A MENINA DO LIVRO DE PANO

                             
 Tudo começou quando aos dois anos de idade, sua vovó lhe deu de presente um livrinho de pano. Ele era muito colorido e a história   era muito bonita.
A partir daí, a menina deixava bonecas e outros brinquedinhos de lado e arrastava o livro para todos os lugares que ia. Nicolle memorizou a história e, fazendo de conta que lia, repetia a historinha para tias, o irmãozinho recém-nascido, para o papai e até para o cãozinho chamado Tobias.
Já no maternal, demonstrava muito interesse pelas cores, pelas histórias contadas pela professora e, mais que isso gostava de inventar suas próprias histórias, sempre recheadas de fantasia.
O chapeuzinho vermelho, ela mudou para chapeuzinho azul que não mora mais na floresta e sim em Foz do Iguaçu e é sua vizinha.
Desenhou o Saci Pererê com duas pernas. Coitadinho, como era difícil um saci andar só com uma perna. Tirou-lhe o cachimbo também, porque o fumo fazia mal para a saúde.
Assim seguiu sua vidinha cheia de curiosidades. Grandes descobertas através dos desenhos e filmes infantis que assistia. Porém o que mais a menina gostava era ler.
A vovó lia muito e sempre lhe trazia algum livro. Ela buscava livros na biblioteca da escola também, sem falar que a professora mandava sempre livros para ler em casa.
Adorava ir às feiras de livros promovidas pela Fundação Cultural e nas livrarias da cidade onde, sempre escolhia algum livro e enquanto o irmão mais novo, escolhia livros sobre heróis e dinossauros, sua preferência era por planetas, princesas e a natureza. Numa dessas Feiras, Nicolle encontrou um livro que falava sobre a criação da Itaipu Binacional e os impactos provocados com sua construção, da sua grandeza e a quantidade de água. Em destaque trazia tudo sobre as Sete Quedas e sua finalidade.
A menina leu todo o livro, buscou vídeos sobre as Sete Quedas e lamentou não ter conhecido aquela que poderia ter sido a Oitava Maravilha do Mundo, Assim como as Cataratas do Iguaçu é a Sétima.  .
A menina chorou muito e disse que não concordava com aquilo.
  Imagina! Se hoje tem energia do vento, podiam bem ter usado o vento e deixado as Sete Quedas quietinha lá.
 Mesmo ouvindo a versão dos pais sobre os benefícios que a hidrelétrica trouxe, a menina questionadora, voltou suas leituras mais para histórias e filmes que falavam sobre o meio ambiente e os cuidados que nós devemos ter com a natureza e a água.
   E tudo começou pelo seu interesse pela água tão mais interessante do que a eletricidade. Soube também que o Brasil era rico em nascentes    e que nelas há muita água disponível. As principais estão na Amazônia, a professora disse, mas em todos os estados brasileiros podem ter nascentes também e que nós precisamos cuidar delas para não faltar água.
Desde então, a menina começou a buscar nascentes. Quando iam no sitio da família logo se aproximava das margens do riacho em busca de nascentes.
Os pais riam, mas deixavam que ela fizesse suas buscas.
Nas férias de julho a família viajou para Curitiba. Lá os tios   moravam numa pequena chácara próxima à cidade. Foram os avós que colonizaram a região e preservaram o pequeno riacho e as árvores. Nunca mais saíram dali.
Quando os pais contaram sobre o interesse dela por nascentes, o tio logo falou que tinham uma nascente com água puríssima.
Durante todo tempo que esteve lá, a menina pegava sua vareta e ia para a área verde;
 Após uma semana procurando nascente e só encontrar mosquitos,a menina já estava desistindo da sua aventura.
Ali não encontrei nenhum filhote de nascente, ela repetia. Mas se tinha a nascente mãe tinha que   ter filhotes, não é?
Só na véspera de voltar para casa foi que nossa pesquisadora, já meio desiludida partiu para sua última busca. Dessa vez, ela pegou um outro caminh e  explorou cada pedacinho.
Onde encontrava pedras no terreno ela parava. Próximo a uma árvore nativa, ela sentiu a terra meio úmida. Esperançosa, se abaixa e começa a vasculhar comsua vareta, apalpou a terra e sentiu um pequeno veio d`água. Ela feliz começa a gritar:
- Papai, todo mundo corre aqui, correm.
-Que será que aconteceu? Será que viu alguma cobra? E correram   encontrá-la.
 Ela ajoelhada, apontava para o pequeno veio d`água.  Encontrei água, encontrei água,
É mesmo uma nascente! Diz o pai.
Todos aplaudiram a pequena, felizes pela descoberta.
-Viva a nova nascente. Vamos batizá-la de ‘NASCENTE NICOLLE”.
As pesquisas da pequena continuaram. No quinto ano fundamental ela juntou seus relatórios e, com incentivo de sua professora escreveu seu primeiro livrinho: AME AS NASCENTES.