1087-KOROWAI - 3a. parte

KOROWAI - 3ª. PARTE

1ª. parte – conto 1085

2ª. parte – conto 1086

Madrugada ainda fechada e Suzana começou a se preparar para a expedição à tribo dos Korowais.

Enquanto fazia sua mochila falava baixo para suas companheiras de barraca:

— Não preciso levar muita coisa, pois pretendo voltar em dois ou três dias, no máximo.

— Não se esqueça de levar seu revólver.

— Sim. Vai bem escondido sob minha roupa. Eles não podem saber que temos armas.

A existência de armas era desconhecida dos Kurowais. Quando Djibuto chegou, a chefe fez questão de saber onde ele escondia sua arma.

— Está bem escondida, doutora, ninguém vai ver que estou armado.

O chefe indígena e dois “guarda-costas” permaneciam como três estátuas à beira da floresta, no mesmo local onde apareceram, esperando.

Quando Suzana e Djibuto se dirigiram, com as mochilas nas costas, em direção aos três, o chefe virou-se, ordenou que Suzana e Djibuto fossem atrás dele e os dois indígenas fecharam a coluna.

— Vimos com apreensão a doutora Suzana e o guia Djibuto desaparecerem na trilha, engolidos pela selva. — Disse a doutora Miriam que narrava com pormenores os acontecimentos do acampamento naquela manhã.

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Ao final do segundo dia, todos estavam já aflitos. Preocupados demais sem saber o que estaria acontecendo com a Dra. Suzana e Djibuto. Andavam de um lado a outro, conversavam em monossílabos, chegavam até a orla da floresta, olhando para dentro da mata querendo ver alguma coisa alem da densa cortina verdejante.

— Vamos esperar até amanhã. Se não chegar nenhuma notícia, vamos procurá-la. — Nervoso, sugeriu o doutor Nelson, engenheiro especialista em sobrevivência nas selvas.

— Como? Nosso guia foi com ela. —Redarguiu Antenor Pio, outro antropólogo. — Não podemos nem pensar em por um pé fora do acampamento.

Benito Alvarez, um dos dois repórteres, que não perdia oportunidade de adquirir informações e conhecimento, disse:

— Estiver conversando com um dos guias, que sabe um pouco de inglês. Ele me disse que conhece a trilha que vai daqui à aldeia.

— Você confia? — perguntou alguém.

— É a única maneira de chegar onde está a doutora Suzana.

Seguiu-se uma longa conversa sobre as possibilidades de sucesso de um grupo que fosse procurar a doutora, se o guia seria confiável, e como poderiam ser recebidos pelos Kowaris: em paz ou não. Finalmente, ficou decidido que uma missão de resgate partiria do acampamento, composta pelos antropólogos Antenor e Galeano, pelo repórter Alvarez, pelo cinegrafista Silvio, e pela médica doutora Arlete. Todos com suas armas escondidas e carregando o mínimo possível, a fim de facilitar uma possível fuga. O carregador que serviria de guia ia armado apenas com sua característica faca de fio afiadíssimo e ponta em agulha, mortal à menor manobra de defesa ou ataque.

Na madrugada de ansiedade e expectativa todos acordaram e se preparavam quando foram surpreendidos pelo grito de Nelson, sentinela daquela noite.

— Corram aqui! Me ajudem!

Apareceram logo todos, alguns meio despertos, que foram na direção de Nelson, que tentava levantar alguém do chão, na beira da mata.

— É Djibuto! Está muito ferido!

Carregaram o guia, cujo rosto e roupas estavam manchados de sangue, braços e pernas machucados e um sangramento feio do lado direito do tronco, á altura da cintura. Estava semi-inconsciente, balbuciando palavras que poucos entenderam.

O alvorecer encontrou todo o acampamento alvoroçado. A partida da missão de resgate foi tacitamente suspensa. Todos queriam saber o eu havia acontecido.

Entre limpeza das partes feridas, curativos e medicação, Djibuto contou, com dificuldade, que havia fugido ao cair da noite e que sua fuga não fora notada. Que a doutora Suzana estava viva, mas muito doente. Que a tribo era pequena, mas não soube dizer quantos eram.

E então, desmaiou de vez.

Mais que rapidamente, reuniram-se todos e decidiram que a missão deveria ter mais gente, com armas. Os três outros carregadores se voluntariaram e foram aceitos, pois sabiam manobrar suas facas e conheciam os segredos da floresta. Também a doutora Miriam e o doutor Nelson (embora tresnoitado pela vigília noturna) foram agregados ao grupo, que então ficou constituído de cinco membros da expedição (todos com armas escondidas) e três carregadores, um deles servindo de guia, e dois na retaguarda.

Aprontaram-se rapidamente. No acampamento ficaram três membros da expedição e um carregador.

— Vocês devem se revesar e ficar em vigilância o tempo todo, de dia e de noite. — foi a recomendação de Nelson, que assumiu o comando da expedição de resgate.

Puseram-se a caminho quando o sol já aquecia a selva, fazendo exalar uma forte névoa, produto da grande umidade de floresta tropical.

A Seguir – cap. 4 – final – conto #...

ANTONIO ROQUE GOBBO

Belo Horizonte, 20 de novembro 2018

CONTO # 1086 DA SÉRIE INFINITAS HISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 11/12/2018
Reeditado em 11/12/2018
Código do texto: T6524482
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