brasil. Travou maior conhecimento com a obra de Ludwig Schwennhagen, Antiga História do Brasil, e das putativas atividades de mineração do povo fenício em nosso solo. Em uma semana se decidiu por dar crédito a esses relatos, e vislumbrou de fato a possibilidade de que uma mina desconhecida do tempo fenício estivesse ainda disponível nas cercanias de seu terreno de mineração. Comunicou sua suspeita a João Marques, e combinaram escavar mais largamente todo o terreno para ver se encontravam mais artefatos. Em menos de um mês, mais cinco cilindros semelhantes foram encontrados, do que resolveram abrir um para prescrutar seu interior. O cilindro aberto por pressão revelou estar recheado de prata fundida. Chegaram à quase conclusão de que uma mina de prata se encontrava no subsolo daquela região, desconhecida do povo brasileiro. Tudo passou a ser documentado antes mesmo que a mídia fosse informada. Luiz Peixoto comandou o processo de catalogar os artefatos, os fotografar e redigiu relatórios precisos sobre as descobertas. Era uma descoberta de interesse arqueológico genuíno, e se decidiu por consciência científica, ainda que tendo em vista o valor financeiro presente dos artefatos. Publicou na interrede seus escritos, e em breve todo o mundo teve de admitir a veracidade daquela descoberta arqueológica.
Se seguiu a tomada das investigações pelo governo brasileiro, que compensou Peixoto financeiramente pela atividade mineradora e lhe permitiu seguir como proprietário do terreno às atividades de escavações arqueológicas.