A Batalha do Castelo Forlorn - Parte IX - Batismo de Fogo
Essa batalha seria nosso verdadeiro batismo de fogo pelo fato de nenhum de nós ter tido experiência em combate.
E digo que passamos com louvor neste teste.
A primeira onda de 40 goblins veio pra cima de nós e não hesitei em mandar meus arqueiros despejarem sua chuva de flechas.
O estrago foi bem considerável e os que não foram mortos a flechadas foram atingidos pelos raios de Vareen sem piedade.
Caleb, por sua vez, já tinha derrubado e estripado alguns goblins ao lado de suas tropas.
Outra onda de goblins veio em nossa direção e uma segunda chuva de flechas caiu em cima deles sem causar um estrago tão grande.
No entanto, isso deu tempo para Vareen planejar outra manobra ousada na tentativa de pegar os goblins desprevenidos.
O plano era subir a montanha e atacá-los com pedras invocadas por ele.
Era um risco muito grande para o clérigo tentar isso porque se falhasse, ele seria um alvo fácil para os arqueiros goblins sendo cravejado por flechas de todos os lados.
Mas se desse certo, abriria o caminho para a nossa vitória.
Preocupado com isso, mandei um pequeno destacamento de arqueiros para dar cobertura a Vareen.
E infelizmente minhas preocupações tinham fundamento pois Vareen quase caiu de costas enquanto subia a montanha e não podíamos mais ajudá-lo naquele ponto.
Era por sua conta e risco.
Na ala norte, Aidan e Nikolai também faziam estragos nas fileiras dos goblins com suas tropas ganhando considerável terreno.
A terceira leva de flechas foi um sucesso e outra unidade de goblins praticamente foi estraçalhada com os poucos sobreviventes sendo chacinados pelas tropas de Caleb.
Para ser exato, oito goblins morreram pelas espadas de Caleb e seus companheiros.
Outros três goblins desgarrados tentaram atacar Caleb pelas costas, mas o velho camponês, que foi salvo pelo paladino, o protegeu matando dois deles e levando o terceiro junto com ele.
O velho morreu com um sorriso nos lábios e assim que Caleb soube disso, percebi que os goblins estavam encrencados.
Porque o paladino os mataria sem dó nem piedade.
* * *
A batalha continuava em total equilíbrio com meus arqueiros fazendo estragos nas unidades goblins.
E Caleb seguia matando e estripando e suas tropas fazendo o mesmo não dando chances dos goblins recuarem para contra-atacar.
12 deles foram mortos pelos soldados e Caleb sozinho despachou três deles com o primeiro decepado, o segundo cortado de fora a fora e o terceiro praticamente cortado ao meio.
Dava gosto de ver o paladino lutar.
E nem desconfiaria de que isso era apenas um aperitivo do que faria futuramente.
A formação inimiga começou a ceder graças aos estragos de Nikolai e seus wargs que praticamente aniquilaram a ala norte.
Enquanto isso, Vareen pulou um bocado e quase caiu de novo, mas conseguiu segurar-se pela borda e seguiu em frente.
Mais 15 goblins tombaram com a quinta onda de flechas e outros três que haviam escapado do ataque se jogaram pra cima de Caleb derrubando-o do cavalo.
Porém, o paladino deu um giro de corpo e perfurou um dos goblins de tal forma que abriu um buraco na testa,
O segundo goblin errou o ataque e Caleb esquivou-se do golpe cortando a cabeça dele no processo.
O terceiro tentou fugir, mas Caleb o cercou e o derrubou com um pontapé cortando seu braço esquerdo, sua perna direita e por fim o abdômen com direito a girar a espada pra causar ainda mais dor.
A tropa dele seguia fazendo estragos na ala central e a moral do inimigo começou a cair.
Em breve os goblins teriam mais motivos para se preocuparem.
No norte, os poucos sobreviventes da formação tentaram reagrupar-se para contra-atacar as tropas de Nikolai, mas acabaram mortos por seus próprios arqueiros.
Falando nisso, os meus me deram um tremendo susto quando seus arcos não dispararam e outra onda de goblins e wargs chegaram prontos pra trucidar os arqueiros depois de matar alguns soldados da tropa de Caleb.
Tirei minha rapieira e a espada goblin já preparado para enfrentá-los quando de repente eles inexplicavelmente recuaram correndo feito loucos.
Olhei para cima e percebi o que aconteceu.
Era Vareen.
Tinha feito sua magia.
As pedras começaram a cair.
* * *
A batalha prosseguia com ainda mais ferocidade e as pedras jogadas por Vareen nos deram uma certa vantagem que Caleb e eu aproveitamos bastante.
Meus arqueiros faziam a festa a cada chuva de flechas disparadas, matando vários goblins e neutralizando a maioria das cargas de ataque na ala central.
Na ala sul, Caleb e suas tropas seguiam fazendo estrago cortando, matando e estripando goblin após goblin.
Ainda assim, os goblins resistiam tenazmente e até mesmo fizeram um forte contra-ataque simultâneo nas três alas deixando vários mortos e com nossa formação a ponto de romper.
Para nossa sorte, os arqueiros goblins se concentraram em tentar aniquilar Vareen com suas flechas.
Um erro fatal.
Pelo fato de Vareen escapar milagrosamente das flechas sem um único arranhão.
E o clérigo caprichou nas pedras.
Eram enormes e devastadoras.
* * *
Digo que os arqueiros goblins cometeram o erro de desperdiçar flechas importantes em Vareen por que aquele feroz contra-ataque goblin causou pesadas baixas nas três alas e se eles tivessem usado a chuva de flechas, seríamos facilmente derrotados.
No entanto, as enormes pedras fizeram seu trabalho e a batalha praticamente acabou ali.
Na ala norte, os wargs haviam liquidado os últimos goblins que ainda resistiam com Nikolai coberto de sangue.
Aquilo poderia causar problemas se alguém não o acalmasse e por sorte, Vareen estava lá para resolver a situação.
Os lobos voltaram ao normal e Aidan ficou aliviado ao saber que a caçada selvagem contra ele havia terminado.
Tudo por que a maldição havia sido quebrada pela nossa vitória.
No total, foram 4500 goblins mortos em combate junto com alguns wargs.
Felicitei meus arqueiros pelo bom trabalho que fizeram e vi Caleb exausto e com os olhos vermelhos de tanto chorar.
Estava com o corpo do velho camponês nos braços e se afastou para enterrá-lo de forma digna.
Durante a celebração da vitória, o Irmão Carvalho entregou a Vareen uma faca cerimonial dizendo que era um dos instrumentos essenciais na criação do medalhão para Laurie.
Na manhã seguinte, seguimos viagem rumo ao Castelo Forlorn com Aidan juntando-se a nós.
Um lugar onde provavelmente o lorde negro de Forlorn Tristen App Blanc nos aguardaria.
Assim como o medalhão.
Mas nenhum de nós sequer imaginaria que a visita naquele castelo mudaria completamente nossas vidas para sempre.
Onde até mesmo nossa própria existência seria questionada.