"DESEJO 03"

REQUERDO

Montou a cavalo dando a volta por trás do fazendeiro e num rápido movimento laçou o pescoço de Teodoro que não teve tempo para nada, Foi puxado com violência e atirado ao chão, João tocou seu cavalo a galope pelos pastos até que não ouviu mais os gritos do homem. Desmontou e com a faca cortou a garganta de Teodoro, que nem sentiu tal fora o estrago causado pelo arrasto entre paus e pedras.

DESEJO QUEM EXPLICA.

Havia uma grande árvore de pau doil que tem muitos galhos, escolheu um mais baixo e atirou o laço que era bem comprido e passou fácil por cima do galho, feito isto Revistou o corpo e retirou a goiáca com muito dinheiro e jóias principalmente anéis de ouro com pedras caríssimas. João não poderia gastar aquela fortuna, mas a guardaria para quando o pudesse fazer. Pegou a espingarda e a munição, soltou os cavalos e esticou o laço amarrando a ponta num arbusto deixando o corpo pendurado pelo que restara do pescoço, entrou na mata e desapareceu. Vagava pela mata sem destino certo e as vezes se aproximava de alguma fazenda, para roubar milho verde e outros alimentos, mais pelo prazer de tirar alguma coisa dos fazendeiros por quem nutria um profundo ódio.

Quando Jeromi rasgou as roupas de Yasaní e cavalgou-a tentando forçá-la, sentiu uma pancada na cabeça e morreu sem saber com que sua cabeça foi aberta pela pancada. João usara um porrete de madeira dura e era utilizado à maneira de clava, assim ele deixava de usar a espingarda que denunciaria sua presença com o barulho da pólvora explodindo. João tirou o corpo de cima de Yasaní, ela não conseguia falar e só a muito custo João conseguiu conversar com ela e saber o que se passara. Também foi outro custo, convencê-la a não voltar à fazenda e esperar algum tempo. Ela acabou concordando e depois de enterrar o malfeitor antes tirando as coisas de valor que ele carregava, como: “uma garrucha, um facão, uma faca nova e as botas, também em bom estado”.

Eles se foram para uma gruta muito bem escondida e num local de difícil acesso, ali ninguém os encontraria. Aos poucos a confiança de Yasaní em João aumentou e ele apesar de achá-la bonita e estar precisando de uma fêmea, não se insinuou e respeitou a dor da nova amiga. Um dia ele contou a ela seu infortúnio e choraram juntas suas perdas. João Moreno não tinha sido marcado como escravo, e como sua pele era acobreada e os cabelos mesmo encaracolados, se lavados e penteados ficavam lisos, ninguém lhe cobraria qualquer coisa se fosse para um lugar distante. Convidou Yasaní para ir com ele, “ela” lamentou pelos filhos, mas reconheceu que mesmo em extrema pobreza, eram fortes e sobreviveriam com seus parentes. Se continuassem, a pensar que tinha morrido seria melhor.

Logo que ela desapareceu e o jagunço também, o barão conjeturou para alguns colonos ouvirem: “achei que aquela mulher estava louca, mas agora acho que ela não presta, ela sumiu e o Jeromi também, vai ver que fugiram juntos e ela nem se importou com os filhos. Mas os meninos crescerão fortes e nós cuidaremos deles”, falou como se fosse realmente capaz de ajudar alguém na vida. Os colonos comentaram entre si, mas nem acreditaram que a mulher abandonou os filhos e nem fugiria com Jeromi. Fato é que o tempo faz as pessoas esquecerem, principalmente quando se tem que cuidar da própria vida, assim em um ano quase ninguém mais comentava sobre a mulher principalmente para as crianças que já chamava quem os acolheu de pais.

João pescou e secou peixes, e também carne de cateto salgando com sal roubado em intentonas nas fazendas onde ele corria sérios riscos, mas havia perdido o medo de tudo, e se morresse para ele tanto fazia, isto antes de conhecer Yasaní, agora se julgava no dever de cuidar dela. Claro que os motivos não eram apenas estes, mas via como as mulheres escravas eram tratadas pelos amos e aprendeu a respeitar e dar valor a todas as mulheres. Quando acharam que tudo estaria perfeito, eles partiram, com ela, fazendo questão de ajudar no transporte, João sempre gentil deixou que ela ajudasse, mas acostumado à lide dura, a carga que ele transportava mesmo três vezes mais pesada que a dela não o fatigava nem quando passavam por trilha difícil. Subindo as montanhas das Minas Gerais.

Seria uma longa jornada, mas a ideia era chegarem ao nordeste onde mais de dois séculos antes, os holandeses implantaram no povo uma ideia de liberdade e onde sempre havia insurgências contra o governo. Ali poderiam viver em algum canto sem nenhum problema. Caminhar para eles tornara-se um hábito, Yasaní cada dia ficava mais linda e João não deixava de admirar a beleza loura da mulher, ela também resolveu colocar uma pedra no passado e só se lembrar dos filhos. Um dia de muito calor chegaram a uma bela cachoeira e João achou por bem descansar alguns dias, enquanto pescava mais peixes.

Ele entrava na água com uma rede feita de taquara e ela começou a ajudá-lo, seus corpos roçavam um no outro e aquilo começou a deixar João meio ensandecido e ela também estava com fome de sexo, neste mesmo dia quando tentava escalar a barranca na beirada do rio, ela escorregou e caiu de costas, João presto a agarrou e aí a razão deixou de existir, o que os guiava agora era o instinto de animais no cio. João aprendera a fazer sexo com as negras da fazenda em que vivera, e quando se juntou com Maróca vadiavam sem nenhum escrúpulo e faziam as gostosuras mais depravadas sem se sentirem culpados, as italianas eram conhecidos como grandes amantes e tinham a mesma escola de sexo que espanhóis franceses e gregos, por isto quando ela se despiu para ele e viu que João não deixou de lhe fazer as preliminares mais ousadas, ela também, apesar de não esperar dele este comportamento, correspondeu e entre caricias e beijos apaixonados foram se entregando ao prazer onde ambos davam tanto quanto recebiam cada um querendo que o outro fosse mais feliz.

Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 31/12/2018
Reeditado em 09/01/2019
Código do texto: T6539655
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